Polarização: bom ou ruim?

Eleitores opinam sobre pontos negativos e positivos entre disputa de extremos no cenário federal

por: NOVO Notícias

Publicado 16 de maio de 2022 às 16:35

Fotos: Ricardo Stuckert e Agência Brasil

“Eu acho que a polarização contribui para a redução de opções. Seria bom que não tivéssemos tantos partidos e ideologias disfarçadas. Por outro lado, projetos de governos explícitos, como é nos Estados Unidos, ajudaria na hora do nosso voto”, afirma o universitário Sandro Marques. A opinião revela eleitores confusos, sem saber em quem votar, e o receio de parte da população sobre um país dividido politicamente. Após 14 anos de governos dos Partidos dos Trabalhadores e de quatro anos da atual gestão, as eleições de outubro se aproximam e o país se vê, mais uma vez, entre os extremos de direita e de esquerda.

As pesquisas eleitoras de intenções de votos à presidência da República reforçam, cada vez mais, que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ex-chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva, serão os protagonistas do pleito de 2022. Desde a redemocratização, os pleitos presidenciais têm adquirido um formato triangular, no qual três candidatos alcançaram dois dígitos na disputa eleitoral. Com a polarização que vem se consolidando e com uma terceira via que parece não decolar, as eleições deste ano estão se desenhando para uma bipolaridade na qual apenas os dois candidatos ‘principais’ saem muito na frente dos demais.

A menos de cinco meses para o primeiro turno das Eleições 2022, a reportagem do NOVO Notícias foi às ruas para ouvir a população natalense sobre o que acha do assunto. Mesmo aposentado e sem a obrigatoriedade constitucional de votar, Júlio Júnior, de 78 anos, conta que faz questão de exercer o seu direito de votar, mas que a polarização não é novidade. “Isso [polarização] sempre existiu na política. Nós, mais antigos, nos lembramos da época em que aqui no nosso Estado, a disputa era muito acirrada. Aluízio Alves contra Dinarte Mariz, por exemplo. Eram opositores ferrenhos e seus eleitores pareciam rivais, tipo torcedor de futebol. Parece que, por um período, a política esfriou e a população deixou de se importar. Mas de uns anos pra cá, isso voltou com tudo. Não acho que seja prejudicial. Basta que haja respeito”, afirmou o aposentado.

Para o servidor público Eduardo Gomes, o bom senso deveria prevalecer. “Para tudo na vida, é preciso equilíbrio, cautela, respeito e educação. Na política não deveria ser diferente, mas infelizmente, não é isso que vemos. O cenário que temos é de profundo desrespeito e zero debate de ideias. É muito triste que tenhamos apenas dois candidatos que polarizam, que são radicais e que levam seus seguidores a fazer o mesmo. E mais triste ainda é ver esse cenário estagnado, sem outro nome aparecer para tentar melhorar um pouco o nível desse pleito”, opinou.

Já a dona de casa Maria José Costa diz não se importar com a disputa extremista. “Por mais que a gente não queira se interessar, a política está em tudo. Mas é tanta desgraça e coisa errada que a gente vê nesse meio que nem me dá vontade de procurar entender. Então, deixo esse povo que briga por político – e eles também – pra lá. Se quiserem brigar, que briguem”, diz.

Pensamento divergente da dona de casa tem o estudante Leandro Silva, que vai votar pela primeira vez e está preocupado com o cenário que há por vir. “Eu sempre me interessei por política, desde criança. Gostava de perguntar e de entender. Participava de manifestações de rua com os meus pais, inclusive. Sobre a polarização, eu acho que pode prejudicar sim. Acredito que todos nós temos o direito de manifestar a nossa opinião, mas essa liberdade de expressão não nos dá o direito de agredir outra pessoa. Ainda faltam alguns meses para as eleições e já temos visto muitas coisas preocupantes. Espero que as coisas não piorem até outubro”, espera Leonardo.

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