Kleyton e Cleo, uma história de dedicação e apoio de um pai à filha atleta e promessa do futebol feminino potiguar - Foto: Juliana Manzano

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História Pai, incentivador e fã: história de paternidade e de amor ao futebol

Kleyton e Cleo, uma história de dedicação e apoio de um pai à filha atleta e promessa do futebol feminino potiguar

por: NOVO Notícias

Publicado 12 de agosto de 2024 às 16:00

Kleyton e Cleo, uma história de dedicação e apoio de um pai à filha atleta e promessa do futebol feminino potiguar – Foto: Juliana Manzano

Aos 18 anos, o jovem Kleyton Marçal nem se imaginava como pai. Mas quis o destino que, ainda no final de sua adolescência, a pequena Cleo viesse ao mundo para ensiná-lo o real sentido da paternidade. Ele, que um dia sonhou em ser jogador de futebol, mas se tornou engenheiro, ao ser pai de uma menina, não fazia ideia que a sua paixão por bola seria também a dela.

Cleo Oliveira, hoje com 14 anos, é uma promessa do futebol feminino potiguar. Ela conta que começou a admirar o esporte ao ver, desde pequena o pai jogar bola, e acompanhá-lo aos jogos. “Eu via ele jogando e queria ser igual a ele. Ele era goleiro, e eu também queria ser goleira. No começo, não foi fácil porque eu era pequena, menina, e os meninos não tocavam a bola para mim. Mas eu gostava de jogar e queria ser como meu pai. Ele sempre me incentivou, mas no fim, percebi que não tinha vocação para ser goleira. Hoje, jogo como meia”, conta a atleta.

Kleyton diz que, desde cedo, ela já demonstrava jeito com a bola. “Enquanto eu tava jogando com meus amigos, ela ficava brincando com a bola junto com os outros filhos. E todo mundo comentava que ela tinha essa intimidade com a bola. Um dia, perguntei a ela se queria jogar, mas na época ela fazia balé e não gostava. Ela dizia que ficava apenas rodando como um pião”, lembra o pai.

Sem escolinha de futebol feminino no estado até então, o pai precisou apelar para a amizade com um técnico para poder matricular a filha nas aulas. Aos 7 anos, ela começou a treinar oficialmente. O time era masculino e tinha apenas Cleo entre os meninos. E lá, já no início, ela começou a chamar atenção das escolas participando de jogos amistosos e até já alguns campeonatos.

Por volta dos 10 anos, o Paris Saint-Germain abriu uma escolinha de futebol em Natal e fez uma peneira para selecionar novos atletas. Cleo foi uma das meninas selecionadas, conquistou uma bolsa e passou, finalmente, a jogar em um time feminino. “Mas ainda somos poucas. Então, acaba que sempre nosso time feminino joga com os meninos”, completa Cleo.

Com “pés no chão”, Kleyton ressalta que admira o talento e o amor da filha pelo futebol, mas que busca fazer com que ela equilibre a rotina de treinos, de estudo e o lazer. “Jogar futebol é o sonho dela e eu, como pai, é claro que vou incentivar. Mas quero que ela continue se divertindo ao jogar, até porque, ela leva o futebol a sério, mas ao mesmo tempo, o esporte é uma brincadeira. Vejo muitos pais que acabam pressionando demais e as crianças perdem o prazer pelo esporte. É um sonho que temos que alimentar, mas não podemos deixá-las perder a infância.

O ser criança, o ser adolescente, são fases importantes e que precisam ser vividas. Eu também sempre digo a ela que sua única obrigação é estudar. Quanto ao futebol, ela que escolhe onde e quando quer jogar. Ela precisa se divertir, e se em algum momento deixar de ser divertido, não faz mais sentido. Mas estudar, isso não tem escolha”, garante o pai orgulhoso.

Viver do esporte não é fácil. E essa realidade também é sempre lembrada pelo pai a Cleo. “Se ela quiser ser jogadora de futebol, eu apoio, seja como hobby ou profissionalmente. Mas sabemos que a vida no esporte não é fácil, especialmente para mulheres. Eu sempre mostro a realidade para ela. Por exemplo, a Rebeca Andrade ganhou ouro na ginástica, mas enfrentou três lesões graves no joelho. A parte que ninguém vê é essa: os treinos solitários, as lesões, a falta de incentivo. Então, eu digo a ela que precisamos estar preparados para tudo”, afirma o pai, acrescentando que seu maior desejo é vê-la realizando o seu sonho: “quem sabe daqui a oito anos ela não realiza o sonho de estar representando o Brasil nas Olimpíadas?”, completa.

Além do PSG, onde ainda atua, a jovem atleta também compete pelo colégio em que estuda, o Expansivo, e é aluna bolsista justamente por conta do esporte. Em algumas oportunidades, Cleo também treina com as atletas do Sociedade Esportiva União, time profissional de futebol feminino no RN. Além dos treinos de futebol e das aulas na escola regular, onde cursa o 9º ano do Ensino Fundamental II, a atleta faz preparação física, musculação e tem acompanhamento nutricional. “Estou começando a me preparar profissionalmente”, diz a jovem que tem sua esperança mantida ao ver jogadoras potiguares, como Antonia e Priscila, chegarem à seleção brasileira com máximo aproveitamento.

Questionado sobre como vê a performance da menina durante os treinos com atletas mais velhas, o pai diz que “a parte física ainda não acompanha tanto, mas a técnica é muito boa e as outras jogadoras já a conhecem, gostam dela e dão espaço para ela jogar, o que é muito bom”.

Além de ter o pai como inspiração, Cleo também tem em Kleyton o seu maior incentivador e fã. “Eu sempre me inspirei nele. Minha família, especialmente, minha avó, queria que eu fizesse balé. Mas eu queria jogar futebol como ele. Hoje, ela já viu que realmente essa é minha vocação e passou a aceitar. Mas meu maior apoiador sempre foi meu pai. Ele está sempre comigo, em todas as decisões, nos treinos, nas partidas. No ano passado, fui participar de um campeonato nacional em Brasília e ele também fez questão de ir. Fui de avião com a equipe e ele foi de carro só para me apoiar”, diz Cleo sobre a cansativa viagem de quase dois dias que o pai enfrentou para vê-la jogar.

A admiração da filha pelo pai é nítida no olhar e na cumplicidade demonstrada entre eles. E Kleyton também assume a sua. “Eu admiro tudo nela. Sou um pai babão mesmo. Mas acho que a forma como ela é determinada, de pensar da forma dela e nunca deixar que as pessoas digam que ela não vai conseguir, é algo que me deixa muito orgulhoso”, conclui.

Dos últimos títulos conquistados por Cleo junto com a equipe do Expansivo, destacam-se o ouro nos Jerns em 2023 pelo sub-13; outro ouro no Juverns na categoria sub-14 também em 2023; o vice-campeonato da GOCup pelo sub-13, disputado no estado do Goiás e o lugar mais alto do podia no mesmo campeonato, mas desta vez, na categoria sub-15; além do 7º lugar do país em campeonato brasileiro disputado em Brasília em uma categoria acima. Na ocasião, em 2023, a disputa era pelo sub-14, mas todas as integrantes da equipe tinham 13 anos. Já pelo PSG, ela se consagrou campeã, ainda em 2022, da Taça Cidade do Sol, disputando o sub-15, quando tinha apenas 12 anos e foi eleita a melhor jogadora da competição. Ainda pelo PSG, foi vice-campeã da IberCup, no Rio de Janeiro, pelo sub-15 no ano corrente.

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