O câncer é uma das doenças com maior número de casos e maior mortalidade do Brasil. De 2020 a 2022, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) calculou que 625 mil novos casos foram registrados a cada ano. No Rio Grande do Norte, a Liga Contra o Câncer registrou alta de 58% no diagnóstico de novos casos nos últimos três anos. Foram 5.665 em 2020, 7.402 em 2021 e, em 2022, foram registrados 8.979 novos casos.
O número vem aumentando, e isso pode estar relacionado ao estilo de vida que os potiguares vêm adotando. “Sabemos que o câncer é uma doença influenciada por alterações no modo de vida das pessoas, pela dieta, sedentarismo etc. Esse aumento no número de casos é um fenômeno mundial. Vem acontecendo em todos os países, inclusive no Brasil. E o Rio Grande do Norte reproduz esse cenário”, explicou Arthur Villarim Neto, coordenador médico da Liga.
A dona de casa Esmeraldina Holanda, de 52 anos, foi recém diagnosticada com câncer no estômago. Entretanto, segundo sua filha, Jeisa Holanda, após pedir encaminhamento através da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS), alguns dos exames passados não foram autorizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Desde que recebemos o diagnóstico, iniciamos uma luta muito grande. Minha mãe vem sentindo muita dor e já perdeu 18 quilos. Além disso, o SUS não liberou a colonoscopia com biópsia, porque é um exame muito caro. Aí criamos uma rifa pra poder fazer particular, mas está difícil demais. Não temos ajuda de ninguém”, contou a estudante de enfermagem.
De acordo com Jeisa, o exame custa R$ 1.370. Até o momento, a família só conseguiu arrecadar R$ 140. “Além desse valor, ainda tem que pagar mais R$ 800, caso o médico ache necessário a retirada de mais um pedaço para fazer a biópsia”, contou.
O tratamento contra o câncer de estômago de dona Esmeraldina só poderá ser iniciado pela Liga após a realização dos exames solicitados.
Procurada pelo Novo, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal não deu retorno sobre o assunto.
O órgão informou, apenas, que os pacientes foram encaminhados para a Liga. Para comprar a rifa para realização do exame de dona Esmeraldina, basta entrar em contato com sua filha, Jeisa, através do (84) 98878-2490.
Em Parnamirim, uma auxiliar de enfermagem aposentada de 77 anos, que preferiu não se identificar, foi diagnosticada com um adenocarcinoma no intestino no final do ano passado. Os primeiros sintomas que acenderam o alerta da família foram fortes dores e sangramento nas fezes.
A idosa ficou internada por quase 20 dias no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel para investigação do caso. “Nós passamos 19 dias no Walfredo para essa investigação, mas quando tivemos o diagnóstico, ela recebeu a alta porque estava fisicamente bem, ‘só’ com o sangramento”, explicou a filha da idosa, que também preferiu não se identificar.
Após o diagnóstico, a paciente recebeu solicitações de exames, mas nem todos foram feitos pelo SUS. “Alguns deles iam demorar bastante. Conseguimos a tomografia de tórax pelo SUS e foi bem rápido, mas a ressonância tinha uma fila de espera. Aí, como tínhamos pressa, pagamos particular. Os exames laboratoriais também optamos por fazer de forma particular, porque não foram tão caros”, detalhou a filha. Agora, a aposentada aguarda pela cirurgia, que já foi agendada pela Liga. Essa será a primeira etapa do tratamento dela.
Atendimentos na Liga
De acordo com o coordenador médico da Liga, Arthur Villarim Neto, cada paciente oncológico espera, em média, 45 dias desde o diagnóstico até o início do tratamento na Liga Contra o Câncer. “A portaria oncológica determina um prazo de até 60 dias para que aconteça o primeiro atendimento. Hoje, a gente consegue fazer isso em até 45 dias – desde o primeiro momento que o paciente chega até nós para o primeiro agendamento até a hora que ele começa o tratamento. Lembrando que o tratamento do câncer é variado, e vai de acordo com o tipo de tumor”, explicou o coordenador.
Ainda segundo ele, atualmente a Liga consegue suprir toda a demanda do estado, mesmo não recebendo o investimento necessário para o atendimento de todos os pacientes. “Nós realizamos 700 cirurgias, mais de 20 mil aplicações de radioterapia e mais de 25 mil infusões de quimioterapia todos os meses. E isso consegue suprir a demanda. Eu não posso falar o mesmo da parte financeira.
Apesar da Liga fazer todo esse esforço para prestar um atendimento de qualidade e dentro do prazo legal à população, ela não recebe financeiramente por aquilo que produziu. Ou seja: hoje, a Liga produz mais do que recebe pelo SUS. Existe um teto financeiro para a oncologia. E hoje, a Liga supera esse teto. Isso resulta em uma dificuldade financeira”, detalhou Arthur.
Sobre a fila de espera, o médico explicou que sempre vai existir.
“Nós não conseguimos fazer todos os tratamentos simultaneamente. O centro cirúrgico tem uma programação. Fora que o paciente que precisa de uma cirurgia, ele tem um preparo, um período que precisa fazer os exames, então não é de imediato. O que a portaria determina, é que o paciente seja operado em até 60 dias. E hoje, a gente consegue operar dentro do prazo, em até 45 dias”, disse.
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