Tayssa Ximenes Guerra, Assistente Jurídica do CCGD

Tayssa Ximenes Guerra, Assistente Jurídica do CCGD

Opinião

Opinião Os desafios e avanços da convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência no Brasil

No mercado de trabalho, embora existam políticas públicas como a Lei de Cotas, a efetiva inclusão das pessoas com deficiência é limitada pela falta de adaptação nos ambientes de trabalho

por: Tayssa Ximenes Guerra, assistente jurídica [tayssaguerra@ccgd.adv.br]

Publicado 10 de fevereiro de 2025 às 16:45

No Brasil, um grande marco na luta pela igualdade de direitos para as pessoas com deficiência foi a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2008. Ela busca garantir a essas pessoas uma participação plena e igualitária na sociedade, e em todas as suas dimensões.

O tratado foi ratificado com status de emenda constitucional e foi acompanhado pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), que assegura direitos em diversas áreas, como saúde, educação, trabalho e transporte. Mas apesar dos avanços legislativos, a implementação da CDPD enfrenta desafios significativos. A acessibilidade continua sendo um dos maiores obstáculos, com muitas cidades ainda carecendo de infraestrutura adequada para garantir o acesso das pessoas com deficiência a espaços públicos e privados.

A educação inclusiva também enfrenta dificuldades, apesar de ser um aspecto central da CDPD. As escolas, tanto públicas quanto privadas, sofrem com a falta de formação de professores e recursos pedagógicos adequados. Além disso, muitos alunos com deficiência são direcionados para escolas especializadas, em desacordo com o princípio da inclusão.

No mercado de trabalho, embora existam políticas públicas como a Lei de Cotas, a efetiva inclusão das pessoas com deficiência é limitada pela falta de adaptação nos ambientes de trabalho e pela discriminação social, dificultando a integração no mercado formal e perpetuando a marginalização.

Porém, há avanços notáveis. A mudança de paradigma, de um modelo assistencialista para a inclusão, tem levado a sociedade e o poder público a repensarem suas políticas. A Lei Brasileira de Inclusão e as iniciativas de participação social têm contribuído para garantir direitos em diversas áreas. A criação de conselhos e a inclusão de organizações civis nas políticas públicas também têm sido fundamentais.

A efetivação dos direitos das pessoas com deficiência exige esforços contínuos para superar barreiras físicas, sociais e econômicas e garantir uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

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