Com a retomada do setor do turismo acarretada pela baixa nos casos de infecção por coronavírus, Natal se tornou a capital mais buscada pelos turistas que procuram desfrutar o verão. Contudo, ao chegarem à Cidade do Sol eles se decepcionam com a falta de cuidado com a orla da capital potiguar.
Passando férias com a família em Natal, Rosângela, que veio de Ibirité, em Minas Gerais, classifica a atitude da Prefeitura de Natal como uma falta de respeito, não só com a cidade em si, mas com todos os turistas. “A gente sai de outro estado para chegar aqui e ser tratado assim, não tem um banheiro adequado. Falta higienização. Quando andamos nas ruas vemos esgotos a céu aberto, se não pagarmos uma barraca não tem onde a gente tirar a água salgada do corpo quando saímos”, diz ela.
As reclamações não vêm só dos turistas, mas de qualquer cidadão que passe por algum trecho da orla de Natal. Na praia de Ponta Negra, os comerciantes se reúnem e fazem cotinha para arrecadar dinheiro entre eles para manter os banheiros minimamente limpos.
De acordo com Neto, comerciante que trabalha na praia há mais de 40 anos, desde que a empresa que tinha ficado responsável pela manutenção dos banheiros os devolveu a atribuição à Prefeitura, eles tomaram a iniciativa de administrá-los.
“Nós contratamos uma pessoa para ficar fazendo a limpeza dos banheiros nos dias de maior movimento, já que nós não damos conta de atender os clientes e fazer a limpeza. Inicialmente pagávamos um salário mínimo a ela, mas infelizmente não conseguimos manter esse valor e entramos em um acordo para cada comerciante dar R$ 10 a ela em feriados e fins de semana”, explica Neto.
Ele conta que, mesmo eles fazendo a limpeza periodicamente, as pessoas “invadiam” os banheiros e eles não tinham como controlar. Então, trocaram as fechaduras e cada comerciante que contribui financeiramente com a limpeza fica com uma cópia da chave para que seus clientes possam ter acesso.
Para além da situação dos banheiros, ambulantes, quiosqueiros, comerciantes e turistas reclamam da falta de lixeiras na orla. Ainda de acordo com Neto, as lixeiras da orla eram feitas com pneu de caminhão e há cerca de cinco meses funcionários da prefeitura passaram retirando-as com o argumento de que em breve seriam substituídas por modelos “mais bonitos”, entretanto isso ainda não aconteceu. Por isso, eles mesmos fazem a coleta do lixo e colocam em sacos de plástico ou sacos de gelo.
“Teve uma vez que quando o caminhão do lixo passou para fazer a coleta nós pedimos sacos para ajudarmos e eles disseram que não podiam nos ceder porque o fiscal estava de olho. Então, se nós não arranjarmos os sacos e apanharmos o lixo, quando eles passarem com o caminhão não levam o lixo, pois estará espalhado”, desabafa um dos comerciantes.
Um terceiro comerciante, que preferiu não se identificar, disse que há alguns meses funcionários da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) estiveram no local para fazer tratamento de esgoto mas quando eles solicitaram que uma caixa de gordura fosse esvaziada um dos funcionários cobrou R$ 40 pelo serviço.
Outra reclamação feita pelos comerciantes que trabalham na praia é o despejo de esgotos e água de piscina dos hotéis direto na praia. “Esses hotéis esvaziam a piscina direto aqui na orla, a água fica completamente suja, às vezes uma água escura. Fora os esgotos que são despejados aqui”, afirmam.
Natal oferece 14 banheiros públicos na orla, femininos e masculinos, sendo seis em Ponta Negra, outros seis na Praia do Meio e mais dois na Redinha. As informações são da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), informando ainda que no início de 2020 esses espaços eram administrados por uma empresa terceirizada, mas que fez o distrato do contrato após os constantes atos de vandalismo nos equipamentos, além de aos administradores e, até mesmo, casos de sequestro de zeladores. Desde então, os banheiros voltaram a ser geridos pela Prefeitura.
Na nota enviada à reportagem do NOVO Notícias, o órgão afirma estar estudando um meio viável de manter esses equipamentos funcionando em bom estado sem que haja ônus aos cofres do município. “Antes da privatização, a Prefeitura tinha um gasto anual de cerca de R$ 200 mil para reparos provenientes de vandalismo e furtos nesses equipamentos. Além disso, desde que a secretaria reassumiu a administração dos banheiros, tendo em vista o aumento da incidência de furtos e vandalismo – bem como o aumento do preço dos materiais utilizados para reposição, a pasta constatou um gasto de R$ 400 mil em 2021 apenas em manutenção.”
Sobre a manutenção dos banheiros por parte dos próprios comerciantes, a Semsur alega ter firmado parceria com os proprietários de quiosques enquanto o estudo de otimização, administração e uso dos banheiros das praias não é concluído; e, visando não prejudicar a população tomou essa decisão. “Os banheiros seguem disponíveis ao público, porém é necessário que o cidadão solicite a chave aos quiosqueiros que atuam ao lado dos banheiros. Além disso, nesta semana a Semsur realizou a higienização de todos os banheiros da praia do meio.”
Sobre os esgotos lançados na praia, a Caern alega que precisaria saber quais os pontos onde isso está acontecendo, pois na última sexta-feira, dia em que a reportagem esteve na praia de Ponta Negra, a fiscalização esteve na orla e não ouviu nenhum relato de fluxo de água servida direto na areia. O órgão informa ainda que quando há lançamentos de esgotos a população deve denunciar junto à pasta pelo telefone da Ouvidoria: 3616-9829. Atendimento de segunda a sexta, das 8h às 16h.
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