O país enfrenta uma onda de violência e insegurança há pelo menos três anos e encerrou 2023 com um recorde de 7,6 mil homicídios. Pelo menos dez pessoas, incluindo dois policiais baleados em Nobol, na província equatoriana de Guayas, morreram até agora na onda de violência
Publicado 10 de janeiro de 2024 às 16:23
O governo do Peru declarou nesta quarta-feira (10) estado de emergência na fronteira com o Equador para que militares ajudem a polícia, após o início de uma onda de violência no país vizinho, incluindo a invasão ao vivo de um grupo de encapuzados armados em um canal de televisão e a fuga de dois líderes criminosos ligados ao narcotráfico.
Mensagens de preocupação sobre a situação do Equador e apoio ao país também foram emitidas pelos Estados Unidos e pela Bolívia. O país enfrenta uma onda de violência e insegurança há pelo menos três anos e encerrou 2023 com um recorde de 7,6 mil homicídios.
O primeiro-ministro peruano, Alberto Otárola, disse a jornalistas que a presidente Dina Boluarte havia ordenado uma viagem dos ministros da Defesa e do Interior para fronteira com o Equador, assim como o envio de policiais para que ajudem a melhorar o controle do trânsito pelos postos fronteiriços. Os dois países têm uma fronteira comum de 1.529 quilômetros, sendo a maior parte desta distância zonas inacessíveis da floresta amazônica.
Otárola relembrou que desde setembro existe estado de emergência para combater a delinquência em zonas das regiões de Tumbes e Piura, ambas próximas ao Equador. Ele acrescentou que também se declarará o estado de emergência em áreas das regiões de Cajamarca, Amazonas e Loreto, as quais também têm limites fronteiriços com o país vizinho.
“Quando se declara o estado de emergência, se dispõe que as forças armadas são chamadas para apoiar a polícia nacional e, sim, haverá efetivos do exército”, disse Otárola. Nas regiões onde anteriormente se implementaram medidas contra o crime, foram proibidos eventos sociais da meia-noite até as 4h da madrugada. Também se suspendeu o livre trânsito, a liberdade de reuniões e a inviolabilidade do domicílio foram suspensas.
A fronteira entre Peru e Equador tem sido uma região frequente de tráfico de migrantes e, há décadas, do contrabando de combustíveis, de produtos de necessidade primárias, roupas e outros itens.
Pelo menos dez pessoas, incluindo dois policiais baleados em Nobol, na província equatoriana de Guayas, morreram até agora na onda de violência sem precedentes desencadeada por organizações criminosas no Equador, de acordo com informações da imprensa local divulgadas nesta quarta-feira (10).
As duas últimas mortes relatadas nos ataques registrados na terça-feira, 9, são dois policiais “vilmente assassinados por criminosos armados” em Nobol, afirmou a Polícia Nacional do Equador. Anteriormente, outras oito pessoas foram mortas nos ataques do crime organizado ocorridos nesta terça-feira em Guayaquil, a cidade mais populosa do país capital da província de Guayas.
Neste último caso, outros três ficaram feridos. “Este é o sacrifício que juramos à pátria e não descansaremos até encontrarmos os responsáveis por este ato criminoso”, acrescentou a Polícia Nacional através das suas redes sociais. Em uma mensagem publicada nesta quarta em sua conta no X (antigo Twitter), a Polícia Nacional do Equador relatou os resultados preliminares de suas ações contra os autores dos “ataques e atos terroristas”.
Segundo a polícia, 70 pessoas foram presas, três dos seus agentes feitos reféns foram libertados e 17 fugitivos recapturados, além de terem sido apreendidas armas, munições, explosivos e veículos. De acordo com o jornal equatoriano El Universo, até às 16h de terça-feira, foram reportados mais 29 incidentes de criminosos armados no país. Os serviços de emergência atenderam mais de 1,9 mil ligações neste período.
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