O acidente ocorrido na cidade mineira de Capitólio-MG que vitimou pelo menos dez pessoas até a manhã desta segunda (10), deve nos servir de alerta em relação ao problema semelhante detectado junto às falésias de Pipa, em Tibau do Sul, guardadas é claro as devidas proporções e diferenças geográficas e climáticas entre as duas áreas.
Em Tibau do Sul, há um decreto municipal de 2018 que proíbe a circulação de veículos motorizados no ‘chapadão’, área protegida que fica próxima à Praia do Amor. As falésias de Tibau do Sul também sofrem com a erosão das águas, mas se deterioram de forma ainda mais acelerada pela falta de controle e a degradação causada pelos veículos e pessoas que ali frequentam.
Veículos de todo porte ignoram o decreto municipal e invadem todos os dias a área do chapadão. A Prefeitura de Tibau do Sul não consegue fiscalizar. Há alguns meses, um turista chegou a cair na falésia quando passeava de quadriciclo. Em novembro de 2020, parte de uma falésia, desta vez em outra área sensível, desabou e matou um casal e um bebê, na praia de Pipa.
De lá para cá, não houve nenhuma medida de segurança ou sinalização para indicar o perigo destas encostas
As falésias de Pipa foram completamente “esquecidas”.
Infelizmente, casos como estes de Furnas nos fazem lembrar da importância de voltarmos a atenção para o município de Tibau do Sul, onde, além destas áreas turísticas, outras áreas de encostas sofrem ameaças pelas construções irregulares.
A reportagem do NOVO procurou entidades e foi informada de que novos estudos sobre riscos nas falésias de Pipa devem ser concluídos ainda este mês
Existem ali edificações instaladas em áreas consideradas de risco, localizadas nas proximidades das falésias.
Há algumas perguntas que precisam de respostas rápidas do poder público, seja ele a Prefeitura de Tibau do Sul, o Governo do Estado e até mesmo os órgãos de fiscalização:
– Foi feita a autuação dos responsáveis por construir irregularmente?
– Foram feitos isolamento e a sinalização das áreas de risco?
– Foi feita a desocupação das áreas irregulares ocupadas?
– Foi feito um mapeamento sobre a chances de novos deslizamentos?
O Ministério Público Federal informou que há um novo diagnóstico de risco de desmoronamento das falésias a ser concluído pelo Departamento de Geografia da UFRN, com previsão para conclusão no final do mês.
A conclusão deste estudo deverá indicar novas medidas a serem adotadas, mas não se pode ficar esperando apenas a elaboração deste documento sem que nenhuma medida concreta seja adotada para evitar novos desabamentos.
Temos uma tragédia anunciada em Tibau do Sul.
É preciso agir. E rápido.
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