Quadrilha Coração Matuto em apresentação no município de Barcelona – Foto: Victor Guilherme
Loucura e amor. É assim que Michael Douglas, um dos diretores da quadrilha junina Coração Matuto, de Natal, define esse período de São João. É que, no mês de junho, as quadrilhas viajam pelo estado para se apresentar em festivais e eventos da época. No entanto, para chegar ao resultado final, são muitos meses de planejamentos, ensaios, confecção de figurinos e muitas outras demandas necessárias para que tudo saia da melhor forma. Aliado a isso, eles ainda têm que conciliar a vida pessoal e profissional.
“Sou apaixonado por quadrilha e pelo São João. Estar à frente da gestão de um projeto grandioso desse é muito difícil. Além de alguns custos que temos, exige muito tempo. Eu e outros três ou quatro diretores temos vidas semelhantes: trabalho, casa, filhos e quadrilha”, contou Michael.
Em um dia como hoje, segunda-feira, a rotina do diretor é bem complexa: pela manhã ele vai às compras, depois volta para casa para deixar o que comprou. Na sequência, vai para o barracão da Coração ajudar nos detalhes finais. Na hora do almoço, volta para casa e às 15h50 abre a sua lanchonete. Às 17h15, pega a mãe no trabalho e a deixa em casa. Depois, às 19h, ele volta ao barracão para os ensaios e a produção do cenário. E no outro dia, tudo se repete. “É uma coisa inexplicável conciliar tudo isso”, desabafou.
Raquel Alves é a noiva da Coração Matuto, onde dança desde 2011. Foi nesse ano que ela conheceu seu esposo, Jhonny, que também dança na quadrilha, desde 2009 – ele é o noivo deste ano, fazendo par com Raquel. “Nosso primeiro ano como noivos da quadrilha foi 2013. E, agora, dez anos depois, conquistamos novamente esse feito”, contou ela.
Dos 12 anos juntos, há seis eles são casados. Do amor, há 1 ano e dez meses nasceu o primeiro fruto. Para dar conta da filha, do trabalho e das responsabilidades da quadrilha, o casal tem que se virar.
“Nossa rotina é bem pesada. Nós dançamos na quadrilha, cada um tem o seu trabalho – ele trabalha em uma loja de varejo e eu sou professora de dança e dou aula em duas escolas aqui em Natal -, e nesse período de São João, a gente se desdobra em 10, em 20, se for possível, para viver o melhor do São João”, detalhou Raquel.
Mas, todo o esforço vale a pena, segundo a noiva da Coração Matuto. “Vale a pena demais, de verdade. A gente tem um amor muito grande pelo período junino. Estivemos distântes durante três anos por questões pessoais, porque eu precisava me dedicar à minha graduação em Educação Física e meu esposo também tinha algumas pretensões no trabalho, mas foram três anos bem doloridos pra gente. A gente não estava dançando, mas acompanhava as apresentações. Aí em 2019 eu consegui me graduar e nós voltamos a curtir o São João. Fazemos de tudo pra estar perto, porque a gente ama de verdade viver isso. A gente se dedica durante seis meses, gasta do nosso bolso, mas se diverte o máximo que pode durante os ensaios e as apresentações. Sempre encontramos amigos que participam de outros arraiás ou até do mesmo que a gente e tudo isso é muito gratificante”, finalizou Raquel Alves.
