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Número de estudantes negros sem aula na pandemia é o dobro que de brancos no RN

Levantamento feito pelo IBGE em 2020 aponta que cerca de 130 mil estudantes não brancos (pardos e negros) do RN não estão tendo acesso às atividades escolares

por: NOVO Notícias

Publicado 31 de julho de 2021 às 00:02

Segundo estudo, 187 mil alunos potiguares não tiveram acesso às atividades escolares em 2020 – Frankie Marconi/NOVO

 

A pandemia da Covid-19 vem impactando a sociedade diariamente. Uma das dificuldades colocadas é a redução do acesso à educação, que se tornou o quadro mais crítico. Segundo um levantamento de 2020, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, em novembro do ano passado, 187 mil estudantes potiguares (23,86% do total) não tiveram acesso às atividades escolares. Ainda nessa mesma pesquisa, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (PNAD Covid-19), também do IBGE, demonstra que estudantes pardos e negros sem atividade escolar representam mais que o dobro de estudantes sem escola: 130 mil de estudantes negros e pardos da rede pública e 57 mil de pessoas brancas desses segmentos.

A pesquisa do IBGE não crava quais sãos os motivos dos alunos ficarem sem aula. Contudo, segundo Renato Santos, membro da Coordenação Nacional do Coletivo Enegrecer e mestrando em Estudos Urbanos e Regionais da UFRN, entre as possíveis causas está a falta de estrutura, que permita os alunos fazerem as atividades, por parte das escolas e das famílias, sobretudo as de baixa renda. Um exemplo é a falta de internet ou computadores em casa.

“A somatória do racismo estrutural, a somatória de ter que contribuir nas finanças de casa, e a somatória da dificuldade em garantir esses equipamentos no seu lar, têm uma consequência perversa para os jovens negros, que é a evasão escolar” ressaltou Renato.

 

Falta de acesso à internet impossibilitou frequência regular de alunos ao ensino remoto na pandemia – Foto: Frankie Marconi/NOVO

 

De acordo com Júlia Arruda, Secretária de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (SEMJIDHRN), os números trazem uma preocupação com o possível aumento da desigualdade racial para essa geração em fase escolar.

“Sabemos que as desigualdades sociais foram acentuadas durante a pandemia, e o contexto racial coloca a população negra em maior grau de vulnerabilidade. Para enfrentar essa realidade, na Educação, por exemplo, foi adotado o ensino remoto. Mas a falta de acesso à internet e às tecnologias impossibilitou a frequência regular dos alunos”, afirmou a titular da pasta.

AM é o estado mais desigual

Em nível nacional, os dados também mostram a desigualdade regional entre os estados do Norte e Nordeste com os do Sul e Sudeste do País.

O estado com maior diferença proporcional entre estudantes brancos e não brancos, matriculados sem atividade, é o Amazonas, com 212.242 não brancos sem atividades, para 28.227 brancos.

Em seguida vem a Bahia, com 742.115 não brancos sem atividades e 120.995 brancos, seguido pelo Amapá com 50.256 não brancos sem atividade para 9.310 brancos.

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