Com oito novos deputados, a governadora Fátima não deve se preocupar em fortalecimento de situação ou oposição, mas precisa estar atenta ao cumprimento dos acordos para manter o bom diálogo com o parlamento
Publicado 6 de fevereiro de 2023 às 15:30
Desde o início deste mês de fevereiro, o Rio Grande do Norte tem uma nova formação política na Assembleia Legislativa. Alguns rostos já conhecidos seguem na Casa, outros são novidade no parlamento potiguar.
Tomaram posse no último dia 1º de fevereiro, oito novos deputados estaduais. Dos novatos que desembarcam na ALRN, cinco vêm de partidos que não participaram da base aliada da Governadora Fátima Bezerra durante a primeira gestão da petista.
União Brasil e PL com dois, Solidariedade, PSDB, MDB e PT com um cada, são as siglas que ganharam novos representantes na ALRN para este ano. Desses, apenas os três últimos tinham relação consolidada com o Poder Executivo.
Para tentar manter a base forte dentro da Assembleia e garantir o bom diálogo entre os poderes executivo e legislativo, o articulador político da governadora Fátima, Raimundo Alves, secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado do RN, em poucas palavras, garantiu que o governo está buscando entendimento. “Estamos conversando com vários parlamentares”, diz Raimundo Alves.
Apesar das conversas entre Governo e parlamentares, há quem acredite que esse não é o único meio de estabelecer uma governabilidade tranquila para Fátima Bezerra. O sociólogo e analista político Thiago Medeiros entende que não há motivos para o Governo se preocupar tanto com a nova formação política da ALRN.
“A Casa Legislativa do Rio Grande do Norte apesar da mudança e surgimento de novos deputados a configuração em termos políticos não deve mudar muito”, diz Thiago Medeiros, que completa explicando o que deve ser a preocupação da governadora neste segundo mandato: “Na verdade, vejo que o Executivo deverá se preocupar em cumprir, por exemplo, com os acordos e principalmente com questões relativas as emendas parlamentares. Digamos que, dentro do olhar hoje da composição da Assembleia, o governo precisa se preocupar principalmente em manter um bom relacionamento e garantir que as emendas sejam executadas para, digamos, ‘acalmar’ a oposição e também o próprio presidente dos dois biênios, Ezequiel. Este mostra força e é uma força aglutinadora para o ‘bem’ ou o ‘mal’ do governo”, diz Medeiros que em seguida explica: “a bancada da AL já aprendeu nos quatro primeiros anos da Governadora Fátima o funcionamento do Executivo, e agora serão mais rigorosos no cumprimento dos acordos estabelecidos”.
Para garantir que os ânimos estejam ‘calmos’, no meio da articulação, a governadora Fátima Bezerra depende de duas figuras importantes, uma dentro da Assembleia, e a outra ao seu lado, principalmente diante do cenário posto atualmente, em que o parlamento inteiro é unânime em outorgar mais quatro anos de poder ao mesmo deputado que já lidera o Palácio José Augusto há oito.
“Com a eleição de Ezequiel para os dois biênios como presidente da Casa, vejo que não se traduz em situação ou oposição sair fortalecida, mas vejo sim a Casa com força. E isso obriga ao Executivo ter um diálogo permanente via seus líderes e também a Casa Civil. A unanimidade mostrou ao governo, que também foi partícipe nessa construção, que Ezequiel é uma figura forte e que o jogo para 2026 já começou”, analisa Thiago Medeiros.
As figuras importantes para a construção do bom diálogo estão postas e não devem mudar. Dentro da Assembleia, esse nome é do líder do Governo. Atualmente essa função é desempenhada pelo deputado Francisco do PT, e a sua permanência não está descartada. Na verdade, ela é considerada, dado que Raimundo Alves, mais uma vez econômico nas palavras, soltou que: “Francisco permanece líder”. O próprio Raimundo é o segundo nome, aquele próximo da Governadora, que tem o papel de desenvolver o diálogo entre os poderes.
Na legislatura que findou, um dos nomes que não renovou mandato foi Kelps Lima (SDD), que se destacou como voz da oposição, principalmente quando houve a instalação da CPI da Pandemia, presidida por ele. Para o analista político ouvido pelo NOVO, será difícil encontrar um parlamentar que faça oposição semelhante à que foi feita pelo ex-deputado Kelps, mas ele aponta um potencial substituto na atual bancada.
“O deputado Kelps é um parlamentar experiente e que detém um amplo conhecimento do regimento e funcionamento da Casa Legislativa. Ele foi, talvez, o principal oposicionista da governadora nesses quatro primeiros anos, vide a CPI do Covid. Sua saída abre um vácuo e não encontro outro político com esse perfil. Dentro da oposição teremos um espectro diferenciado de deputados que são mais “políticos” experientes, e outros que são mais aguerridos, adeptos de um discurso mais extremista. No entanto, se tivesse que escolher um, diria que Tomba (PSDB) pode reunir mais capacidade para ser esse líder da oposição”, finaliza o sociólogo Thiago Medeiros.
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