Entidades representativas do setor produtivo, como Fecomércio e CDL/RN, demonstram preocupação com o impacto para economia local, que pode superar os R$ 100 milhões, baseado em dados da folia em 2020
Publicado 17 de janeiro de 2022 às 15:00
Com a suspensão das festividades do carnaval em Natal, por causa dos índices crescentes dos atuais quadros virais relacionados à Covid-19 e à gripe Influeza, a economia natalense pode deixar de movimentar R$ 111 milhões advindos dos gastos dos foliões. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RN (Fecomércio), este foi o valor movimentado em 2020, último ano em que foram realizados os festejos carnavalescos no município.
A festa foi suspensa na última quarta-feira (12) pelo prefeito Álvaro Dias, levando em consideração os índices de 600 atendimentos por dia nos dois Centros de Enfrentamento criados pela gestão para conter casos da síndrome viral e do coronavírus com a variante Ômicron. Para o presidente da Fecomércio, Marcelo Queiroz, é fato que o cancelamento do carnaval em Natal traz um impacto significativo para a economia, especialmente para o turismo e para o comércio.
“Para se ter uma ideia, em 2020, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio, o evento movimentou mais de R$ 111 milhões. Porém, nós entendemos que, lamentavelmente, esta decisão é imposta pelo agravamento dos casos de Covid e Influenza, que têm sobrecarregado o sistema de saúde em todo país, levando 17 capitais e várias cidades a cancelarem os festejos de carnaval. É uma decisão que impacta negativamente nesse momento, mas é importante para garantir o não retrocesso do funcionamento das atividades econômicas”, disse Queiroz.
Outros setores também estão preocupados com os impactos na economia de Natal. De acordo com o conselheiro nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Norte (Abrasel), Max Fonseca, a decisão deveria ser reavaliada pelo executivo municipal.
“Claro que teve a participação do comitê científico, mas a princípio nós não vemos motivos para o cancelamento do carnaval. Vamos avaliar e acompanhar, mas eu acredito que poderia ser revista esta posição em função dos dados que nós temos”, opinou Max.
Sem a festa pública, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL) também teme a redução no consumo de bebida, de vestuário e alimentação, afetando diretamente as atividades comerciais locais. Segundo José Lucena, presidente da entidade, a medida é “antipática”, porém cautelosa e necessária.
“Não podemos negar que haverá perdas, mas também precisamos lembrar que as festas privadas estão mantidas, que a tradição do natalense de reunir as pessoas em casa continua. Então a questão agora é nós, comerciantes, adaptarmos nossas vendas para este novo cenário. Temos de trabalhar com o que temos, não podemos ficar olhando só para o problema. Temos de reagir e encontrar alternativas para nossos negócios”, ressaltou Lucena.
Uma preocupação constante é de que a taxa de ocupação dos hotéis em Natal registre queda sem a realização da folia de rua em 2022. Todavia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do RN (ABIH), Abdon Gosson, entende que o momento requer cautela e que os impactos só poderão ser sentidos mais à frente.
“A gente espera que haja uma redução, mas uma redução pequena, que não consigo mensurar neste momento, pois os cancelamentos estão começando a acontecer agora, mas espera-se que os impactos sejam bem mais suaves do que poderia ser”, comentou Abdon.
À reportagem do NOVO Notícias, o secretário de Cultura de Natal, Dácio Galvão, explanou seu pensamento em relação aos impactos no cenário cultural da capital potiguar com o cancelamento da festa pública organizada e coordenada pela pasta.
“Difícil de mensuração uma vez que requer projeção estatística. Necessário relacionar e proporcionalizar dados efetivos do investimento do último carnaval presencial e se chegar a prováveis valores econômicos que não circularão direta e indiretamente, impactando negativamente a economia da Cultura, e a Criativa. Como em outras capitais do país, a maior festa brasileira vai gerar prejuízo também para a cadeia produtiva do turismo”, disse Dácio.
Dácio também comentou que a secretaria está planejando medidas para fomentar à cultura local e ajudar os pequenos artistas que realizavam shows e eventos nesta época carnavalesca.
“Artistas, produtores, trabalhadores e trabalhadoras da cultura estão a se mobilizar e a sugerir possibilidades compensatórias no ponto de vista financeiro. Nesse sentido, tenho notícias que houve encaminhamento documental para o gabinete do prefeito Álvaro Dias. Até agora a Secretaria de Cultura não teve oportunidade de despachar com o prefeito sobre o assunto. Me refiro ao pleito relativo ao auxílio financeiro para o seguimento artístico”, afirmou Galvão.
Nesta segunda-feira (17), representantes do Governo do RN se reúnem com a Federação dos Municípios do RN (Femurn) e instituições representativas do setor produtivo do Rio Grande do Norte. Em contato com a reportagem do NOVO Notícias, o secretário-extraordinário de Projetos e Metas e de Relações Institucionais do RN, Fernando Mineiro, comentou sobre a pauta do encontro, que irá tratar, principalmente, dos impactos referentes aos cancelamentos dos festejos a nível estadual.
“Vamos fazer uma avaliação da situação epidemiológica do estado. Nosso objetivo é definir encaminhamentos conjuntos, como foi feito no enfrentamento às ondas de contaminações anteriores. A experiência mostra que quando estado e municípios agiram de forma conjunta, tivemos resultados mais efetivos”, disse Mineiro.
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