Natal enfrenta dificuldades na implementação de uma política robusta de reciclagem. Enquanto cooperativas que atuam no recolhimento de material reciclável aguardam a definição do novo sistema de coleta seletiva pelo município, especialistas apontam desafios técnicos, financeiros e regulatórios, além da falta de conscientização pública sobre a importância da reciclagem, como fatores que contribuem para essa situação.
Segundo a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana), a empresa responsável pela limpeza em Natal, o contrato que existia com as cooperativas foi encerrado, e a cidade está aguardando a definição do novo sistema de coleta seletiva a ser implantado pelo Município. “Atualmente, estamos aguardando que o Município de Natal defina o novo sistema de Coleta Seletiva que será implantado”, afirma Joseildes Medeiros da Silva, Diretor-Presidente da Urbana.
Em paralelo, uma Comissão Técnica foi formada para analisar e selecionar o projeto mais viável, que traga maior eficiência e ampliação da área de coleta. No entanto, é importante destacar que a Urbana, embora seja responsável pela execução dos serviços de limpeza, não é a titular dos serviços em questão. “A Companhia não possui função de criar políticas para esse fim, sendo o Município o responsável considerando o próprio Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos”, disse Joseildes Medeiros da Silva.
Diante desse contexto, especialistas apontam uma série de desafios que vão além das questões técnicas e financeiras. Glauber Nóbrega, especialista em gestão de resíduos, destaca que a gestão efetiva de resíduos sólidos envolve não apenas aspectos técnicos, financeiros e regulatórios, mas também a mudança de hábitos da população. “Não basta investir em equipamentos, leis e tecnologias se a população não mudar seus hábitos de consumo e descarte”, afirma Nóbrega. Ele ressalta que a falta de conscientização pública sobre a importância da reciclagem afeta diretamente as políticas adotadas, e a sociedade como um todo precisa se envolver e assumir suas responsabilidades nesse processo.
A ausência de coleta seletiva em Natal resulta em uma perda ambiental significativa, já que boa parte dos resíduos que poderiam ser reciclados acaba sendo levada para o Aterro Sanitário de Ceará-Mirim. No entanto, Nóbrega enfatiza que a questão vai além do impacto ambiental e reflete a falta de valorização dos materiais recicláveis pela sociedade. “Quantas casas foram construídas com materiais reciclados desde a publicação da resolução CONAMA 307 em 2002? As pessoas ainda veem com desconfiança o uso de material reciclado”, lamenta o especialista.
Para superar esses desafios, Nóbrega sugere uma reestruturação da política ambiental de Natal, envolvendo diversas Secretarias e retirando o peso da responsabilidade da Urbana, que é apenas uma sociedade de economia mista. Ele ressalta a importância de um trabalho conjunto, com a criação de um grupo de trabalho formado pelas Secretarias de Planejamento, Meio Ambiente, Serviços Públicos, entre outras. Além disso, é necessário investir na profissionalização dos agentes envolvidos, incentivar a concorrência no sistema e promover a conscientização e participação da população por meio de programas acessíveis a todos os segmentos sociais, além de medidas de profissionalização, incentivos tributários e conscientização da população para uma efetiva coleta seletiva.
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