Ao contrário da percepção popular, o transtorno de personalidade narcisista (TPN) é muito mais do que uma simples demonstração de vaidade excessiva. Especialistas enfatizam que a condição é um transtorno de saúde mental reconhecido, caracterizado por padrões persistentes de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.
Esses traços, quando exacerbados, podem afetar significativamente a vida cotidiana, os relacionamentos e as pessoas ao redor.
A psicóloga Adriana Melo, da Hapvida NotreDame Intermédica, explica que existe uma medida equilibrada de narcisismo que, surpreendentemente, pode ser benéfica. Quando direcionado para a melhoria da própria vida ou para o benefício dos outros ao seu redor, tem-se um tipo de narcisismo saudável.
“Indivíduos que manifestam essas características geralmente têm a habilidade de atrair pessoas ao seu redor, pois frequentemente possuem uma dose equilibrada de autoconfiança, resiliência e ambição. Um toque saudável de narcisismo pode, de fato, contribuir para a formação de líderes exemplares”, afirma.
Por outro lado, destaca Adriana Melo, há o aspecto menos saudável do narcisismo. Quando os traços dessa personalidade atingem um extremo, a ponto de prejudicar significativamente o desempenho no trabalho ou nas relações sociais.
“Nesse caso, estamos diante do lado patológico da condição – um transtorno mental. Felizmente, esse quadro é uma ocorrência rara”, ressalta a psicóloga.
A profissional explica ainda que, quando se fala em diagnóstico relacionado ao gênero, dentre os adultos de 18 anos ou mais com TPN, 50% a 75% são homens.
“As diferenças de gênero em adultos com esse transtorno incluem maior reatividade em resposta ao estresse e processamento empático comprometido nos homens, em oposição ao autofoco e retraimento nas mulheres”, elucida a profissional.
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em maio de 2023, aponta que cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental no mundo.
O Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental, não apenas busca desmistificar estigmas, mas também destaca a necessidade de apoio e compreensão para aqueles que vivenciam transtornos de personalidade.
De acordo com Adriana, reconhecer o TPN como um transtorno de saúde mental é um passo significativo em direção a uma sociedade mais informada e solidária.
“A conscientização é a chave para transformar estigmas em compreensão e criar um ambiente onde todos possam buscar ajuda sem receio”, reforça.
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