“Não é o PT sozinho que vai conseguir vencer as eleições”, diz Samanda Alves

Atuando como assessora da governadora Fátima Bezerra há mais de vinte anos, em seus mandatos de deputada federal e senadora, Samanda Alves, personagem conhecida nos bastidores da política potiguar, decidiu disponibilizar seu nome ao Partido dos Trabalhadores e se lança como pré-candidata a uma vaga na Câmara dos Deputados. Em entrevista ao NOVO Notícias, ela fala sobre suas propostas e comenta o atual cenário político do Rio Grande do Norte

por: NOVO Notícias

Publicado 24 de janeiro de 2022 às 15:00

Samanda Alves, assessora parlamentar – Foto: Arquivo/NOVO Notícias

 

Atuando como assessora da governadora Fátima Bezerra há mais de vinte anos, em seus mandatos de deputada federal e senadora, Samanda Alves, personagem conhecida nos bastidores da política potiguar, decidiu disponibilizar seu nome ao Partido dos Trabalhadores e se lança como pré-candidata a uma vaga na Câmara dos Deputados. Em entrevista ao NOVO Notícias, ela fala sobre suas propostas e comenta o atual cenário político do Rio Grande do Norte.

ENTREVISTA / Samanda Alves, assessora parlamentar

NOVO Notícias – Você sempre atuou nos bastidores, tem uma experiência enorme acompanhando política, mas sempre do lado dos bastidores, mas o que você pretende fazer para se tornar conhecida, qual o discurso você pretende agregar?

Samanda Alves – Nos bastidores, a gente acompanhou a governadora Fátima, então deputada estadual, durante 12 anos, três mandatos, depois o Senado, e agora no Governo; e as pautas que passavam pelo mandato a gente acompanhava muito de perto; defesa da educação, que foi uma das principais bandeiras; a pauta cultural, a defesa das mulheres, o enfrentamento da violência contra as mulheres, a pauta da juventude, entre tantas outras pautas. E a gente sempre ali ao lado, acompanhando. Mas nesse sentido a gente tem feito também um trabalho de andar por todo estado. Muitas pessoas no meio político já me conheciam, e a população como um todo começa conhecer, e é fazendo também um diálogo da importância da participação da mulher na política.

NOVO – Então você pretende resgatar bandeiras, realizações da ex-deputada e ex-senadora Fátima Bezerra em que contou com sua participação e colaboração direta nos bastidores, Então, você vai resgatar esses projetos e apresentar para a população?

– Na verdade, isso tem acontecido de forma natural porque as pessoas linkam, pois me viam ali com a então deputada e com a senadora. Mas tem outras figuras do partido que têm acompanhado as pautas, mas essa discussão tem acontecido naturalmente. E eu não tenho como fugir dela. Há vinte anos estou ao lado da governadora, na sua assessoria, mas que tem outras demandas, como no governo federal, que eu estive no governo Dilma, coordenando o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e outras atividades que a gente desempenhou como dirigente partidária na executiva estadual do partido, e também nas discussões nos fóruns de juventude, eu militei no movimento estudantil, no movimento pela construção do Plano Nacional de Juventude, pela criação do Conselho Nacional de Juventude.

NOVO – Como analisa essas conversas políticas e uma possível e provável aliança que está sendo desenhada entre o PT da governadora Fátima e o MDB do ex-senador Garibaldi Filho, do deputado federal Walter Alves e do ex-deputado Henrique Alves?

– Eu vejo com naturalidade. O PT hoje no estado, tem 20 mil filiados; a governadora teve mais de um milhão de votos; faz parte da política; é tanto que a legislação permite que você discuta, se junte com outros partidos para poder ganhar uma eleição; que são as coligações e agora as federações proporcionais. Então, o que o PT está fazendo é o movimento correto. Tem que dialogar. Até porque no plano nacional tem dois projetos que a gente acabou de conversar um pouco sobre eles que são claros: de um lado o governo Bolsonaro e aqueles que defendem a forma dele atuar; que é um governo com viés neofacista; e de outro lado tem o campo mais progressista. Nós estamos em um partido de esquerda – o PT é um partido de esquerda – e a esquerda sozinha não vai – agora levando para o plano nacional – conseguir derrotar o Bolsonaro. Ela precisa abrir o diálogo inclusive com a direita, que não aceite e nem que seja neofacista, que se identifique com esse campo progressista. E essa aliança tem que se repetir aqui no estado, esse mesmo diálogo. Não é o PT sozinho que vai conseguir vencer as eleições. O PT precisa dialogar e inclusive governar. A governadora hoje governa, esses últimos três anos de governo, mas é com aliados na Assembleia. A gente governa lá com o PL, com o PSDB e com vários partidos que compõem, dão sustentação ao governo da professora Fátima. Para fazer as mudanças que estamos fazendo é através do diálogo. Sendo bem objetiva, eu sou favorável que o PT faça esse diálogo e se possível as alianças com quem está à disposição para que no plano local e no plano nacional derrotar o Bolsonaro lutar contra o fascismo, e a gente conseguir voltar a fazer o Brasil, o povo ter esperança.

NOVO – Agora, uma provocação: porque você tem interesse, porque está colocando seu nome à disposição, por que você está somada nesse projeto de tentar chegar a uma cadeira de deputada federal?

– Eu tenho vários motivos, mas eu vou citar dois mais importantes; um é a discussão da participação das mulheres na política. Nosso estado tem oito cadeiras na Câmara dos Deputados e elegeu uma deputada, uma mulher e sete homens, tipo 7 a 1. A gente deseja mudar esse placar para que não aconteça mais esse 7 a 1 aqui, no Rio Grande do Norte, na composição da Câmara dos Deputados. E nós estamos em um estado que é pioneiro. É o primeiro est ado onde a mulher teve direito a voto; é o único estado que conseguiu reeleger mulheres governadoras, que tem a única governadora do país. A gente tem que fazer essa discussão, inclusive dizendo que não basta ser mulher; tem que defender pautas que dialoguem com o interesse das mulheres. E um outro aspecto é enfrentar a pauta do governo Bolsonaro porque mudou para pior a vida do brasileiro, com o desemprego que já falei aqui, com menor acesso à educação, com o fim do ganho real do salário mínimo. E essas pautas passaram pelo Congresso Nacional. Não foi por decreto; muitas pautas ele contou com apoio de uma bancada fiel a ele, inclusive com muitos deputados do Rio Grande do Norte presentes. Então, a gente quer fazer essa discussão da importância do parlamento. Não só de ter mulheres, mas de ter parlamentares que discuta, que dialoguem ali com interesses da maioria da sociedade. Então esse debate eu quero fazer, estou com muita disposição pra fazer, pra gente ir pro julgamento do povo no momento oportuno.

NOVO – A CPI da Covid, que indiciou recentemente a governadora, gerou algum arranhão , há algo de concreto que você ache que pode dificultar essa trajetória política da governadora?

– Não acredito. Inclusive a CPI é instrumento legal, que faz parte da democracia, mas tratou a governadora de forma muito injusta. A governadora, que tem mais de trinta anos de vida pública, nunca sofreu acusação, nenhum indiciamento, e de repente ali dois ou três parlamentares de vinte e quatro sugerirem o indiciamento. Mas o governo trata com muita tranquilidade, a governadora não tem o que temer, trabalhou incansavelmente. Inclusive e estive na coordenação da força-tarefa administrativa nos primeiros meses da Covid, sou testemunha do empenho, inclusive dos servidores e não só do secretário da Sesap e de outras secretarias que foram pra dentro da força-tarefa. Então, ela não tem nada a temer; pelo contrário, ela tem um legado de ações que, durante a pandemia, ela está deixando para o estado e vai melhorar muito mais porque, se Deus quiser, no próximo governo não vai ter pandemia, a casa estará arrumada, nós vamos avançar mais e mais. E Lula presidente. É o casamento perfeito!

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