Geral

“Morro do Careca não vai desaparecer”, garante Idema

Engorda da Praia de Ponta Negra evitará desgaste e erosão no local

por: NOVO Notícias

Publicado 29 de agosto de 2022 às 16:04

Falésias que se formam no ‘pé do morro’ representam 5% de redução da areia da duna levada pelo mar – Foto: Dayvissom Melo/NOVO Notícias

Nos últimos dias, o Morro do Careca, um dos principais pontos turísticos de Natal, localizado na Praia de Ponta Negra, vem apresentando mudanças em sua paisagem. Quem visita o local, pode perceber que a areia do morro tem descido com mais frequência. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) avalia que este é um processo natural nesta época do ano e que o Morro não corre risco de desaparecer em um espaço curto de tempo.

“O Morro do Careca não vai desaparecer. Este é um processo natural nesta época do ano. Todos os cuidados estão sendo tomados de nossa parte, mas o Morro do Careca sumir seria coisa para acontecer em anos e, se brincar, até séculos”, informou o órgão.

De acordo com especialistas, as falésias que se formam ao pé do morro, já representam uma redução de 5% da areia do cartão-postal, que foi levada pelo mar. Segundo o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Rodrigo de Freitas, o processo de descaracterização é gradativo, e precisa ser avaliado pelos órgãos competentes.

“Caso nada seja feito, daqui a 10 ou 20 anos ele estará modificado, como já ocorreu. Não vai sumir de repente, em curto prazo, mas poderemos ter a descaracterização de como ele é hoje”, disse Rodrigo.

De acordo com o Idema, desde 1997, quando se tornou Área de Proteção Permanente (APP), o Morro do Careca passou a ser fiscalizado para evitar que visitantes não subam no local, e com isso acelerem o processo de descida da duna.

“Temos placa de avisos, realizamos fiscalizações, mas o povo ainda insiste em tentar burlar as barreiras. Até tiramos a grade de arame para não machucar ninguém, pois as pessoas tentavam passar e se cortavam. Colocamos cercas com outro tipo de material e seguimos acompanhando diariamente”, relatou o Idema.

Outro alerta dado pelo Instituto foi sobre os riscos para os banhistas de um possível desmoronamento das falésias. “Mesmo que baixo, há risco ali. E as pessoas, para se abrigarem na sombra, se acomodam naqueles locais. É preciso evitar isso, bem como, não tentar ultrapassar as barreiras e subir no morro. O acesso ao local pode aumentar ainda mais esse processo de erosão que acontece atualmente”, ressaltou.

O professor do Departamento de Geografia da UFRN também revelou que o processo de engorda da praia poderá fazer com que as ondas parem de atingir a base do morro, o que evitaria o desgaste e a erosão no local.

Ainda segundo o Idema, o processo da obra da chamada engorda da praia está na fase da licença prévia que é a análise feita para verificação da viabilidade ambiental, após essa análise inicia-se a segunda fase que é a da apresentação dos projetos para então emitir a licença de instalação.

Com um custo de mais de R$ 70 milhões, a engorda da praia vai deixar a faixa de areia com 100 metros quando a maré estiver baixa e com 30 metros quando estiver alta. O alargamento contempla quatro quilômetros de extensão entre o Morro do Careca e o hotel Serhs, na Via Costeira.

De acordo com o projeto apresentado pelo titular da Seinfra, Carlson Gomes, a engorda será feita a partir da retirada de um banco de areia do mar, com o mesmo tamanho, densidade e medição do material original da praia (granulometria).

Já a obra de complementação do enrocamento, protegendo a zona costeira, também será realizada. A Licença Prévia foi liberada pelo Idema e em menos de 60 dias o Instituto deverá emitir a Licença de Instalação (LI) para o início das obras que deverá partir do final do calçadão até um pouco depois do hotel Serhs.

“Esse prazo de até dois meses atende o que é previsto em lei para que o Idema analise a documentação enviada pela Secretaria de Infraestrutura de Natal (Seinfra) na última semana”, informou o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente.