Depois de nove anos morando nas ruas da Grande Natal, seu João, de 74 anos, teve a vida mudada após moradores de condomínios do conjunto Cidade Verde, em Nova Parnamirim, se juntarem para tirá-lo da situação em que estava.
Tudo começou quando, passeando com a cachorra, a técnica em enfermagem Cleci dos Santos viu seu João. Ela conta que sempre o via no mesmo local e, em um determinado dia, resolveu conversar com ele.
“Vi que ele era uma pessoa muito culta, educada, que falava muito de Deus, com uma memória boa, e que não tinha vício de bebida ou drogas. Aí comecei a ajudá-lo. Passei a levar lanches, comida”, contou.
No entanto, a preocupação aumentou quando começou o período de fortes chuvas, entre o fim de março e o início de abril. Todas as roupas de seu João ficaram molhadas. Cleci, então, percebeu que outras pessoas estavam preocupadas com o idoso.
“Eu percebi que tinha outras pessoas de condomínios vizinhos que o ajudavam. Aí uma delas, Lúcia, disse que tinha alguém interessado em alugar um cantinho para ele. A gente tentou levá-lo para alguns abrigos, mas ele não queria ir. E eu até entendo, pois são lugares que têm pessoas viciadas, ou que estão se recuperando, enfim”, relatou.
Os vizinhos se juntaram, criaram um grupo de WhatsApp e se mobilizaram para alugar um kitnet para seu João.
“Eu achei a kitnet por R$ 420. Aí fui pro grupo, fiz uma vaquinha, todo mundo colaborou, aí já liguei pro proprietário e alugamos. Eu e minha secretária pegamos todas as roupas, roupas de cama e cobertores que ele tinha ganho e colocamos pra lavar. Depois fomos até o kitnet, limpamos tudo, arrumamos a cama, ventilador, geladeira… só não colocamos fogão, já que ele é idoso e não enxerga direito, para não causar problemas”, contou Cleci.
Hoje seu João mora em um ambiente mais digno que as ruas. E cada um dos voluntários assumiu uma função para não deixá-lo desamparado. “A Elaine se prontificou de ir lá toda manhã. A Nete dá o almoço. Aí nós vamos levar o almoço e já levamos o café e a sopa também. E assim nós estamos ajudando o seu João”, explicou a técnica em enfermagem.
Com uma moradia, agora seu João tem outras necessidades. De acordo com Cleci, ele precisa de uma consulta com um Oftalmologista, pois está com catarata nos dois olhos e enxerga muito pouco.
Além disso, seu João também precisa de um Odontologista, pois não possui dentes e tem muita dificuldade na mastigação.
A outra necessidade do idoso é mais burocrática. Ele não possui mais documentos e, com isso, não consegue solicitar auxílio do governo. Os voluntários estão se mobilizando para ir até Fortaleza, onde foram emitidas as certidões de nascimento e de casamento de seu João.
Após a morte da esposa, em 2013, a vida de seu João passou por significantes mudanças. De acordo com ele, a relação com os filhos ficou insustentável e, cansado de brigar, ele resolveu sair de casa e virar missionário.
Após passar por várias igrejas, se deparou com a falta de apoio e acabou tendo que morar nas ruas.
“Até onde sabemos, essa é a história do seu João. Estamos fazendo esse esforço pra ajudá-lo voltar a enxergar, para fazer essa cirurgia de colocar os dentes, por que ele diz que quer ser útil. Ele quer ser útil. Ele tem 74 anos, é um homem novo. Porém é impossibilitado pela falta de visão. E a gente está nessa batalha aí para ajudar”, finalizou Cleci dos Santos.
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