Economia

Mercado de franquias cresce 12,9% no 2º tri, aponta ABF

No semestre, a receita do setor de franquias apresentou um crescimento de 15%, assim como no acumulado dos últimos 12 meses, de 15,2%

por: NOVO Notícias

Publicado 16 de setembro de 2023 às 21:55

Franquia Arranjos Express chega a Natal - Foto: Divulgação

Franquia Arranjos Express chega a Natal – Foto: Divulgação

Num trimestre em que ficou ainda mais evidente a ampla retomada das atividades sociais, com mais pessoas viajando, trabalhando presencialmente, em eventos e encontros, o setor de franquias registrou um crescimento nominal de 12,9% no 2º trimestre comparado aos mesmos meses do ano passado. O faturamento saltou de R$ 48,052 bilhões para R$ 54,253 bilhões. Frente ao 2º tri de 2021, as franquias ampliaram sua receita em 31,9% e a igual intervalo de 2019, o incremento foi de 25,8%. Estes e outros dados estão na Pesquisa de Desempenho desse 2º trimestre realizada pela ABF – Associação Brasileira de Franchising.

O estudo aponta que todos os segmentos também cresceram no período, com destaque para Hotelaria e Turismo, Alimentação Food Service – que já haviam se destacado no trimestre anterior –, e Moda, beneficiados especialmente pela forte retomada dos hábitos sociais presenciais, mas com a manutenção de atividades representativas no delivery e no e-commerce.

A pressão inflacionária, a dificuldade no acesso a crédito, a mudança de hábitos do consumidor e a consolidação dos canais digitais e estratégias de inovação são desafios que, porém, permanecem.

Tanto de janeiro a junho quanto no acumulado dos últimos doze meses, a receita do setor de franquias cresceu ainda mais. Neste primeiro semestre ante igual período de 2022, a alta foi de 15,0%, com um faturamento que avançou de R$ 91,432 bilhões para R$ 105,107 bilhões.

Na comparação com igual período de 2021, a alta foi de 29,7% e de 51,8% ante 2020. Em relação ao primeiro semestre de 2019, antes da pandemia, o crescimento foi de 24,2%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta do faturamento das redes de franquias foi de 15,2%, ratificando o crescimento sustentável do setor. A receita nesse período saltou de R$ 195,480 bilhões para R$ 225,163 bilhões. Ao observarmos o mesmo intervalo de tempo a partir de 2019, o franchising cresceu 25,1%, e de 2020, 31,3%.

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De acordo com Tom Moreira Leite, presidente da ABF, “trata-se do oitavo trimestre de crescimento seguido do setor, sustentando nossa curva de desenvolvimento para além dos impactos da pandemia. Isso representa também a força do modelo de franchising para escalar negócios de forma rápida e organizada – não por acaso, continuamos atraindo novas marcas e players do exterior – e também do desejo do brasileiro em ter seu próprio negócio, ainda mais agora que as condições econômicas estão mais estáveis. Nos chama a atenção também a recuperação da movimentação de pessoas nos shoppings centers, associada a um nível de negócios elevados no delivery e outros canais digitais. Mais do que nunca, falamos em operar nos dois mundos, digital e físico, e nos organizar para explorar cada vez melhor a associação dos dois”.

O executivo observa, ainda, que “as franquias, os micros e pequenos empresários (independentes e franqueados), lidam ainda com vários desafios no dia a dia, especialmente o aumento de custos em decorrência do período de inflação alta, a dificuldade na contratação de mão de obra, um cenário de juros reais altos e a necessidade de acompanhar as mudanças do comportamento do consumidor cada vez mais intensas. De uma maneira geral, os que atuam em rede conseguem pela natureza do franchising navegar melhor nesse cenário.

O setor tem acompanhado também o andamento da Reforma Tributária, sendo favorável à simplificação e modernização do sistema, mas atento aos possíveis aumentos de carga tributária no setor. Esperamos também que os setores altamente intensivos em mão de obra (que têm essa linha de despesas e custos) recebam um olhar diferenciado sobre a possibilidade de gerar crédito a partir da folha (algo não considerado na discussão da Reforma Tributária até o momento), o que, certamente, nos ajudaria a gerar ainda mais empregos no País”.

Aumento do número de empregos e operações

No 2º trimestre de 2023, a mão de obra empregada pelo setor foi da ordem de 1,612 milhão de trabalhadores diretos ante 1,453 milhão entre abril e junho do ano passado, o que equivale a um aumento de 10,9%. “O setor de franquias é formador de mão de obra, dando oportunidades para os jovens ingressarem no mercado de trabalho formal, além de contribuir com o treinamento e a capacitação dessas pessoas. Inclusive, fechamos uma parceria com a ONG Juventudes Potentes – liderada pelo Instituto Aspen e articulada no Brasil pela United Way Brasil – com o objetivo de criar oportunidades de acesso ao mercado de franquias para jovens das comunidades vulneráveis e periféricas da cidade de São Paulo”, declara Moreira Leite.

O número de operações de franquias também avançou. A variação no período pesquisado representou um acréscimo de 11.062 unidades no País, totalizando 188.878 operações. Segundo o estudo, foram abertas 4,0% mais unidades, com um índice de encerramento de 1,5%, resultando num saldo positivo de 2,5%, e com uma pequena queda no número de repasses: de 0,9% para 0,7% entre o segundo trimestre de 2022 e o deste ano.

Todos segmentos crescem

A pesquisa da ABF mostrou que todos os 11 segmentos elencados pela entidade cresceram em faturamento no trimestre. Hotelaria e Turismo lidera a lista, com variação positiva de 18,5%. Em franca recuperação, o segmento prosseguiu atendendo a demanda reprimida, a retomada das viagens pelo público em geral, seja a turismo ou a trabalho, e observou-se também um maior engajamento nas lojas físicas. Em segundo lugar se destacou Alimentação – Food Service, com um incremento em sua receita de 16,9%, beneficiado principalmente pelo forte reaquecimento das atividades sociais, retorno com mais frequência do trabalho presencial, abertura de unidades, novos produtos, reformulação e melhorias no cardápio e investimentos em treinamento e desenvolvimento dos colaboradores.

Moda se destacou em terceiro lugar, com um faturamento 16,8% maior na comparação com o segundo trimestre do ano passado. Com forte presença no franchising, o segmento também se beneficiou da retomada das atividades sociais e corporativas, o que levou muitas pessoas a renovarem ou completarem seus guarda-roupas, do maior engajamento nas lojas físicas, de mais investimentos em tecnologia e marketing e da maior maturação das marcas e seus franqueados. Além desses segmentos, também registrou um desempenho acima da média no trimestre pesquisado Saúde, Beleza e Bem-Estar (15,9%), que mantém trajetória positiva dos períodos anteriores muito alavancado por serviços de estética e saúde e à tendência da saudabilidade e bem-estar.

No semestre, Hotelaria e Turismo cresceu 26,2%, seguido de Saúde, Beleza e Bem-Estar com 21,0%, Alimentação – Food Service (18,9%,) Moda (15,9%) e Limpeza e Conservação (15,4%).

Receita e número de operações de franquias por Região

A distribuição do faturamento e das unidades de franquias por Região também foi analisada na Pesquisa. A ABF identifica um quadro de estabilidade, com uma pequena elevação da participação do Sudeste associada ao tamanho da economia da Região.

“Apesar de a pesquisa deste ano não ter detectado movimentos muito significativos no mapa de atuação do franchising, entendemos que o movimento do setor para o interior e localidades fora do eixo Rio-São Paulo se mantém, inclusive alavancado pelas facilidades dos recursos digitais. Um dividendo positivo da pandemia foi, justamente, uma maior expertise em realizar procedimentos a distância, inclusive de captação de leads de franqueados e até na implantação de lojas. Tanto que o setor atingiu a histórica marca de estar presente em 62% dos municípios brasileiros”, afirma o presidente da ABF.

A entidade também vem constatando que a força do agronegócio tem gerado novas oportunidades para o setor. Nesse sentido, a Associação fez um estudo a respeito dos estados (vide o quadro abaixo) e identificou que entre os dez que mais cresceram em faturamento de janeiro a junho, seis têm sua economia muito alavancada pelo agronegócio: Goiás, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.

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