Walter Alves, Garibaldi Alves, Henrique Alves e Nelter Queiroz – Fotos: Cleia Viana/Câmara dos Deputados, Ana Volpe/Agência Senado, Gustavo Lima/Câmara dos Deputados e João Gilberto/ALRN
Faltando mais de um ano para as eleições de 2022, os bastidores da política no Rio Grande do Norte fervem com especulações e alianças hipotéticas sendo criadas constantemente. A pauta do momento é a possível união entre o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido dos Trabalhadores (PT) para a disputa do Governo do RN em 2022. Apesar de ser amplamente cogitada e nunca negada pelos líderes partidários, a união deve encontrar resistência interna, contudo o MDB está aberto ao diálogo, garante o presidente do partido no RN, o deputado Walter Alves.
Apesar de ainda não haver posicionamento oficial do partido, até mesmo pelo muito tempo que ainda falta para o período eleitoral, já é possível ouvir dentro do MDB, pelo menos uma voz de insatisfação com o Governo Fátima, o que deve causar uma indigestão na proposta de aliança que tem sido desenhada nos últimos dias entre MDB e PT.
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O deputado estadual Nelter Queiroz, filiado ao MDB há 20 anos, mostra grande insatisfação com Fátima Bezerra, a quem chama de corrupta, e garante não votar na petista em 2022. “O governo mais corrupto da história do Rio Grande do Norte é esse de Fátima Bezerra”, diz o parlamentar que completa: “eu sou contra! Nelter Queiroz é contra! Não há Garibaldi, nem Walter Alves que me faça votar em Fátima Bezerra”.
Com grande representatividade no interior, a legenda saiu vitoriosa em 39 cidades nas eleições do ano passado e segue consolidada como a que comanda o maior número de prefeituras no Estado.
Essa força nos quatro cantos do RN pode ser primordial para decidir o próximo Governador do Rio Grande do Norte, e uma aliança MDB-PT no cenário nacional pode abrir o caminho para que Garibaldi e Walter Alves dividam palanque com Fátima Bezerra em 2022.
O principal nome do MDB no Estado, o deputado federal Walter Alves, presidente da sigla, diz que ainda não há nada concreto sobre alianças, não nega e nem confirma o que dizem as especulações, mas garante que o “MDB no Rio Grande do Norte está aberto ao diálogo para buscar os melhores caminhos para o RN”.
A grandeza do partido no RN é inegável e isso sempre faz com que o MDB seja colocado como postulante ao Governo do Estado, é o que diz o parlamentar Walter Alves ao falar sobre a possibilidade do partido indicar alguém para concorrer ao executivo ou compor chapa.
“O MDB quando teve a oportunidade conferida pelo povo do Rio Grande do Norte correspondeu. Vamos conversar para formar uma aliança e contribuir para que o RN volte a uma posição de protagonismo”, diz Walter Alves. Apesar das especulações, o atual líder dos “bacuraus” garante que seu desejo é concorrer à Câmara novamente.
Outro emedebista potiguar constantemente lembrado é o ex-senador Garibaldi Alves Filho, pai de Walter Alves, e que ouve em silêncio todas as especulações envolvendo o partido e o seu nome. A equipe do Novo Notícias entrou em contato com Garibaldi, mas ele preferiu não falar sobre o assunto.
Walter também foi cauteloso ao falar sobre o pai, relembrou os feitos políticos e administrativos dele, principalmente quando governou o RN, mas concluiu dizendo que “no momento adequado, conversando com os amigos do partido, com o povo, o próprio Garibaldi conduzirá essa definição”.
O dilema Henrique Alves
Tradicional membro do MDB, com ligações familiares com Garibaldi e Walter Alves, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, não consegue esconder sua empolgação com a possibilidade de voltar a ter seu nome estampado nas urnas já no pleito de 2022. Contudo, apesar de sua história e dos mais de 40 anos de carreira política, quase que na totalidade dedicada ao movimento fundado no RN por seu pai Aluízio Alves, o nome de Henrique parece não ser bem visto e encontra rejeição dentro do “ninho dos bacuraus”. Atualmente o partido é comandado no Estado pelo deputado federal Walter Alves, que não está se sentindo confortável com a possível concorrência do primo por uma cadeira no parlamento federal. O Novo Notícias questionou o deputado Walter Alves sobre a possibilidade do partido abrir espaço para a candidatura de Henrique à Câmara Federal, no entanto o parlamentar preferiu não responder a pergunta.
Confira a entrevista completa com o deputado federal Walter Alves, presidente do MDB/RN
- Como o senhor, na figura de presidente do partido, analisa essas especulações sobre possíveis alianças com o PT para o próximo ano?
Vejam bem, durante essa pandemia, me manifestei algumas vezes de que a ausência de diálogo dificultou muitas ações. A política é, antes de tudo, a arte do diálogo. Garibaldi foi presidente do Senado na mesma época em que Lula era presidente da República e Wilma de Faria era governadora do estado. Lembro bem que Garibaldi nunca colocou a sua posição política à frente dos interesses do RN. Tão logo ocupou aquele importante posto, colocou-se à disposição para lutar pelos pleitos do estado, mesmo tendo enfrentado a então governadora Wilma. Então, a política exige desprendimento, e essa é a minha escola. Não há ainda nada concreto sobre alianças, mas estamos abertos ao diálogo para buscar os melhores caminhos para o RN.
- Já há conversa com os filiados locais para definir o caminho de 2022?
As conversas são permanentes, mas o tema eleição ainda não é dominante. Trabalhamos incansavelmente para ajudar os nossos municípios e estamos em contato permanente com os deputados, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e demais lideranças do partido. Aqui e acolá, o tema eleição surge e há um desejo de fortalecer ainda mais o MDB que hoje é o partido que administra mais municípios no estado.
- Existe a possibilidade de uma união local mesmo se não houver aliança MDB-PT no cenário nacional?
Faço parte da Executiva Nacional do MDB e o partido tem alguns postulados muito fortes. É ao mesmo tempo um partido reformista, que defende o aperfeiçoamento institucional que permita que o Brasil alcance um desenvolvimento consistente e duradouro, e, também um intransigente defensor da democracia. Isso está no DNA do nosso partido. Então, vejo um partido aberto ao diálogo e que irá defender as suas bandeiras. No âmbito do estado, não poderia ser diferente: estamos abertos ao diálogo tendo sempre em mente a formação de alianças que possibilitem que o nosso estado se desenvolva e consolide as suas vocações.
- O MDB pensa em lançar um candidato ao Governo do RN em 2022?
O partido não tem essa posição fechada. Certamente, pela importância do nosso partido no estado, essa cogitação sempre aparece. Ainda mais em virtude do êxito do governo Garibaldi do MDB, que pela diversidade de suas realizações, não foi esquecido. Quem não lembra do Programa de Adutoras, das barragens de Santa Cruz e de Umari, do Programa do Leite que ajudou a diminuir substancialmente a mortalidade infantil, dos hospitais Clóvis Sarinho e Maria Alice Fernandes, das obras viárias em Natal, do prolongamento da BR-101 até Touros, de um programa consistente de promoção do turismo que colocou o estado entre os mais procurados do país. Tudo isso, recuperando a capacidade de investimento do estado, com obras estruturantes, cuidando das pessoas, o RN com Gari do MDB crescia acima da média nacional e do Nordeste, chegando a ter o maior PIB per capita da região e sendo chamado de “Tigre Ensolarado”. Ou seja, o MDB quando teve a oportunidade conferida pelo povo do Rio Grande do Norte correspondeu. Vamos conversar para formar uma aliança e contribuir para que o RN volte a uma posição de protagonismo.
- O senhor pretende concorrer à Câmara novamente ou quer mudar? Se houver mudança, seria ao Senado ou pensa no Governo do Estado? Deixaria a reeleição para ser candidato a vice-governador?
Pretendo concorrer à Câmara novamente. Além da minha atuação em defesa dos municípios do RN, me defino como um deputado municipalista, e da defesa intransigente de recursos para o RN. Sou um defensor de um Novo Pacto Federativo, pois acredito que os recursos públicos devem chegar efetivamente onde as pessoas vivem. Temos muitas carências, falta de saneamento, de moradias dignas, de um serviço de saúde decente, de uma escola pública de qualidade e vejo que apenas fortalecendo os nossos municípios e dotando-os de capacidade de investimento, poderemos levar dignidade para as pessoas da maior metrópole à cidade mais simples que nem por isso é menos importante. Como já disse também, faço parte hoje da Executiva Nacional do MDB e espero continuar contribuindo nos debates de temas nacionais, como o apoio ao setor produtivo, principalmente pequenos e médios empresários, para que possam recuperar-se da grave crise econômica causada pela pandemia, como também do debate pela expansão da rede de proteção social que conta hoje com o Bolsa Família, mas que esta crise mostrou que apesar de importante, não é suficiente. Outro assunto essencial que não pode faltar em qualquer debate para o futuro do país é o da educação. A pandemia mostrou o fosso que existe e as dificuldades que os alunos de baixa renda sofrem. De uma vez por todas, temos que lutar por um ensino universal de qualidade.
- O MDB tem planos para trazer o ex-senador Garibaldi Filho de volta às eleições ou ele deverá ficar nos bastidores?
Mesmo sem revelar a intenção de ser candidato, o nome de Garibaldi Filho sempre aparece nas pesquisas realizadas nos diversos municípios do RN. Isso mostra que a sua história de político ficha limpa, que honrou todos os postos que ocupou, deputado estadual, prefeito, senador, governador, ministro de estado, presidente do Senado, não foi de forma nenhuma esquecida pelo povo do Rio Grande do Norte. Pelo contrário. Das lideranças às pessoas mais simples que encontro nas minhas andanças pelo estado, sempre ouço uma palavra de estímulo e até mesmo de carinho para Garibaldi. Como vocês sabem, ele é essa pessoa simples, solícita, amigo do povo e estará sempre presente no debate político do estado. É importante ressaltar que até os adversários respeitam quem Garibaldi é e isso nos orgulha muito. Quanto a se candidatar a algum cargo, no momento adequado, conversando com os amigos do partido, com o povo, o próprio Garibaldi conduzirá essa definição.
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