O mês de março é marcado por uma temática de luta para as mulheres. E isto vai além do Dia Internacional da Mulher – celebrado no dia 8 – mas também à campanha Março Lilás, que visa conscientizar a população quanto à importância da prevenção e controle do câncer de colo do útero. No Brasil, com ressalva em relação aos tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2023 foram estimados 17.010 casos novos, representando um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres — segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2022).
Ainda conforme o Instituto, o número previsto de casos novos do câncer de colo do útero para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 17.010, correspondendo a um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. Quanto à distribuição geográfica, este tipo de câncer é o segundo mais incidente na Região Nordeste, com estimativa de 17,59 por 100 mil.
O ginecologista e obstetra Robinson Dias, presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do RN (Sogorn), explica que esta doença é desencadeada pela infecção persistente por alguns tipos do HPV, o papilomavírus humano. “A infecção por esse vírus é recorrente entre a população e, muitas das vezes, não evolui. No entanto, em alguns casos acontecem modificações celulares que podem evoluir sim para o câncer. Em suas fases mais avançadas podem aparecer sinais como sangramento vaginal, corrimento vaginal (leucorreia) de cor escura e com mau cheiro, e dor na região pélvica”, explana.
A doença geralmente não apresenta sintomas se estiver em fase inicial. Por isso, a importância do exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), alerta o presidente. “O câncer do colo de útero é uma doença silenciosa. A maior probabilidade de aparecimento de sintomas é em fases mais avançadas da doença. O exame preventivo é essencial para identificarmos lesões precursoras, então, podemos ter o diagnóstico precoce, por isso, deve ser feito anualmente”, reforça Robinson Dias.
Além do exame periódico, o ginecologista acrescenta que o uso do preservativo (camisinha) também é uma ação necessária para garantir a proteção de homens e mulheres em suas relações sexuais.
É comprovado que a vacinação contra o HPV é fundamental para o controle do câncer do colo do útero. Está disponível na rede pública a tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ela protege contra 4 tipos muito frequentes de HPV: 6, 11, 16 e 18. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu metas que devem ser alcançadas até 2030, a fim de impulsionar a extinção da doença como problema de saúde pública. São elas: 90% das meninas totalmente vacinadas contra HPV aos 15 anos; 70% das mulheres submetidas a um teste de rastreamento de alta performance aos 35 e aos 45 anos; e 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras e câncer recebendo tratamento. “O câncer do colo do útero é considerado passível de erradicação, porém, se faz necessária a colaboração da sociedade para buscar a assistência médica e se prevenir com as vacinas e exames periódicos”, frisa Robinson Dias.
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