Há algumas décadas, ser mãe após os 50 anos de idade soaria impossível para as mulheres. No entanto, nos últimos anos algumas vêm desconstruindo essa ideia e quebrando paradigmas. É o caso da pedagoga aposentada Graça Dantas. Ela engravidou aos 50 e teve sua segunda filha, a Amanda, aos 51 anos.
“Eu tive Raíssa, minha primeira filha, aos 30 anos. Aí me separei do pai dela e anos depois conheci Gustavo, meu atual marido. Eu já tinha 39 anos. Aí só casamos depois de 7 anos, e ele queria muito ter filhos. Eu sempre quis ter mais, mas o tempo foi passando e não tive. Aí, como ele queria, pensei na adoção, mas ele não aceitou. Então fomos fazer o tratamento de fertilização in vitro. E quando eu estava na minha última tentativa, engravidei. Foi uma surpresa, porque eu tinha 50 anos e, quando ela nasceu, eu já estava com 51”, contou a mãe.
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Ao longo do tratamento, Graça conta que recebeu muitos “nãos” de médicos. Segundo eles, ela não teria mais chances de engravidar. “Eles pediam para eu desistir, que eu não devia… eu cheguei a ouvir de uma médica conhecida que era um absurdo ter filho com uma idade avançada porque a pessoa morria e o filho ficava”, relatou.
A ginecologista especialista em Reprodução Assistida, Maria Luisa Capriglione, explica que uma gravidez em uma mulher com mais de 35 anos é considerada uma gestação de alto risco. No entanto, enquanto houver óvulos, a mulher consegue, sim, engravidar, inclusive de forma natural. “Numa gestação após os 35 anos, a mulher ela tem mais chances de apresentar comorbidades na gravidez, como hipertensão e diabetes gestacional, por exemplo. Além de desfechos desfavoráveis, como abortamento, parto prematuro, alterações genéticas no bebê. Sabemos que a reserva sovariana (quantidade de óvulos) da mulher diminui a cada dia, a cada ano. Nós nascemos com uma quantidade de óvulos fixa e ao longo da vida vamos perdendo quantidade e qualidade desses óvulos. Essa queda acontece com mais rapidez após os 35 anos de idade e, mais ainda, após os 40 anos. Então, a chance de uma mulher engravidar, principalmente naturalmente, após os 50 anos de idade, é baixa, mas ela existe”, explicou.
Atualmente, são diversos os métodos disponíveis para mulheres que desejam engravidar um pouco mais tarde. É o caso, por exemplo, da fertilização in vitro – a mesma utilizada pela Graça Dantas. “Com o avanço das técnicas de Reprodução Assistida, conseguimos ajudar muitas mulheres que postergaram sua vida reprodutiva, muitas vezes por motivos profissionais ou pessoais. Através do tratamento de fertilização in vitro, conseguimos aumentar a chance dessa mulher engravidar. E, quando não há mais óvulos, também usamos da técnica de ovorecepção (receber óvulos doados de outra mulher – que pode ser anonimamente ou de um familiar). Na Reprodução Assistida, temos a opção de utilizar a técnica de biópsia embrionária. Fazemos um estudo genético no embrião antes de implantá-lo no útero dessa mulher, assim conseguimos excluir os embriões alterados geneticamente, o que está aumentado nas mulheres acima dos 35 anos”, pontuou a médica Maria Luisa.
A dica da especialista para as mulheres que ainda sonham em ser mães, mesmo com a idade mais avançada, é a de ficarem atentas às reservas ovarianas. “Cada mulher tem a sua reserva ovariana, é individual. Existem exames acessíveis que podemos avaliá-la. A mulher que conhece sua quantidade de óvulos consegue programar sua vida reprodutiva. E para as mulheres que não pretendem engravidar no momento, temos a opção do congelamento de óvulos como forma de preservar a sua fertilidade. Podendo ou não utilizar esses óvulos em outro momento, sem prazo de validade. E para as mulheres que desejam gestar, mesmo sem parceiro no momento, podem optar pela produção independente, em que utilizamos um sêmen de doador”, detalhou Dra Maria Luisa.
A primeira gravidez de Graça foi aos 30 anos de idade. De lá para cá, ela conta que pouca coisa mudou e, hoje, aos quase 60 anos, ainda consegue fazer tudo que uma mãe de 30 anos faz. “A única diferença, eu acho que é o emocional. Você está mais madura, com o pé mais no chão, pondera mais as coisas… com relação a questão física, sem dúvidas uma pessoa de 30 anos tem mais energia do que uma de 50. Mas não tem nada que eu fazia aos 30 que não faça hoje. Pego ela na escola, faço tudo que uma mãe tem que fazer. Eu não vejo essa diferença imensa. Tem alguns detalhes, mas eu tiro de letra. Sem nenhum problema”, explicou.
A mãe é só elogios à filha caçula, que já está com oito anos de idade. “Ela está estudando, com o desenvolvimento saudável, com boas notas na escola, e é a felicidade da casa”, disse a mãe em sorrisos.
Mães famosas aos 50
A discussão da gravidez tardia ganhou os holofotes quando a atriz Claudia Raia anunciou que estava gerando o seu terceiro filho aos 55 anos de idade. Os dois primeiros filhos da artista já eram adultos e ela já havia entrado na menopausa. Mesmo assim, disse que sua gravidez foi natural, sem uso de técnicas de fertilização. Na internet, muita gente chegou a duvidar da versão.
“Sempre há dúvida. Por quê? Porque a vida inteira falaram para a gente: ‘Você parou de ovular, você parou de existir, você está morta. Depois dos 40 está velha’. A gente tem isso embutido”, contou Claudia em entrevista ao Fantástico. A atriz deu à luz a Luca em fevereiro deste ano.
Outra famosa que foi mãe na faixa etária dos quase 50 anos de idade, mais precisamente aos 47, foi a atriz e bailarina Viviane Araújo. Também em entrevista concedida ao Fantástico, ela contou que engravidou por meio da FIV, com óvulos de uma doadora anônima e os espermatozoides do seu marido. “A primeira vez não deu certo, mas nem um mês depois me avisaram que tinham achado uma doadora compatível e estou aqui, grávida.”, celebrou na época. No último sábado (6), Joaquim, filho de Viviane, completou 8 meses de vida.
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