A crise diplomática entre Venezuela, Argentina e Brasil escalou neste sábado (7), após o governo de Nicolás Maduro comunicar ao Itamaraty que revogou a autorização para o Brasil continuar representando os interesses argentinos em Caracas. Desde agosto, a embaixada da Argentina na Venezuela vinha sendo dirigida por diplomatas brasileiros, após a expulsão do embaixador argentino pelo governo Maduro.
O Itamaraty afirmou que manterá suas funções na embaixada até que um país substituto seja designado para representar os interesses da Argentina. A notificação formaliza uma crescente pressão sobre a missão diplomática argentina, que desde sexta-feira (6) enfrenta um cerco por forças do governo venezuelano. Além disso, o fornecimento de energia no prédio foi interrompido, elevando as tensões entre os países.
O Brasil passou a ser responsável pelos interesses consulares da Argentina em Caracas após a expulsão do embaixador argentino por Nicolás Maduro, no início de agosto. A decisão foi tomada após o governo argentino, juntamente com outros países, contestar o resultado das eleições venezuelanas realizadas em julho.
Naquele pleito, Maduro, que ocupa o cargo há 11 anos, foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com 51,95% dos votos. No entanto, a oposição e a comunidade internacional, incluindo Argentina, Uruguai, Estados Unidos e outros países sul-americanos, alegam que o processo eleitoral foi fraudulento. Segundo uma contagem paralela realizada pela oposição, o candidato opositor, Edmundo González, teria vencido com 67% dos votos.
A Argentina, por sua postura crítica ao governo Maduro, foi alvo da retaliação que culminou na expulsão de seu embaixador. O Brasil, adotando uma postura neutra, passou a representar os interesses argentinos, sem reconhecer ou rejeitar formalmente o resultado das eleições. O Itamaraty tem insistido na apresentação das atas eleitorais, o que até o momento não foi atendido pelo governo venezuelano.
A situação de um país dirigir a embaixada de outro, em meio a conflitos diplomáticos, não é comum, mas já ocorreu em outros momentos históricos. Nos anos 1980, o Brasil foi encarregado de representar os interesses argentinos na embaixada em Londres durante a Guerra das Malvinas, que envolveu Argentina e Reino Unido.
Este tipo de arranjo visa garantir que os cidadãos de um país cujos diplomatas foram expulsos não fiquem desamparados no território estrangeiro. Na Venezuela, a atual decisão de Caracas pode deixar em aberto a continuidade da representação dos interesses argentinos, caso um país substituto não seja definido.
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