Com preços baixos, essas lojas têm aquecido as vendas tanto no Alecrim quanto na Cidade Alta, atraindo clientes em busca de boas ofertas e variedade
O crescimento das lojas de preço único, onde todos os produtos têm um valor fixo, tem sido notado no comércio de Natal. Com preços baixos, essas lojas têm aquecido as vendas tanto no Alecrim quanto na Cidade Alta, atraindo clientes em busca de boas ofertas e variedade.
Uma das lojas que tem feito sucesso no Alecrim é a Osvaldo Atraente. Com preço único de R$5,99, o estabelecimento vende de utensílios de casa a brinquedos para crianças e já possui duas unidades no bairro. Para o dono do local, Osvaldo Pinheiro, o objetivo de escolher esse nicho é chamar atenção dos consumidores e aumentar o giro de consumo do negócio. “Aqui a gente vende de tudo, então a pessoa vem e acaba comprando em quantidade porque o valor é muito baixo. Então é vantajoso para o cliente e para a loja”, explicou.
Para Osvaldo, as redes sociais têm sido essenciais para o crescimento desse comércio. Ele explica que uma parte significativa do sucesso que as lojas têm recebido vem dos vídeos compartilhados nas redes, especialmente no Instagram.
A vendedora do local, Priscila Araújo, ressaltou o impacto que as redes sociais têm tido no estabelecimento. De acordo com ela, existe uma grande parcela dos consumidores que chegam mostrando o vídeo na procura de um produto específico, mas acabam levando outras coisas devido ao valor baixo. “A gente está muito atrelado ao pessoal ter o dinheiro para poder vir comprar, mas sempre tem um fluxo muito bom no início do mês, até mais ou menos esses dias, dia 20, dia 22, depois dá uma enfraquecida e volta”, explica. De acordo com dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL), atualmente em Natal existem 12 lojas de preço único, sendo 6 no Alecrim, 5 na Cidade Alta e 1 no Shopping Midway Mall.
O presidente do Viva o Centro Natal, Rodrigo Vasconcelos, conta que a chegada das lojas de preço único criou uma dinâmica que antes não existia no bairro. “Essas lojas têm horários estendidos e estão sempre com clientes. Então esses clientes acabam consumindo nos restaurantes, fazendo um lanche em algum lugar e vai movimentando o Centro”, ressalta. Segundo ele, a expectativa é que esse movimento incentive cada vez mais a chegada de novas empresas para fortalecer o comércio na Cidade Alta e novas oportunidades de emprego e renda possam ser oferecidas.
Retomada do comércio de rua em Natal
Na década de 1990, a implementação do Plano Real trouxe estabilidade à moeda nacional, permitindo o surgimento das lojas de R$1,99. Essas lojas rapidamente se espalharam pelas cidades brasileiras, mas enfrentaram dificuldades para sobreviver devido a fatores macroeconômicos, como inflação e a valorização do dólar.
O presidente da CDL Natal, José Lucena, ressalta a semelhança entre as atuais lojas de preço único com as lojas da década de 90, quando as lojas de R$1,99 faziam sucesso por oferecer uma vasta gama de produtos a um preço fixo.
“O modelo de negócio tem impactado não só a população, mas também contribuído para levar movimentar o comércio de rua, e aquecer as vendas, fato que nós, como entidade representante do setor de comércio e serviços comemoramos”, comentou.
Para José Lucena, o modelo de negócio apresenta oportunidade e desafios para o setor varejista de Natal.
“Por um lado, as lojas de preço único contribuem para movimentar a economia, gerando empregos e fomentando a competitividade. Elas têm a capacidade de atingir um amplo público, oferecendo produtos essenciais a preços acessíveis, o que é extremamente relevante em tempos de incerteza econômica. O desafio é manter o preço único com produtos de qualidade, uma vez que nossa inflação impacta diretamente no valor dos produtos”, complementa.
O diretor de inovação e competitividade da Fecomércio RN, Luciano Kleiber, partilha do mesmo pensamento de que é uma oportunidade para o setor varejista. “O comerciante do varejo todos os dias está criando uma forma de atrair seu cliente e pode ter certeza de que o varejista que está abrindo uma loja de preço único hoje, é o mesmo varejista que já esteve em outro segmento”, explica.
Luciano ressalta que para a Fecomércio esse tipo de negócio é mais uma reinvenção do varejista, que é “um resiliente por natureza”, que está sempre buscando formas de fazer seu comércio crescer e se manter no mercado. Dessa forma, o diretor afirma que isso é um ciclo que o varejista enfrenta constantemente.
O sucesso deste tipo de comércio pode ser visto também nos resultados do varejo no Rio Grande do Norte. O setor segue em crescimento, reforçando o bom momento vivido pela economia do estado. De acordo o IBGE, as vendas do Varejo Ampliado no estado cresceram 6% no acumulado de janeiro a junho de 2024. Este crescimento expressivo ocorre em um cenário pela criação de empregos formais, com abertura de 13.060 vagas no primeiro semestre de 2024.
Atrativo é o preço baixo
A consumidora Daniele Martins, de 33 anos, conta que o principal atrativo é, sem dúvidas, o preço. “A gente vai em lojas mais caras e nem sempre encontra o que quer e quando você vem aqui no Alecrim, que você encontra essas lojas de preço único, você encontra muita coisa em um só lugar. Então, a variedade de produtos atrai e o preço baixo mais ainda”, diz.
Daniele comenta que sempre busca utensílios de casa, assim consegue sempre ter o que precisa com mais praticidade e pagando pouco. “Aqui eu consigo por um precinho bom e sem precisar deixar de levar algo”, diz.
Outra cliente, Brena Zuleide, de 24 anos, afirma que o segmento reduziu as suas compras online. “Quando encontramos algo nesse preço baixo se torna muito mais vantajoso vir até aqui e encontrar essa variedade”, encerra.
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