denúncia do MPF foi oferecida em 2021, no entanto, a defesa dos acusados apresentou uma série de recursos para que o caso não fosse processado na esfera federal

Geral

Ação Justiça Federal torna réus denunciados por irregularidades na compra de respiradores em Pernambuco

Operação Apneia apurou irregularidades na aquisição de ventiladores pulmonares pelo município de Recife durante a pandemia de covid-19

por: NOVO Notícias

Publicado 22 de fevereiro de 2025 às 13:18

Atendendo a pedido do MPF, a Justiça Federal recebeu denúncia contra seis pessoas no âmbito da Operação Apneia, que apura irregularidades na aquisição de ventiladores pulmonares pelo município de Recife durante a pandemia de covid-19. A operação foi iniciada em 2020 para investigar possível direcionamento e desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). A denúncia do MPF foi oferecida em 2021, no entanto, a defesa dos acusados apresentou uma série de recursos para que o caso não fosse processado na esfera federal.

No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou recurso da defesa, mantendo a tramitação da ação penal na esfera federal. A defesa questionava decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) que reconheceu a competência da 36ª Vara Federal de Pernambuco para o trâmite da ação penal. Tal decisão já transitou em julgado (não cabe mais recursos) e foi dada em recurso do MPF contra sentença de primeiro grau da Justiça Federal que havia declinado do caso para a Justiça Estadual.

A investigação trata de contratação, por parte do município do Recife, da microempresa Juvanete Barreto Freire (Brasmed Veterinária) para o fornecimento de ventiladores pulmonares (respiradores) para o enfrentamento da pandemia de covid-19.

Esquema – A Juvanete Barreto Freire (Brasmed Veterinária), especializada em produtos veterinários e aberta poucos meses antes dos processos licitatórios, foi contratada por meio de duas dispensas de licitação para o fornecimento de 500 respiradores, realizadas em caráter emergencial e fundamentadas na Lei Federal nº 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia. O valor total dos contratos foi de R$ 11,5 milhões. A empresa também não demonstrou capacidade técnica e operacional para o fornecimento dos ventiladores.

Segundo as investigações, houve indícios de pagamento por ventiladores não entregues e de direcionamento indevido das contratações. De acordo com o MPF, os recursos utilizados na aquisição eram provenientes do Fundo Nacional de Saúde, o que determinou a competência da Justiça Federal para processar o caso.

A denúncia foi recebida pela Justiça em relação aos crimes de contratação direta ilegal e peculato. No entanto, a Justiça declarou extinta a punibilidade, por prescrição, do crime contra a ordem tributária imputado a alguns dos investigados.

São alvos da denúncia do MPF, assinada pelos procuradores da República Cláudio Dias e Silvia Regina Pontes Lopes, os ocupantes, à época, dos cargos de secretário de Saúde do Recife, de diretor-executiva de Administração e Finanças da Secretaria de Saúde do município e de gerente de Conservação de Rede da Secretaria de Saúde do Recife, bem como os empresários responsáveis pela empresa favorecida e seu representante local.

Histórico – As apurações sobre irregularidades na compra de respiradores BR 2000 da microempresa Juvanete Barreto Freire pela prefeitura do Recife tiveram início em maio de 2020. As investigações do MPF e do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO) indicaram que a prefeitura, por meio de dispensa de licitação, contratou de forma irregular a empresa, aberta há pouco mais de seis meses e com experiência na área veterinária, para o fornecimento dos ventiladores pulmonares ao município. O valor total dos contratos foi de R$ 11,5 milhões, embora o faturamento anual da empresa perante a Receita Federal fosse de R$ 81 mil.