Entre os dias 25 e 27 de abril, acontecerá o 4º Festival Nacional da Juventude Rural, em Brasília (DF), com expectativa de reunir mais de 5 mil jovens de todo o país. Delegações de alguns municípios do Rio Grande do Norte já organizam as malas, sob a coordenação da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Rio Grande do Norte (Fetarn), na expectativa de darem suas contribuições na luta por conquistas junto ao governo federal.
Em 2020, os potiguares reuniram, em carta-proposta, mais de 30 reivindicações ao Estado. Naquela ocasião, enfatizavam, por exemplo, a criação de programa de incentivo à produção de energias renováveis na agricultura familiar e universalização do acesso à internet pública nas áreas rurais. E, em novembro passado, a comitiva do RN participou do Festival Regional, em Alagoas, aonde também deu colaborações à pauta nacional, que reúne sugestões de todos os eventos regionais realizados de outubro de 2022 a janeiro de 2023 – que foi entregue em março ao governo federal.
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O presidente da Fetarn, Erivam do Carmo, por sua vez, observa que sem a sucessão rural, não haverá produção de mais de 70% dos alimentos que os brasileiros consumem diariamente e, portanto, o investimento na juventude rural da agricultura familiar é a garantia de alimentação saudável para agora e para o futuro. “Queremos colaborar na construção de políticas públicas voltadas à juventude rural, desencadeando processos de diálogo e negociação com o governo, para que jovens trabalhadores rurais construam seu projeto de vida justamente no campo”, destaca.
Para eles, os desafios se fazem cada vez maiores, diante dos desmontes governamentais dos últimos anos. Para ficar no campo, explica a secretária de Juventude da Fetarn, Nathália da Silva, o (a) jovem precisa saber que vai ter terra, trabalho e renda para sobreviver, que vai ter casa para morar, que vai poder ampliar seus conhecimentos, que vai poder dar vida de qualidade para sua família e comunidade. “Essa é a luta da sucessão rural”, enfatiza.
DADOS
Entre 2018 e 2020, quase 770 mil jovens entre 16 e 32 anos deixaram o campo, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE de 2020). Eram 7,5 milhões em 2018 e passaram a 6,7 milhões em 2020. Os dados revelam ainda que muitos desses (as) jovens ainda não sabiam ler, nem escrever. São cerca de 32,5 mil jovens ou 8% do total de proprietários nessa situação. No que diz respeito à escolarização, entre 2014 e 2019, foram fechadas 12.196 escolas rurais. Esses dados reforçam o precário cenário sobre a escolarização no meio rural: 2,5 milhões desses jovens rurais entre 16 e 32 anos possuem apenas até o Ensino Fundamental, 2,4 milhões têm o Ensino Médio completo, quando apenas 251 mil jovens rurais têm o Ensino Superior completo.
O FESTIVAL
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o objetivo do evento é fazer um debate sobre o desmonte das políticas públicas da juventude, da agricultura familiar, do meio-ambiente e dos direitos humanos, bem como evidenciar a diversidade cultural brasileira e trocar experiências e conhecimentos. A construção do festival é baseada na pauta de reivindicações da juventude rural, buscando meios que garantam sua permanência no campo, com qualidade de vida, garantindo a sucessão rural, bem como a produção de alimentos e cultura. A programação conta com debates, apresentações culturais, mostras, oficinas e uma marcha reivindicatória pela Esplanada dos Ministérios.
DOCUMENTO 2023
Um documento com as demandas da juventude rural foi elaborado por mais de 270 jovens de todos os estados brasileiros nos Festivais Regionais da Juventude Rural realizados entre outubro de 2022 e janeiro de 2023. A pauta, organizada em seis eixos que norteiam as principais demandas da juventude rural, são: 1) Democracia e Participação Popular 2) Trabalho, Produção Sustentável e Renda 3) Agricultura Sustentável e Resiliência às Mudanças Climáticas 4) Saúde e Educação do Campo 5) Esporte, Cultura e Lazer. As propostas foram entregues ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e aos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Márcio Macedo (Secretaria Geral da Presidência da República) no dia 30 de março. A expectativa é que o anúncio com respostas aos jovens do campo, floresta e águas aconteça no 4º Festival Nacional da Juventude Rural, pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.
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