Cada tipo de câncer tem fator de risco diferente que deve ser observado”, afirma a médica cirurgiã Giovanna Perantoni – Foto: Cedida
Mais de 36 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço devem surgir neste ano de 2022. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que inclui, neste total, os tumores de boca, laringe e tireoide. Em um esforço para buscar reduzir a incidência desses tipos de cânceres, a campanha Julho Verde foi criada para conscientizar sobre os fatores de risco desses tumores. Esta é a sexta edição da campanha realizada pela Sociedade Brasileira de Cabeça e Pescoço (SBCCP), em parceria com a Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil).
Dentre os vários tipos de cânceres possíveis na região de cabeça e pescoço, o mais comum é o de pele, seguido pelo de tireoide e, em terceiro, o câncer de boca. Cada um deles tem seus fatores de risco particulares. No caso do câncer de pele, o maior vilão é o sol e, para preveni-lo, a proteção solar é fundamental. Já o câncer de tireoide tem alguns fatores que, embora não possam ser mudados, devem servir de alerta: histórico na família, ser do sexo feminino e ter mais de 40 anos. Em relação ao câncer de boca, três hábitos devem ser evitados: o tabagismo, o etilismo e a infecção pelo HPV.
A cada quatro novos casos, três chegam em estágio avançado da doença, resultando no óbito de cerca de 50% desta população. Já quando o diagnóstico é feito precocemente, as chances de cura podem chegar até 90%. Por isso, a cirurgiã de Cabeça e Pescoço com formação pela USP, Giovanna Perantoni, reforça que a disseminação de informações é fundamental para aumentar a prevenção da doença e as possibilidades de cura. “Cada tipo de câncer tem um fator de risco diferente e isso deve ser cuidadosamente observado. Além disso, o diagnóstico precoce pode aumentar consideravelmente as chances de sucesso no tratamento e reduzir as sequelas de maneira importante”, afirma.
A médica, que também atua na Liga Norte-Rio-Grandense contra o Câncer, esclarece quais sinais e sintomas podem ser observados nos tipos mais comuns. “O de pele ocorre, principalmente, nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas. Surge como manchas/pintinhas na pele, com relevo ou não, que podem coçar, arder, descamar ou até sangrar. No mais, aquela feridinha que entra em um ciclo de cicatrizar e voltar também é um sinal de atenção. Já no de tireoide deve ser observado o aumento do volume cervical, aparecimento de nódulos no pescoço, podendo estar associado a dificuldade para engolir, engasgos ou rouquidão”, pontua Giovanna Perantoni.
Em relação ao câncer na região da boca, aftas, lesões e feridas que não cicatrizam após 15 dias merecem acender o alerta. “Atentar também para manchas brancas ou vermelhas que persistem por muito tempo, perda inesperada de dentes ou dor com dificuldades para mexer a língua, mastigar ou engolir alimentos. Caroços no pescoço também devem ser observados”, completa a médica.
Alguns tipos de câncer na região de cabeça e pescoço podem causar sequelas irreversíveis, inclusive, estéticas, e funcionais também, como dificuldades para falar e se alimentar. “Normalmente, isso ocorre em casos de diagnóstico mais avançado onde a própria lesão já fez uma destruição local importante e a cirurgia precisa ser bem grande para resolver, tanto do ponto de vista de ressecção quanto de reconstrução com retalhos. Além disso, nos casos mais avançados sempre lançamos mão de tratamentos complementares, como a radioterapia e a quimioterapia, o que também agrega mais sequelas estéticas e funcionais”, conclui Giovanna Perantoni.
Dos 36.620 novos casos estimados pelo Inca, 19.480 são em homens e 17.140 em mulheres. Deste total, pouco mais de 15 mil devem ser diagnosticados na cavidade oral, quase 14 mil na tireoide e 7.650 na laringe.
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