Idema afirma que erosão acentuada do Morro do Careca é natural nesta época do ano

Desgaste é um processo de caráter natural devido ao transporte eólico e a ação do mar; problema afeta todo o litoral brasileiro

por: NOVO Notícias

Publicado 11 de abril de 2022 às 16:00

Idema providenciará estudos sobre a situação do Morro do Careca – Foto: Caroline Macêdo/Idema

A intensa erosão observada na base do Morro do Careca, famosa duna localizada na praia de Ponta Negra, na zona Sul de Natal, é característica deste primeiro semestre do ano. O transporte eólico – quando parte da areia da costa é levada pelo vento – e a movimentação do mar, que bate com maior frequência na base da duna, são os principais responsáveis pelo desgaste.

“Todo o setor de Ponta Negra passa por esse processo de erosão costeira nessa época do ano. É um processo natural. Na verdade, todo o litoral do Brasil passa por essa erosão nesse período. É o que chamamos de ‘perda de praia’”, explicou o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), Leon Aguiar.

Ao longo do ano, com a mudança de estações, o litoral vai ficando com mais ou menos areia. No entanto, de acordo com Leon, há aproximadamente 10 anos a praia de Ponta Negra vem perdendo mais [areia] do que ganhando. Com isso, as falésias, chamadas de grupo Barreiras – estrutura geológica de cor avermelhada presente na base do Morro do Careca – vão ficando cada vez mais expostas.

“O processo de erosão não para. Por questões climáticas, nível do mar etc., a base do ‘morro’ continua sendo atingida e não há a manutenção da areia. Com isso, a falésia vai recuando e a areia vai cedendo. É um ciclo. Quanto mais areia, menos o mar chega na base do ‘morro’, pois a maré fica mais ‘seca’. E quanto menos água na base, menos erosão”, disse o diretor-geral do Idema.

A ação dos ventos é fundamental nesse processo, pois traz sedimentos que se acumulam novamente na base da duna. No entanto, isso só vem a acontecer no período de maior intensidade de ventos, de agosto a dezembro.

Até lá, os especialistas fazem um alerta para que a população não se arrisque tentando subir ou ficando na base da estrutura. “A subida no ‘morro’ foi proibida judicialmente porque afetava demais a duna. A areia descia, a vegetação morria por causa da exposição das raízes… Então é importante que as pessoas respeitem o isolamento e não tentem subir. Além disso, é importante que os banhistas não fiquem muito próximos à base, pois correm riscos de ser soterrados.

Com o objetivo de analisar medidas que o Poder Público pode tomar para a preservação da maior duna de Natal, o Idema deve dar início, nos próximos dias, a estudos para a realização de uma nota técnica com as atuais circunstâncias do Morro do Careca. A previsão inicial para a conclusão do documento é de 90 dias.