Em 2030, cerca de 100 milhões de pessoas serão portadores de glaucoma no mundo, segundo OMS. Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN
Imagine andar dentro de sua casa e, de repente, esbarrar nos objetos por apresentar perda de visão periférica. Esse é um dos sintomas sutis iniciais que podem ocorrer em pessoas com glaucoma, além da visão em túnel e, em casos mais avançados, dor ocular e náuseas. A médica oftalmologista e chefe do ambulatório de Glaucoma e Ultrassom Ocular no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN), da Rede Ebserh, Ana Helena Garcia, esclarece sobre sintomas, diagnóstico e caminhos para o tratamento do glaucoma.
“O glaucoma é uma doença progressiva e multifatorial do nervo óptico. É a segunda causa de cegueira no mundo, sendo a primeira causa de cegueira irreversível. Tem na pressão ocular elevada (valores acima de 21mmH), o principal fator de risco para seu desenvolvimento. A doença é mais prevalente a partir da 4ª década de vida e não possui sintomas ou sinais de alarme”, explica a especialista.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2030, espera-se que haja em torno de 100 milhões de portadores de glaucoma no mundo. A prevalência da doença aumenta com a idade, chegando de 3,5 a 5,5% perto dos 70 anos. O glaucoma geralmente está relacionado ao aumento da pressão intraocular, ligado, em sua maioria, a fatores genéticos, mas também pode ter condições médicas sistêmicas associadas.
De acordo com a médica oftalmologista do Huol, a maioria dos casos de glaucoma tem causa desconhecida, sendo denominado de glaucoma primário, porém, cirurgias, traumas e inflamações oculares podem causar outro tipo de glaucoma, o secundário. “Os principais fatores de risco para a doença primária são a hipertensão ocular (principal fator de risco associado), hereditariedade (doença é seis vezes mais prevalente que a população normal), etnia negra, miopia, entre outras. Destacamos que a hipertensão ocular pode ou não associar-se ao diagnóstico de glaucoma, não sendo, portanto, condição essencial para a patologia”, frisa Ana Helena Garcia.
A especialista ainda fala sobre o glaucoma infantil, ou congênito, que tem uma abordagem diferente. A doença é também uma neuropatia óptica progressiva que pode surgir desde o nascimento até os três anos de idade, vem sempre acompanhado do aumento da pressão ocular e tem a cirurgia como principal abordagem terapêutica. “Em geral, o glaucoma infantil tem controle mais difícil que o do adulto”, destaca.
Ana Helena Garcia pontua que o glaucoma pode ser diagnosticado por meio dos exames oftalmológicos de rotina, que devem ser anuais, principalmente a partir dos 40 anos de idade e nos familiares de portadores de glaucoma.
“Uma vez se tratando de doença silenciosa, sem sintomas ou sinais de alarme, as consultas oftalmológicas de rotina, que devem ser anuais, pelo menos a partir da quarta década, são fundamentais para o diagnóstico precoce da doença”, destaca.
Exames oftalmológicos, como a tonometria (medição da pressão ocular), exame de fundo de olho e campimetria (teste de campo visual), além do exame de tomografia de coerência óptica do nervo óptico (OCT) são algumas formas de diagnóstico. A doença pode ser detectada somente com o exame oftalmológico cuidadoso, em que o médico faz a medida da pressão intraocular, o exame de fundo de olho e, quando necessário, solicita outros exames. “O diagnóstico precoce e tratamento imediato são fundamentais para a prevenção da cegueira pela neuropatia glaucomatosa”, afirma a médica oftalmologista do Huol.
Geralmente, o tratamento do glaucoma é feito com colírios, podendo-se recorrer ao laser e à cirurgia, conforme recomendação médica. O tratamento é indicado de acordo com o tipo de glaucoma e estágio da doença, bem como a velocidade de progressão. “O médico oftalmologista especialista em glaucoma é o profissional que orientará a estratégia de tratamento necessária para cada paciente individualmente. O diagnóstico precoce e a manutenção da regularidade do tratamento, seguindo a prescrição médica, é essencial para se obter o sucesso pretendido: a estabilidade da doença e a prevenção da cegueira pelo glaucoma”, explica Ana Helena Garcia.
O Huol faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
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