“Quando a chuva chega com mais intensidade, o meu coração fica pequeno de tanta aflição. Mesmo tomando medidas para reduzir os alagamentos na minha casa, como as barricadas feitas pelo meu esposo, a falta de estrutura na comunidade da África permite que o caos se repita todos os anos”, contou Michelle Martins, moradora da zona Norte de Natal.
O relato da moradora traduz o sentimento de inúmeros potiguares que enfrentam os transtornos sempre que as chuvas chegam com mais intensidade em território potiguar.
Na Cidade do Sol, foi decretado estado de calamidade pública ainda na noite do domingo (3). A Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) aponta que, de sábado (2) até esta segunda-feira (4), o município acumulou 191mm de água. A média prevista para julho na cidade era de 245mm. No entanto, nos primeiros 4 dias do mês já foram registrados 235mm.
O intenso volume de água causou o transbordamento de lagoas de captação, deixou imóveis alagados com perdas de pertences dos moradores, crateras abertas em várias regiões da cidade, redes de drenagem afetadas, provocou deslizamentos em áreas de encostas, queda de árvores e casas interditadas por causa do risco de desabamento.
O local de maior gravidade registrada pelas autoridades foi na zona Oeste. A Rua Mirassol, localizada no bairro de Felipe Camarão, foi tomada por diversas crateras. Cerca de 25 casas foram interditadas pela Defesa Civil. De acordo com o órgão, todas as famílias foram retiradas, exceto um morador que se recusou a sair. A Secretaria Municipal de Infraestrutura já está no local trabalhando na recuperação da via. O acidente ainda causou o afundamento de uma parte da BR-226, que foi interditada pela Polícia Rodoviária Federal.
Já na zona Norte, uma cratera reapareceu após 3 anos na Rua Santo Inácio de Loyola, no bairro Igapó. A via ficou completamente interditada.
No bairro Nossa Senhora da Apresentação, outra cratera reabriu pela terceira vez somente este ano. Durante o domingo, uma bicicleta e duas motocicletas caíram no buraco. Um dos motociclistas chegou a quebrar uma perna. Os demais foram resgatados sem ferimentos graves.
Outra área fortemente atingida foi a Rota do Sol, na zona Sul. A Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Rota do Sol recebeu um alto volume de água e a via ficou alagada.
Somente em Natal, 12 lagoas transbordaram. Foram elas: Panatis, São Conrado, Esperança, Pajuçara, Xavantes, Pirangi (Ayrton Senna), Soledade, Santarém, Jacaré, Preá, Ponta Negra e Jiqui.
A Defesa Civil do município relata que atendeu aproximadamente 50 chamados desde o início das chuvas, na sexta-feira (1).
Na região Metropolitana de Natal, outra cidade bastante afetada pelas chuvas foi Parnamirim, onde o acumulado de água registrado pela Emparn foi de 281mm – mais do que a média, de 230mm, prevista para todo o mês de julho no município.
Diversas ruas e avenidas da cidade ficaram alagadas, como por exemplo, a Avenida Doutor Luiz Antônio, no Jardim Planalto, onde passa a linha do trem que leva a Cajupiranga. Duas lagoas se formaram ao lado da linha férrea, deixando os moradores ilhados.
No bairro Boa Esperança, moradores tiveram suas casas alagadas e perderam móveis.
O chefe da Unidade Instrumental de Meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot, explicou que as chuvas nas últimas 48h foram causadas pelo contraste térmico entre o continente e o oceano. “A atuação das ondas de leste, sistema meteorológico que se forma sob o oceano traz muita umidade. As águas do oceano muito aquecidas em contato com a atmosfera do território favorecem a formação das chuvas” explicou.
De acordo com Bristot, a previsão é que as chuvas continuem ao longo de toda a semana, sendo mais intensas nos inícios de madrugada e manhãs. “Nesses horários há o incremento da atuação do sistema de brisa, tendo sempre possibilidade de chuvas mais intensas e mais fortes”, disse.
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