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“Fora de discussão”, diz STTU sobre aumento tarifário em Natal

O Conselho Municipal de Transporte emitiu nota de repúdio informando que não debateu o assunto do reajuste, divulgado por empresários na última semana

por: NOVO Notícias

Publicado 30 de janeiro de 2023 às 15:30

Ônibus - Tarifa - Transporte

Tarifa está há 44 meses sem reajuste e empresários alegam que a desatualização monetária levará sistema à falência – Foto: Frankie Marcone/Arquivo/Novo

O aumento tarifário do transporte público de Natal, altamente especulado na última semana, por enquanto está fora de discussão para o Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (CMTMU). Foi o que informou o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), Walter Pedro, após a última reunião do CMTMU, realizada na quinta-feira (26).

Uma suposta discussão interna do Conselho sobre o aumento da tarifa, vazada por alguns dos conselheiros, não agradou os usuários. “Aumento de tarifa com um serviço que é uma piada para a população. Deveriam discutir a melhoria do serviço e principalmente da frota”, comentou Larissa de Oliveira, leitora do NOVO, nas redes sociais.

As pautas citadas por Larissa são as que de fato devem entrar em discussão nos próximos encontros do CMTMU, que acontecem nas últimas quintas-feiras de cada mês. “Na próxima reunião, a gente vai iniciar as discussões sobre a qualidade do serviço do transporte público em Natal. Pelo menos nessa primeira reunião, a tarifa estará fora de discussão. Só vamos entrar nessa pauta quando a gente conseguir concluir todas as discussões com relação ao transporte”, informou Walter.

No dia 20 de janeiro, alguns empresários conselheiros divulgaram para a imprensa um pedido de atualização, em caráter de urgência, da planilha tarifária do transporte público de Natal à STTU. De acordo com eles, “a atual tarifa vigora desde 19 de maio de 2019, portanto há 44 meses estando completamente desatualizada”.
De acordo com Nilson Queiroga, consultor técnico do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn), a não atualização desse documento “vai levar à falência todo o sistema de transporte público de Natal”.

Durante a reunião deste mês de janeiro, integrantes do CMTMU criticaram a divulgação do assunto, uma vez que ele ainda não havia virado pauta para discussão no Conselho. “Houve apenas a discussão de trazer o assunto em pauta. Eu sou favorável que qualquer assunto que se refira ao transporte público de Natal venha a este Conselho. Nosso nome não deve ser passado para a imprensa de forma deturpada”, disse André Arruda, presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa.

A STTU informou ter sido pega de surpresa com a divulgação do suposto aumento tarifário. “Nos estranhou, porque até então os interessados iam pessoalmente à imprensa fazer algum tipo de reclamação ou denúncia, mas nunca usavam uma discussão do Conselho para pautar a imprensa, sem autorização, colocando algumas entidades em uma situação de desconforto. A Secretaria sempre teve responsabilidade com relação às discussões da tarifa. Sempre tivemos o cuidado de divulgar os novos valores após exaustivas discussões. No momento oportuno que a gente receber o projeto que a Associação Nacional do Transporte Público fizer, a equipe técnica precisa de um tempo para analisá-lo e aprová-lo. Aí traremos para discussão no Conselho”, disse o adjunto Walter.

“A gente entende que o Seturn articulou com os empresários para pautar, no Conselho, o aumento da tarifa; mas não tem a mesma disposição para iniciar o processo de licitação do transporte público com a Prefeitura de Natal, que está há mais de 10 anos sem nenhum processo de licitação. Enquanto isso, os ônibus estão caindo aos pedaços”, disse Milena Barbosa, representante da União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (UESP).

Ao NOVO, Milena disse que os empresários estão querendo implantar um “cavalo de tróia”. “A discussão da planilha tarifária também inclui o aumento da passagem. E é exatamente contra isso que a gente se posiciona. Quem é estudante e pega ônibus todos os dias, enfrenta a realidade da superlotação do transporte, a falta de estrutura e todas as questões que temos que enfrentar cotidianamente. Somos pela diminuição da passagem, pelo passe livre, mas que isso seja feito com luta, e não com conchavos”, concluiu.

O CMTMU emitiu, após a reunião da última quinta-feira, uma nota de repúdio informando que não aprovou nem cobrou reajuste das tarifas de ônibus de Natal. O Conselho disse que o requerimento do Seturn ainda não foi apreciado. “Não foi assinado nenhum ofício/documento coletivo à Prefeitura, nem tampouco houve manifestação coletiva de cobrança ou favorável a reajuste tarifário”, informou o documento.

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