Alterações oculares detectadas em consultas de rotina podem ser sinais de condições como diabetes, hipertensão e Doença de Wilson, mas exames complementares são necessários para confirmação do diagnóstico

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Saúde Exames oculares podem indicar várias doenças do corpo humano

Alterações oculares detectadas em consultas de rotina podem ser sinais de condições como diabetes, hipertensão e Doença de Wilson, mas exames complementares são necessários para confirmação do diagnóstico

por: NOVO Notícias

Publicado 5 de agosto de 2024 às 16:30

Alterações oculares detectadas em consultas de rotina podem ser sinais de condições como diabetes, hipertensão e Doença de Wilson, mas exames complementares são necessários para confirmação do diagnóstico

Uma simples consulta ao oftalmologista com a realização de exames oculares de rotina podem ser uma ferramenta valiosa para a identificação precoce de diversas condições sistêmicas, oferecendo pistas importantes sobre a saúde geral do paciente. Esses exames não substituem a necessidade de diagnósticos mais aprofundados, mas podem servir como sinais de alerta que levam à investigação de doenças mais graves.

Segundo o oftalmologista Luiz Augusto, do Hospital de Olhos de Parnamirim, a hipertensão arterial, por exemplo, pode ser indicada por alterações nos vasos sanguíneos da retina, como o estreitamento das artérias ou o aparecimento de hemorragias. Da mesma forma, níveis elevados de colesterol podem se manifestar por meio de depósitos de gordura na córnea, conhecidos como arco senil, ou em outras estruturas oculares.

Em casos de esclerose múltipla, uma inflamação do nervo óptico, chamada de neurite óptica, pode ser detectada durante um exame de visão, sinalizando a necessidade de exames neurológicos complementares. Tumores cerebrais, por sua vez, podem ser sugeridos pelo inchaço do nervo óptico, conhecido como papiledema.

As doenças autoimunes, como a artrite reumatoide ou o lúpus, podem causar inflamações nos olhos, como a uveíte, enquanto a doença de Graves, que afeta a tireoide, pode provocar sintomas oculares como exoftalmia, onde os olhos se projetam para fora das órbitas.

O diabetes é outra condição sistêmica que pode ser detectada através de exames de visão. Pacientes diabéticos podem desenvolver retinopatia diabética, uma complicação que afeta os vasos sanguíneos da retina. Durante um exame ocular, o oftalmologista pode identificar sinais como microaneurismas, hemorragias retinianas, edema macular (acúmulo de líquido na mácula, parte central da retina) e neovascularização (crescimento anômalo de novos vasos sanguíneos).

Essas alterações são indicativos de que o diabetes pode estar mal controlado e já afetando a visão, exigindo um acompanhamento médico rigoroso para evitar a progressão da doença e a perda de visão. Assim como outras condições, o diagnóstico definitivo do diabetes exige exames complementares, como testes de glicemia e hemoglobina glicada.

“Temos várias doenças no corpo humano que, às vezes, são diagnosticadas em um simples exame de rotina. O paciente vem para a consulta e, quando olho a retina do paciente, encontro algo suspeito. Na última semana, recebi uma paciente que veio ao consultório se queixando de visão embaçada. Perguntei se era diabética, se tinha pressão alta e ela afirmou que não. Mas quando olhei o fundo do olho, eu percebi que era diabética. Pedi os exames, ela voltou na semana seguinte e o diagnóstico se confirmou. Estava com as taxas descontroladas, inclusive. Então, costumo até ‘brincar’ com os pacientes que quando olho a retina, estou vendo a alma deles, porque através dela podemos ver indícios de várias doenças”, esclarece oftalmologista.

Outra condição detectável através de exames oculares é a doença de depósito, como é o caso da Doença de Wilson, que pode ser identificada pelos chamados anéis de Kayser-Fleischer. Esses anéis dourados ou esverdeados ao redor da córnea resultam do acúmulo de cobre no olho e, em alguns casos, podem ser o primeiro indício da doença. “É um sinal próprio e característico de uma doença. Então, quando a gente vê esses sinais no exame, provavelmente é doença de Wilson”, afirma o oftalmologista Jaime Martins, acrescentando que as consultas devem ser feitas, no mínimo, uma vez ao ano.

Embora os sinais detectados nos exames de visão sejam importantes, é importante ressaltar que eles são apenas o início de um processo diagnóstico que deve ser seguido por testes adicionais para confirmar qualquer condição sistêmica suspeitada. A avaliação ocular é um indicativo valioso de que algo pode estar errado em outras partes do corpo, destacando a importância de exames regulares e detalhados.

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