Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) traz esperança de um novo exame para auxiliar no diagnóstico precoce do câncer de mama. Utilizando apenas algumas gotas de sangue, o exame poderá ser usado como um método complementar de triagem da doença junto ao exame de mamografia, no qual duas placas achatam o seio por alguns segundos para registro de imagens.
Atualmente, a mamografia é o método preconizado para o rastreamento do câncer de mama, sendo o mais eficaz para detecção precoce e a única modalidade de triagem que provou reduzir a mortalidade pela doença. No entanto, o exame chamado Bioespectroscopia poderá servir de aliado importante na luta contra a doença, pois auxilia no processo de identificação da neoplasia em fase inicial.
Conduzida pelo professor do Instituto de Química da UFRN, Kássio Michell Gomes de Lima, a pesquisa, iniciada em 2017, envolveu, em sua primeira fase, 476 mulheres, entre elas pacientes da Liga Norte Riograndense contra o Câncer.
“A pesquisa consiste na construção de um método rápido para detectar presença ou ausência do câncer de mama em pacientes saudáveis e em pacientes com diagnóstico de câncer de mama” explica Michell, que, atualmente participa de uma pesquisa sobre detecção do câncer de pulmão a partir da saliva em um hospital da Inglaterra.
Com resultados promissores, a Fase I da pesquisa foi concluída em 2020 e o resultado foi publicado na revista científica Nature. A Fase II da pesquisa, chamada etapa de validação, inicialmente estava prevista para começar em 2020, o que não foi possível devido à pandemia de Covid-19.
Segundo Michell, atualmente, os pesquisadores estão em tratativas para iniciar a elaboração do projeto da Fase II. “Na segunda etapa do estudo, o modelo construído na Fase I passará por uma validação interna, com os resultados obtidos na Fase I sendo monitorados, dentro de um hospital, por um período de seis meses a um ano para certificar se os resultados obtidos na Fase I continuam mantendo o mesmo desempenho”.
Posteriormente, numa terceira e última fase o modelo construído é aplicado”, explica ele. Após iniciada a Fase II, seriam necessários mais dois anos para a pesquisa ser concluída.
RN registrou mais de 2,3 mil casos em 2023
O câncer de mama é o mais prevalente na população feminina no Rio Grande do Norte, de acordo com o Painel Oncologia do sistema de dados do Ministério da Saúde (TABNET-DATASUS).
No ano de 2021, foram registrados no RN, 1.651 casos positivos, seguidos por 1.641 registros em 2022 e 2.304 casos em 2023. Vale destacar que os números mostram um aumento de 663 casos de câncer de mama no ano de 2023 em comparação com 2022.
A chance de cura ultrapassa os 90% quando o diagnóstico é feito no estágio inicial da lesão, ou seja, antes do aparecimento de um nódulo.
O Sistema Único de Saúde (SUS) recomenda a mamografia de rastreamento a cada dois anos para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, mesmo sem a presença de sintomas. O encaminhamento da paciente para realização do exame de mamografia é realizado pelo médico durante a consulta.
Aumento nos exames
No ano de 2023, foram realizados 44.477 exames de mamografia na população feminina na faixa etária dos 50 a 69 anos no Rio Grande do Norte. Em Natal, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que não há demanda reprimida ou fila de espera para realização de mamografias e que, caso a mulher necessite do exame, ela é encaminhada para a realização do mesmo.
Ainda de acordo com a SMS, cinco prestadores de serviço realizam mamografias no município, além da unidade móvel que semanalmente oferta o exame de forma itinerante.
Em 2022, o município de Natal realizou 21.608 mamografias, e em 2023 foram 25.119 exames realizados, segundo dados coletados no Sistema de Informações do Câncer (SISCAN).
A unidade móvel do Grupo Reviver, parceiro da Prefeitura de Natal, realiza exames de mamografia de forma itinerante durante todo o ano. O atendimento acontece para mulheres com idade a partir de 40 anos e não precisa de solicitação de exame para receber o atendimento.
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