Loja da Americanas - Foto: Divulgação/Grupo Americanas

Economia

OPERAÇÃO Ex-diretores da Americanas são alvo de busca e apreensão pela PF

Fraudes contabéis nas Lojas Americanas, segundo as investigações, chegaram a R$ 25 bilhões

por: NOVO Notícias

Publicado 27 de junho de 2024 às 08:48

Loja da Americanas – Foto: Divulgação/Grupo Americanas

A Polícia Federal (PF), em colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), iniciou nesta quinta-feira (27), a Operação Disclosure, contra ex-executivos da Americanas, incluindo o ex-CEO Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, uma de suas diretoras, que já são considerados foragidos. As fraudes contabéis nas Lojas Americanas, segundo as investigações, chegaram a R$ 25 bilhões.

Em nota, a Polícia Federal informa que no decorrer da operação, cerca de 80 policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores, localizadas no Rio de Janeiro. O Ministério Público informou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prestou apoio técnico durante a investigação.

Por ordem da Justiça Federal, foi determinado o bloqueio de bens e valores dos ex-diretores, ultrapassando R$ 500 milhões. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Miguel e Anna Christina estão no exterior. Seus nomes serão incluídos na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo.

As investigações levantaram evidências de que os ex-diretores participaram de fraudes contábeis através de operações de risco sacado, o que possibilitou à empresa antecipar pagamentos a fornecedores mediante empréstimos bancários. Também foram detectadas irregularidades em contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), incluindo a contabilização de VPCs que não existiam.

Ainda de acordo com informações do Ministério Público, há evidências que sugerem a ocorrência de crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, formação de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

 

Como Funcionava a Fraude:

A Polícia Federal revelou que o esquema envolvia a falsificação dos resultados financeiros do conglomerado, criando uma ilusão de aumento de caixa e, consequentemente, inflando artificialmente o valor das ações das Americanas na bolsa.

Segundo a PF, essa manipulação permitia que os executivos recebessem bônus milionários por desempenho e lucrassem com a venda das ações supervalorizadas no mercado financeiro.

A fraude foi identificada em pelo menos duas práticas:

  1. Risco Sacado: Antecipação de pagamentos a fornecedores através de empréstimos bancários;
  2. Verba de Propaganda Cooperada (VPC): Incentivos comerciais que, no caso específico, eram registrados sem nunca terem existido.

A operação é resultado de uma investigação iniciada em janeiro de 2023, após a empresa reportar “inúmeras inconsistências contábeis” e um déficit patrimonial inicialmente estimado em R$ 20 bilhões. Posteriormente, a Americanas revelou que a dívida real era de R$ 43 bilhões.

Diversos crimes foram identificados, incluindo manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, os envolvidos podem pegar até 26 anos de prisão.

A força-tarefa incluiu procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e representantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A atual administração do Grupo Americanas também colaborou fornecendo informações da empresa.

O termo “Disclosure”, utilizado pela Polícia Federal para nomear a operação, é comum no mercado de capitais e refere-se ao fornecimento de informações aos interessados na situação de uma companhia, destacando a importância da transparência nas empresas de capital aberto.

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