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Estadão publica matéria em que médico cearense confirma ter sido pressionado pela Hapvida para receitar ‘kit covid’

Na edição desta segunda-feira (11), o jornal paulista destaca relato de Felipe Peixoto, que afirma ter havido imposição da operadora e ameaças de demissão a quem se negasse prescrever a droga mais de duas vezes consecutivas

por: NOVO Notícias

Publicado 11 de outubro de 2021 às 22:07

Hospital Eugênia Pinheiro, da rede Hapvida, em Fortaleza. Foto: Divulgação/Hapvida

 

O jornal O Estado de S.Paulo voltou a publicar matéria sobre o plano de saúde Hapvida. Na edição desta segunda-feira (11), o diário paulista destacou reportagem sobre o médico generalista Felipe Peixoto, que relata ter sofrido pressão da operadora de planos de saúde para receitar o chamado ‘kit covid’, composto por medicamentos sem eficácia ou contraindicados para tratar pessoas infectadas pelo novo coronavírus, como a hidroxicloroquina.

Felipe Peixoto, que deixou a Hapvida, afirma ter havido uma imposição da operadora e que “ameaçaram demitir qualquer médico que ultrapassasse a negativa de prescrever a droga mais de duas vezes consecutivas”.

A Hapvida é investigada pelo Ministério Público do Ceará, onde funciona. É lá também onde a operadora foi notificada a pagar multa de R$ 468,3 mil, pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, do MP cearense, por impor, “indistintamente a todos os médicos conveniados”, que receitassem medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com covid – como aponta o Estadão na matéria “Médico que trabalhou na Hapvida relata pressão para receitar ‘kit covid’ e cita ameaças de demissão”.

O NOVO Notícias publicou na edição do último sábado (9) a matéria “Na mira do Ministério Público, hospital da Hapvida receita ‘kit covid’ até a pacientes sem teste para a doença”, onde relata que no Rio Grande do Norte, a operador está na mira do Ministério Público estadual, que, em mais de um procedimento, apura a conduta de médicos e de hospitais pertencentes à rede.

Em uma das ações no Rio Grande do Norte, oriunda da denúncia de um usuário do plano de saúde, no Hospital Antônio Prudente, os médicos estavam receitando o chamado “kit covid”, contendo uma série de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. No caso dessa denúncia específica, a situação é ainda mais grave pelo fato de a unidade hospitalar sequer ter realizado o teste para diagnóstico da doença, com os medicamentos sendo receitados para tratamento da possível Covid com base apenas em sintomas relatados pelo paciente.

“O hospital do Alecrim da Hapvida não está realizando exame de Covid nos pacientes, mesmo quando o paciente solicita ou exige; também está receitando cloroquina e ivermectina, mesmo quando eu não aceitei a ivermectina. Solicitei o Azitromicina, também não me foi receitado, somente obtive a confirmação da Covid por exame particular e outras duas pessoas que tiveram contato comigo também foram se consultar na Hapvida e tiveram o mesmo atendimento que eu, por médicos diferentes”, diz um trecho da denúncia feita ao MP.

A matéria do Estadão cita o ocorrido em Natal e que está sob alvo do MPRN. “A Hapvida também é investigada por receitar o kit covid mesmo sem aplicar o teste para diagnóstico dos pacientes. Um inquérito foi aberto pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, a partir da denúncia de um paciente. Ele contou aos promotores que os médicos receitaram cloroquina e ivermectina antes de terem certeza de que estava infectado. O paciente ainda disse que precisou pagar pelo teste em uma clínica privada. O caso, denunciado em julho, segue sob investigação. O MP já oficiou a operadora para esclarecimentos.”

Após a publicação da matéria “Na mira do Ministério Público, hospital da Hapvida receita ‘kit covid’ até a pacientes sem teste para a doença“, publicada na edição 25, do NOVO Notícias, leitores do jornal relataram experiências semelhantes à da denúncia que provocou a investigação em curso pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte.

“Eu tive que assinar um termo pra poder sair do hospital, quando questionei disseram que era protocolo, eu louca pra sair de lá assinei e peguei tudo em um saco! Eu tinha na verdade uma alergia!! Eu não tomei os remédios, mas recebi tudo dentro de um saco e fui embora!”, diz a leitora.

Em outro comentário, um leitor conta que ainda possui a receita médica, no entanto, ele sequer teve teste feito para a doença: “Eu ainda tenho minha receita, e detalhe que não fiz o teste pra confirmar que estava com covid”.

No caso da matéria, o Ministério Público solicitou informações diretamente à administração do Hospital Antônio Prudente. O parquet encaminhou quatro questionamentos, que foram respondidos, em alguns casos, com certa omissão, como no caso da primeira pergunta, onde o hospital confirma existir um “protocolo institucional” para tratar pacientes com Covid-19.

 

Defesa

Em nota enviada ao Estadão, a Hapvida diz que, no ano passado, ainda havia um entendimento de que a hidroxicloroquina poderia trazer benefícios aos pacientes. “No melhor intuito de oferecer todas as possibilidades aos nossos usuários, houve uma adesão relevante da nossa rede, mas a adoção da hidroxicloroquina foi sendo reduzida de forma constante e acentuada. Hoje, a instituição não sugere o uso desse medicamento, por não haver comprovação científica de sua efetividade”. A nota diz, ainda, que “desde o primeiro momento, a Hapvida defende e promove a vacinação, o uso de máscaras e as práticas de distanciamento social”.

A rede afirma que foram abertos mais de mil leitos de UTI e contratados mais de 6 mil profissionais de saúde. Houve a compra de mais de 532 respiradores, além do aluguel de prédios para a ampliação dos espaços de internação e a aquisição de equipamentos de proteção em grande quantidade para reforçar a segurança dos profissionais.

 

 

 

 

 

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