O transbordamento de Estações de Tratamento de Esgoto em Natal continua preocupando moradores e comerciantes das regiões afetadas. Em Pium, a ETE transbordou no dia 4 de julho em virtude das fortes chuvas que ocorreram na cidade. Os resíduos chegaram a invadir uma rua da localidade.
De acordo com a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), a caixa equalizadora, que é uma estrutura de concreto e fica na entrada da estação, rompeu por forças externas. Como consequência, provocou danos no talude, gerando o rompimento.
O engenheiro civil, professor de física, orquidólogo e orquidicultor Edison Mattos mora a cerca de 100 metros da Estação. Ele conta que viu seus vizinhos passando sufoco. “Meus vizinhos já tiveram a rua levada embora. Três deles tiveram suas casas parcialmente destruídas e dois ou três tiveram muita água dentro de casa, contaminando tudo que tinham”, relatou.
A casa de Edison não foi afetada pelo transbordamento, mas ele teme pelo pior. “O valor botânico que tem na minha propriedade é inestimável, porque eu tenho plantas únicas lá, que fazem parte das minhas pesquisas. E além de tudo é minha casa, né? Tem minha família lá dentro, meus animais… Se houver algum rompimento, eu tenho problemas seríssimos”, disse.
Para o morador, o que a Caern vem falando sobre a ETE Pium não é real. Ele formalizou denúncias ao Ministério Público (MPRN) e ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RN). “Aquilo ali não é uma lagoa, é uma barragem de rejeitos igual a de Brumadinho. Por isso minha preocupação. Se ela fosse enterrada, eu não estaria me preocupando. O problema é que ela é ‘para cima’ e oferece riscos. Se não houver um tratamento adequado do talude, a qualquer momento aquilo pode se romper e levar tudo que tem ali pra baixo. E a minha casa é a primeira a ser atingida”, disse Mattos.
Em nota, o MPRN informou que vem acompanhando a situação da ETE Pium permanentemente e com maior rigor desde as fortes chuvas registradas no Estado nos últimos dias. “Diante do aumento do volume de água dessa ETE, o MPRN mantém contato diário com a Caern e o Idema para monitorar eventuais riscos de danos ambientais, o que não há comprovação até o momento. Além disso, o MPRN está fazendo coletas de amostras da água do local voluntariamente para analisar o tratamento dos efluentes”, informou.
Pós-transbordamento
A Caern foi autuada pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema) pelos danos ambientais causados após o transbordamento. Em nota, a Companhia afirma ter realizado todo o monitoramento da área após o ocorrido, inclusive com drone, e alega que não há registro de extravasamento para o Rio Pium. “A empresa já iniciou a sucção das áreas que apresentam acúmulo de resíduos e está empenhando todos os esforços para restabelecer a estrutura danificada. A Caern também está adotando todas as ações de contingência e emergência necessárias para mitigar os problemas ocasionados. A situação está sob controle”, informou.
Um relatório detalhado deve ser entregue pela Caern de maneira oficial até o início desta semana. No documento, há a expectativa da Companhia explicar se a lagoa, que trabalha com algo em torno de 20% de sua capacidade, não resistiu e rompeu por falha da companhia ou por motivos externos.
Outras ETEs
Além da ETE Pium, outras estações apresentaram problemas nos últimos dias. A ETE Rota do Sol também recebeu um alto volume de água, o que prejudicou sua lagoa de infiltração. Segundo a Caern, a estrutura que retém o efluente já tratado, formando a lagoa, foi parcialmente levado pelo alto volume de água, extravasando para a Rota do Sol. Após quatro dias de interdição, a via foi liberada para o tráfego de veículos.
Já a Estação de Tratamento de Esgotos Jaguaribe, que está em obras, teve um trecho do muro tombado na última semana. O muro e uma rua projetada estão sendo refeitos pela Prefeitura.
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