Cotidiano

Especial Dia das Mães – De repente, mãe

Após a morte da mãe, publicitária potiguar assumiu o irmão de 10 anos: ‘amor incondicional’

por: NOVO Notícias

Publicado 2 de maio de 2022 às 16:36

Angélica Medeiros e Iago Medeiros

Angélica Medeiros e Iago Medeiros – Foto: Arquivo Pessoal

Uma vida sem amarras. Sem casamento e sem filhos. Essa era a ideia de Angélica Medeiros para a sua vida. No entanto, o destino tomou conta de mudar os planos e a entregou, sem mais nem menos, um filho de 10 anos.

Tudo aconteceu em 2002, quando a mãe de Angélica faleceu e seu irmão caçula, Iago, ainda era criança. Automaticamente ela se viu no dever de assumir a responsabilidade dele, afinal, o pai nunca foi presente.

Foi então que, aos 29 anos, a publicitária virou mãe. “Eu morava com minha avó e meu irmão morava com minha mãe. Ele era o caçula de quatro irmãos. Eu já era bem presente na vida dele; é tanto que sempre brinquei que minha mãe era minha barriga de aluguel. Aí ela teve um AVC aos 47 anos e faleceu, e eu assumi ele”, contou Angélica.

Ao longo dos anos, a ‘irmãe’ teve um grande apoio de sua avó, mãe da sua mãe, para cuidar de Iago. “Moramos com minha avó por alguns anos e ela me deu um suporte muito grande. Durante um tempo, eu achava que podia suprir essa falta da nossa mãe com tudo que Iago queria. Fazia tudo que ele pedia. Então minha avó foi muito importante nesse processo, porque ela me deu limite e abriu meus olhos para essas questões”, revelou.

Vinte anos depois, Angélica conta que não se arrepende de nada que fez pelo filho, e que o ama incondicionalmente. “Acho que, se ele tivesse nascido da minha barriga, não seria tão amado. Eu não cheguei a ter filhos biológicos, mas o amor que tenho por Iago é incondicional. Ele é a pessoa mais importante da minha vida e eu a daria por ele. Hoje eu vivencio o que todas as mães falam, sobre preocupação, amor e cuidado. É um vínculo genuíno”, disse.

Angélica ponderou, ainda, se o sentimento forte que sente tem a ver com o vínculo sanguíneo. “Ele não é meu filho biológico, mas é do meu sangue. Eu não sei se essa questão do sangue aumenta esse laço, esse amor. Mas acredito que não. Se ele não fosse da minha família, eu continuaria o amando sem medidas”, declarou.

E a mulher que não queria ser mãe, hoje, aos 49 anos, esbanja orgulho do filho e já sonha até com os netos. “Hoje sou muito orgulhosa por Iago. Ele nunca teve uma figura de pai, perdeu a mãe aos 10 anos, foi assumido pela irmã, e mesmo assim se tornou uma pessoa do bem, responsável, tem o trabalho dele, a vida dele, só falta me dar um neto. De preferência homem”, contou Angélica aos risos.

Sobre o sentimento de Iago, Angélica revela que ele não a vê como mãe, pois quando perdeu a biológica e foi adotado por ela, já era consciente. “Eu o chamo de filho, mas ele não me chama de mãe. Mesmo assim, não acho que ele me enxerga como nossos outros dois irmãos. Vejo que ele tem uma preocupação, um carinho, um cuidado e respeito diferentes por mim”, contou.

De acordo com o próprio Iago, hoje com 30 anos, o laço dos dois é ‘lindo e fortíssimo’. “Ter uma irmãe, no meu caso, não foi algo estranho ou diferente. Desde cedo ela me teve como filho. Cuidou de mim como se eu tivesse realmente sido gerado por ela. E a partir do momento que nossa mãe se foi, esse lado coruja dela aflorou mais ainda e tudo se tornou muito natural. Eu não senti tanto essa perda porque eu já era e fui muito mais amparado por Angélica. Nossa avó completou esse cuidado e assim seguimos até a minha fase adulta. Fui cuidado, mimado e, principalmente, muito amado. Até hoje é uma babação danada. Hoje em dia cada um vive sua vida, mas a vida em si sempre trata de nos manter por perto. É incrível”, contou o também publicitário.

O Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, dia 8 de maio, é um momento de celebração em quase todas as famílias, e na de Angélica não seria diferente. Mesmo não a chamando de mãe, Iago faz questão de presentear e estar perto de Angélica na data. “O Dia das Mães é perto do meu aniversário, que é dia 10 de maio. Então sempre recebo presentes. Antigamente comemorávamos na casa da minha avó. Mas depois que ela faleceu, em 2014, paramos. Mas sempre damos um jeito de nos ver”, explicou Angélica.

“Hoje em dia cada um vive sua vida, mas a vida em si sempre trata de nos manter por perto. É incrível”, finalizou Iago.

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