Com as eleições gerais de 2022 cada vez mais próximas, o clima vai ficando mais acirrado, principalmente entre os apoiadores dos dois principais candidatos à presidência da República: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente Jair Messias Bolsonaro. O episódio mais recente foi a morte de um líder do Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu, no Paraná, no sábado (9). Ele foi assassinado na própria festa de aniversário por um homem que invadiu o espaço gritando palavras de apoio ao presidente Bolsonaro.
A animosidade entre os mais fervorosos é perceptível já há algum tempo, principalmente nas redes sociais. Mas, nos últimos dias os efeitos começaram a sair do mundo virtual e fazer parte do cotidiano. Atos públicos de manifestação política tem causado preocupação pelos potenciais atos de violência.
“O fato é que o aconteceu este final de semana, é fruto de anos de problemas que os estudiosos já vêm alertando. Nossa sociedade está doente, as pessoas não conseguem mais respeitar os pensamentos do outro. A intolerância afasta qualquer um de ser alguém racional, como exemplo, temos um presidente que estimula sempre uma guerra entre bem e mal, evoca o que chamo de uma pauta de hipermoralização, e tudo isso tem reflexo nas bases desses sistemas ideológicos, que são as pessoas, os apoiadores”, afirmou o sociólogo Thiago Medeiros.
Há quem culpe a polarização, hoje protagonizada principalmente por petistas e bolsonaristas. No entanto, há que se questionar se isso realmente seria a raiz do problema, dado que a polarização não é novidade no Brasil que por quase duas décadas viveu embates, pautados em sua maioria pela diplomacia entre PT e PSDB, que dividiram o poder executivo do país com Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, principais adversários nas eleições.
“PT e PSBD sempre travaram suas disputas dentro do que posso chamar de campo democrático. Tinha ataques? Sim, mas era algo que não se estimulava como uma guerra. Muitos olham os atos no curto prazo, de maneira isolada, mas acredito ser essencial olharmos para o passado (história) e com o presente projetarmos o futuro, sendo assim, tudo que vem acontecendo no Brasil pode nos levar para um futuro sombrio, precisamos resgatar o diálogo, a prudência, solidariedade e o respeito”, disse Medeiros.
Mais violência
Os atos violentos foram intensificados nos últimos meses. Em 15 de junho, durante ato público em Uberlândia (MG), um drone agrícola despejou veneno sobre manifestantes. Já na última quinta-feira (7), uma bomba caseira com fezes foi atirada no meio de uma multidão que acompanhava um ato público de Lula no Rio de Janeiro.
Sobre esses episódios cada vez mais recorrentes, o sociólogo explica que “estamos vivendo um momento de grande perigo social. Diversos fatores contribuem para esse acirramento, desde problemas sociais, como pautas morais. O grande problema é que estávamos acostumados a tratar sobre política e outros temas com respeito ao próximo, mas essas travas morais foram retiradas e em parte as redes sociais contribuíram para isso, estamos imersos num ‘ódio’ que nos remonta ao tempo tribal, onde temos inimigos e não adversários”.
A ascensão da violência em ambiente político encontrou morada no ambiente virtual, onde muitas vezes é alimentada por desinformação e notícias falsas.
“Os ataques virtuais não vêm de hoje, e não apenas de um partido ou ideologia, mas o que antes ficava mais restrito ao ambiente digital, preocupa ainda mais por seu rompimento para o mundo real. Com o tempo esses integrantes propensos e alimentados por sua bolha, vão criando confiança e uma nova realidade que antes era virtual passa a se tornar real”, completa Thiago Medeiros.
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