Cotidiano

Erosão atinge 60% da costa potiguar e ameaça estrutura da Rota do Sol

Estudo realizado pela Universidade federal do Rio grande do norte em parceria com a Universidade Federal do Ceará aponta riscos de desabamento das falésias e propõe medidas de segurança

por: NOVO Notícias

Publicado 7 de fevereiro de 2022 às 15:05

Em Tabatinga, erosão causada pela chuva registra 15 ocorrências em menos de 100 m² – Foto: Rodrigo Amorim/Projeto Falésias

Mais da metade de toda a extensão da costa do estado do Rio Grande do Norte está sendo corroída pela erosão, processo de desgaste do relevo provocado por ação de elementos naturais, entre eles a chuva. É o que aponta o relatório do projeto Falésias – parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), que investiga o risco de desabamento das falésias do litoral e propõe medidas de segurança aos turistas e moradores próximos a essas áreas.

Em Barra de Tabatinga, um intenso processo de voçorocamento (erosão causada pela chuva), com 15 ocorrências em menos de 100 m², ameaça a destruição de parte da RN-063, a Rota do Sol, que passa a poucos metros de distância da falésia e está na eminência de ser atingida pela erosão.

“As voçorocas recebem diretamente as drenagens provenientes das calhas pluviais da RN-063”, aponta o relatório do projeto Falésias.

Vale lembrar que, na praia de Pipa, parte da falésia desabou em janeiro deste ano, não tendo deixado feridos. O trecho, entre a praia do Centro e a Baía dos Golfinhos, foi o mesmo em que, em 2020, morreu uma família após um deslizamento.

De acordo com os pesquisadores, a parte mais alta da Baía dos Golfinhos configura atualmente zona de risco elevado.

“A ocupação da borda do tabuleiro, nas proximidades da falésia, além de aumentar a instabilidade da área, gera uma zona de risco duplo. Tanto para quem está em cima, ter sua construção destruída pela erosão, quanto para quem transita pela praia”, destaca Rubson Pinheiro, professor do curso de Geografia da UFC e um dos coordenadores do projeto Falésias.

Além das construções urbanas, outros fatores de impacto são tráfego de veículos, drenagem pluvial inadequada de rodovias e até mesmo consequências diretas do aquecimento global. “Temos um contexto de elevação do nível do mar associado a praias estreitas. Assim, nas marés altas, as ondas incidem diretamente na base das falésias, acelerando sua erosão”, acrescentou o professor.

Ainda segundo o relatório, atualmente 60% da costa norte-rio-grandense, um total de 245 Km, apresentam erosão ou ação de processos erosivos.

Com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o projeto Falésias desenvolveu suas ações de março a novembro de 2021 para elaborar um diagnóstico e apontar ações mitigadoras de riscos nas falésias de Pipa, no município de Tibau do Sul, e de Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta.

A iniciativa contou com uma equipe de geógrafos, geólogos, engenheiro civil, além de estudantes de graduação, que atuaram na coleta de dados e imagens em alta resolução por meio de tecnologias como drones, radares e scanners. Nesse processo, foram consideradas as particularidades geológicas e geomorfológicas, bem como as dinâmicas costeira, territorial, ambiental e cultural. O relatório, divulgado no início do ano, detectou situações preocupantes nos municípios estudados com fraturas e colapso de blocos, entre outros.

Tags