A Sofá Design, uma rede de lojas de móveis potiguar que possui unidades em diversas cidades do país, vem sendo acusada de aplicar golpes em consumidores. Segundo os clientes, a empresa não estaria entregando os produtos comprados e estaria dificultando o cancelamento das compras e a devolução do dinheiro.
As principais denúncias apuradas pelo NOVO são em Natal, João Pessoa, Recife e Salvador. No entanto, também há denúncias em Fortaleza, Campinas, Campina Grande e Brasília.
A pernambucana Marney Spineli se diz uma das lesadas pela loja de Recife. De acordo com ela, foram cerca de R$ 7.800 gastos em produtos, que nunca chegaram. “Fiz minhas compras no dia 12 de novembro de 2022. Comprei um sofá, uma mesa com quatro cadeiras e um rack. O sofá era para ser entregue no dia dois de fevereiro, mas não entregaram. Fui atrás e o gerente me informou que não teria previsão de entrega. A mesa com as cadeiras e o rack, a previsão é março”, detalhou a consumidora.
O caso de Marney não é único. Em um grupo de WhatsApp de clientes lesados pela loja no Pernambuco, são mais de 100 participantes. Mesmo com as pendências, a população flagrou funcionários esvaziando o estabelecimento comercial, localizado em Boa Viagem, na madrugada do sábado (4) para o domingo (5).
Em Recife, cerca de 30 clientes se dizem lesados pela loja. Os prejuízos, de acordo com eles, variam de R$ 1.200 a R$ 7.400.
O mesmo cenário também pode ser observado na Paraíba. Em João Pessoa, a loja também foi fechada. Lá, são cerca de 60 clientes lesados. Os prejuízos variam entre R$ 1.500 e R$16.800.
Larissa Silva fez uma compra de uma mesa e seis cadeiras no valor de R$ 5 mil no mês de setembro. O prazo para a entrega dos produtos era até o dia 20 de janeiro, mas não foi cumprido. “Eu perguntava se estava tudo certo e eles diziam que sim. No dia 12 me informaram que tiveram um atraso o prazo aumentaria 45 dias. Mas os produtos nem tinham sido fabricados ainda. Solicitei o estorno e eles pararam de me responder”, relatou.
A loja de João Pessoa está fechada, porém com produtos no interior. De acordo com um comunicado colocado na porta do estabelecimento, a unidade foi fechada para troca do showroom.
Em Salvador, os relatos tem sido parecidos. Carol Almeida fez uma compra de três cadeiras no valor de R$ 1.470 no mês de setembro, e até hoje não recebeu a mercadoria. A entrega dela ainda está no prazo, mas, após ver os relatos dos demais clientes da loja, ela perdeu a esperança de receber os produtos. “A entrega ainda está no prazo, até o dia 20 desse mês. Por isso ainda não acionei a empresa judicialmente. Mas pretendo fazer isso logo no dia 21. Não tenho mais esperanças de receber com o que tenho visto nos grupos”, relatou.
O Ministério Público da Bahia moveu, no final de janeiro, uma ação civil pública contra a loja de móveis após “prática de condutas ilícitas”. De acordo com a ação do promotor de Justiça Cristiano Chaves, “a loja tem descumprido prazos de entrega, não restitui os valores dos produtos a quem desiste da compra e incentiva a assinatura de um documento que dificulta o acesso dos consumidores à Justiça. O MP solicitou, em caráter de urgência, que a Justiça obrigue a loja a realizar a entrega dos produtos, dentro do prazo estipulado, bem como a restituir, em dobro, os valores retidos dos consumidores”.
Nem a loja de Natal tem escapado das acusações dos clientes. Patrícia Pinheiro comprou um sofá cama de R$ 2.780 no dia 24 de outubro, com a promessa de recebimento no dia 31 de janeiro. No entanto, mais uma vez o prazo não foi cumprido. “A loja me ludibriou, garantindo que o estofado seria entregue no prazo. No dia 24 de janeiro, no exato dia em que completavam-se os 90 dias em que eu não conseguiria mais contestar a compra via aplicativo do cartão de crédito, me contataram dizendo que não iam entregar o móvel”, contou.
Ainda segundo Patrícia, a loja deu um prazo excedente de mais 90 dias para a entrega do pedido e, quando solicitado o cancelamento da compra e o estorno do valor, a empresa dificultou o processo. “Eles criam mecanismos para dificultar o estorno. É tudo meticulosamente articulado para lesar os clientes”, disse a cliente insatisfeita.
É para cá que os consumidores prejudicados em estados vizinhos estão vindo para tentar resolver a situação. “Estão me pedindo até amanhã pra cancelar”, relatou no grupo de WhatsApp uma consumidora que procurou a unidade. “Por que não cancelam hoje? Amanhã vão inventar outra desculpa!”; “É possível que amanhã já esteja fechada”; “Cancele agora. Não caia nessa”, responderam outros integrantes.
De acordo com o advogado Helderley Florêncio, os clientes que se dizem prejudicados pela Sofá Design devem procurar a delegacia regional especializada em crimes contra o consumo para registrar Boletins de Ocorrência, chamando os proprietários da empresa para que respondam por estelionato e outros crimes do Código de Defesa do Consumidor por estarem “lesionando a economia popular”.
“Eles estão sujeitos a responder por essas acusações, pois estavam vendendo produtos sabendo que não iam entregar e que iriam, inclusive, fechar as lojas. E restaria aos consumidores também ingressar com ações judiciais, buscando configurar o grupo econômico”, disse.
Em nota oficial, a loja Sofá Design informou que vai fazer pedido de recuperação judicial e adotar medidas para redução de despesas, como fechamento de lojas deficitárias e a diminuição do seu quadro de funcionários, para regularizar a produção e atender clientes. A empresa diz que enfrenta “um momento de reestruturação organizacional com o objetivo de superar a profunda crise econômica”.
“Neste momento, todos os esforços estão concentrados na regularização da fabricação e entrega dos móveis comercializados, honrando com o compromisso assumido com os seus clientes e com uma história de décadas de atuação no Estado do Rio Grande do Norte, com expansão para outros estados brasileiros.”
Nesta terça-feira (28), o site oficial da marca estava fora do ar. A nota esclarecimentos foi publicada no perfil da empresa.
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LEIA O COMUNICADO DA EMPRESA
A loja Sofá Design vem a público comunicar que está passando por um momento de reestruturação organizacional com o objetivo de superar a profunda crise econômica provocada pela intensa alta do preço dos insumos de produção e a rápida elevação das taxas de juros.
A empresa submeterá ao Poder Judiciário pedido de recuperação judicial, além de já ter adotado medidas de diminuição de despesas, a partir do fechamento de lojas deficitárias e a diminuição do seu quadro de funcionários.
Neste momento, todos os esforços estão concentrados na regularização da fabricação e entrega dos móveis comercializados, honrando com o compromisso assumido com os seus clientes e com uma história de décadas de atuação no Estado do Rio Grande do Norte, com expansão para outros estados brasileiros.
A Direção.
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