Economia

Em meio a cenário de incertezas, economia volta à recessão técnica

Nos últimos quatro trimestres encerrados em setembro, o PIB brasileiro totalizou R$ 8,43 trilhões

por: NOVO Notícias

Publicado 3 de dezembro de 2021 às 11:28

Foto: Reprodução

Com o recuo de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2021, na comparação com os três meses anteriores, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou de 4,8% para 4,3% a previsão de crescimento econômico neste ano e projetou alta de 0,5% em 2022. Diante da taxa também negativa observada no segundo trimestre (-0,3%), a economia brasileira voltou a configurar um quadro de recessão técnica. O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, no entanto, não chegou a surpreender a CNC, cuja estimativa apontava estabilidade na passagem do segundo para o terceiro trimestre.

As projeções da entidade têm como referência o efeito carregamento causado pela reduzida base comparativa, as sucessivas revisões das expectativas quanto aos rumos da inflação e dos juros e as incertezas decorrentes da evolução das crises hídrica e sanitária. As variações recentes levaram a atividade econômica no País a um nível 0,1% abaixo do observado nos três últimos meses de 2019, período que antecede a pandemia de covid-19. Já em relação ao primeiro trimestre de 2020, houve uma alta de 2,2%. Nos últimos quatro trimestres encerrados em setembro, o PIB brasileiro totalizou R$ 8,43 trilhões.

Entre os setores da economia, o comércio foi um dos mais afetados, com queda de 0,4%, atrás apenas da agropecuária (-8,0%), prejudicada pelo encerramento da safra de soja. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, observa que o recuo no segmento pelo segundo no trimestre consecutivo é resultado dos efeitos da inflação mais alta e dos juros em elevação. “A baixa probabilidade de reversão desse cenário no curto prazo deverá impedir a aceleração da economia nos próximos três meses”, avalia.

Repasse dos valores e crédito são insuficientes

Enfrentando variações anualizadas dos preços no atacado de mais de 20%, o comércio tem repassado parcialmente essa elevação aos consumidores finais (a inflação média do setor acumulava alta de 11,2% nos 12 meses encerrados em setembro). Contudo, o economista responsável pela análise, Fabio Bentes, avalia que a retenção de metade do repasse é insuficiente. “O nível geral de preços tem sido um obstáculo à sustentação do nível de atividade do setor nos últimos meses. E a alternativa do crédito tem se mostrado cada vez menos eficiente para sustentar o consumo.”

Segundo pesquisa mensal realizada pelo Banco Central, a concessão de recursos às famílias tem crescido mais 20% no acumulado do ano. Além disso, a taxa média de juros das operações com recursos livres às pessoas físicas avançou de 37% a.a., em dezembro de 2020, para 44% a.a. no último mês de setembro. Ainda assim, o economista reforça os impactos da inflação de dois dígitos e a elevação do comprometimento como empecilhos para que esses recursos colaborem para o consumo mais contundente.

Na contramão do comércio, o setor de serviços apresentou aumento de 1,1%, influenciado pela desaceleração da crise sanitária e o consequente aumento da circulação de consumidores. Construção civil (+3,9%), serviços de informação e comunicação (+2,4%) e as atividades de transporte, armazenagem e correio (+1,2%) também apresentaram resultados positivos. Já a indústria não registrou alteração no percentual.

Confira a análise completa da Divisão Econômica da CNC

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