O acirramento dos ânimos no período de campanha eleitoral tem deixado eleitores de todo o país “acuados”. A menos de 15 dias do primeiro turno das eleições 2022, alguns eleitores do RN ainda temem a violência que pode ser ocasionada por causa de suas escolhas políticas ou partidárias.
A reportagem do NOVO entrevistou pessoas de diferentes níveis sociais e constatou o receio da maioria. Para Gustavo Henrique, que está trabalhando na campanha eleitoral no estado, o pleito deste ano precisa de uma atenção especial em relação à segurança. Segundo ele, durante o processo eleitoral, apesar de assumir sua posição partidária para fins profissionais, precisou evitar a exposição de objetos e artefatos em seu condomínio, localizado na Zona Sul de Natal.
“Sempre fui muito envolvido com política. Este ano estou trabalhando na campanha e sinto que o cenário precisa ser controlado em diversos locais. Apesar de ainda não ter passado por nenhuma situação crítica, em tempos atuais, estou evitando adesivar e colocar bandeiras na janela da minha casa, para que não haja reação de partido A ou B no dia das eleições”, disse Gustavo.
Uma pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha na última semana a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) mostrou que sete em cada dez brasileiros têm medo de ser agredidos por causa de política. O empresário potiguar do ramo alimentício, Fábio Garcia, de 43 anos, contou que a polarização das eleições deste ano, influenciou diretamente para que ele não adesivasse o seu carro no período eleitoral. Na opinião de Fábio, o medo está gerando o “voto silencioso” na população.
“A eleição polarizou demais. Hoje em dia, ou você é Lula ou você é Bolsonaro, e até quando não vota em nenhum dos dois candidatos, é acusado de votar nestas opções por conta de uma pressão que vem sendo exercida por seus apoiadores e militantes. Hoje, o voto que vai decidir este país é o ‘voto silencioso’, que são aquelas pessoas que vão lá, deixam o seu voto, mas não dizem ou demonstram em quem votou”, opinou Fábio.
A pesquisa do Datafolha também mostrou que 3,2% dos entrevistados disseram ter sido vítimas de ameaças por motivos políticos em julho. O estudo, feito por amostragem, ouviu 2,1 mil pessoas entre os dias 3 e 13 de agosto.
A funcionária pública Ana Clara Dantas também resolveu não colocar bandeiras na sacada do seu apartamento. Ana viveu um episódio de hostilidade nas eleições em 2018, por estar vestida com a cor de um determinado partido. Desde então, a servidora relata que não pretende mais utilizar nenhum tipo de caracterização partidária, pois o episódio ainda gera tensão na memória dela.
“Eu já não iria utilizar nada, nem enfeitar o meu apartamento. Desde a última eleição, em que fui hostilizada com amigos no dia da votação, por estarmos com a camisa de uma cor que remete a um partido político, fiquei com receio de me manifestar publicamente e sofrer agressão”, contou Dantas.
A pesquisa mediu ainda o quanto a população apoia a democracia. Os resultados mostram que 90% dos brasileiros concordam que o candidato que vencer as eleições de 2022 nas urnas e for reconhecido pela Justiça Eleitoral deve tomar posse em 1º de janeiro. E 89,3% concordam que é essencial para a democracia que o povo escolha seus líderes em eleições livres e transparentes.
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