A polarização Lula x Bolsonaro pode se repetir no embate Fátima x Benes – Fotos: Ricardo Stuckert, Isac Nóbrega, Elisa Elsie e Douglas Gomes
“Estou firme e forte nesta decisão. Que possamos ter um embate respeitoso, debatendo propostas”. A declaração é do deputado federal Benes Leocádio (Republicanos), que esta semana decidiu assumir a pré-candidatura ao Governo do Rio Grande do Norte, numa possível chapa tendo como candidato a senador o ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho. Tudo indica que está formada a chapa de oposição a governadora Fátima Bezerra (PT), que até então navegava com tranquilidade rumo à reeleição, sem um candidato de peso capaz de derrotá-la. Este é o novo cenário eleitoral, que repete no Estado a tendência de polarização das eleições nacionais, entre as possíveis candidaturas de Lula (PT) e Bolsonaro.
“Há um clamor para que a oposição se fortaleça entorno de um nome, o meu está posto, não fujo à responsabilidade de trabalhar pelo meu Estado”, disse Benes ao Novo Notícias, assumindo postura crítica ao Governo Fátima Bezerra. O maior incentivador da candidatura de Benes é Rogério Marinho. Caso Leocádio seja o candidato contra Fátima, Marinho garante o companheiro de chapa para viabilizar sua candidatura ao Senado Federal. Benes exerceu cinco mandatos de prefeito, foi duas vezes presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN), daí ser conhecido como político municipalista, é coordenador da bancada federal e foi o segundo deputado federal mais votado nas últimas eleições.
A escolha de Benes Leocádio atraiu apoios e entusiasmo dos políticos de oposição, entre eles mais de 50 prefeitos, o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) e o presidente da Assembleia Legislativa deputado Ezequiel Ferreira (PSDB). Mas também causou racha no comando central, desnudando a guerra interna entre os ministros Rogério Marinho e Fábio Faria (PSD), que ficou isolado nas articulações. Ele também quer a vaga do Senado. Mas Rogério foi mais rápido e montou a chapa, excluindo Fábio da articulação. O Ministro das Comunicações soube, através de outros políticos, que a chapa estava fechada. É o segundo ataque que o grupo de Fábio Faria sofre em uma semana. O primeiro partiu da própria governadora Fátima Bezerra, que abriu diálogo para tomar e indicar o novo comando do PSD no RN.
O tabuleiro da disputa política em 2022 vai ficando cada vez mais claro, mas ainda faltam alguns componentes importantes. Para onde vão, por exemplo, o MDB dos primos ex-senador Garibaldi Alves e Henrique Alves? E o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT), teria condições de uma carreira solo a senador? Neste jogo, Fátima Bezerra ficou com duas cartas na manga: pode negociar as vagas de vice e Senado da sua chapa. Ou pode caminhar como está, apostando na reeleição puro sangue do senador Jean Paul Prates (PT) e do seu vice-governador Antenor Roberto (PCdoB). Também pode, caso ache necessário, abrir espaço para abraçar a chegada dos novos aliados. Fátima joga bem, vai administrando o Estado, o tempo e a popularidade. A ela convém aguardar um pouco mais.
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