No dia 24 de novembro, os sócios torcedores do ABC Futebol Clube vão às urnas para escolher o próximo corpo de conselheiros, que por sua vez, escolherá o próximo presidente do alvinegro. Duas chapas estão na disputa: “ABC Mais Forte”, encabeçada pelo candidato a presidente Eduardo Machado, e o candidato a vice-presidente Judery Fonseca; e “ABC, Paixão que nos Move”, encabeçada pelo candidato a presidente Irapoã Nóbrega, e o candidato a vice-presidente Fábio Freire.
Para entender as ideias que cada um dos postulantes ao principal cargo na administração do ABC, o NOVO bateu um papo com eles, e nesta edição publicamos a primeira entrevista, com Eduardo Machado, da chapa ABC Mais Forte. Confira a entrevista:
NOVO – Não é a primeira vez que o nome do senhor aparece como opção para a presidência do ABC. No entanto, esta é a primeira vez que a candidatura se concretiza. Por que só agora? Qual a diferença do momento atual para o de 2021, quando o senhor não topou entrar na disputa?
Eduardo Machado – A diferença é porque cada processo eleitoral tem vida própria e tem as suas peculiaridades. Por exemplo, em 2021 eu recuei, eu não fui candidato porque eu achei que não era o meu momento. Eu tive esse gesto de recuar uma candidatura porque eu achava que naquele momento o presidente Bira tinha total condição de continuar à frente do clube. Agora, esse ano, de fato, eu até esperava também essa reciprocidade por aqueles que defendem tanto a união no ABC de que a gente pudesse ter uma candidatura única em torno do meu nome. Sem nenhum demérito aos outros candidatos que se colocaram antes e a chapa da situação encabeçada por Irapoã, eu duvido muito que eles tenham se preparado tanto quanto a gente se preparou. Nós passamos três anos nos preparando, então eu acredito que esse é o nosso momento.
Acreditamos que as séries C e D não são os lugares ideais para o ABC. Que projetos o senhor tem para recolocar o Mais Querido onde ele deve estar?
É claro que Série C e D não é lugar do ABC. Nunca foi e nunca deverá ser. Os projetos que nós temos, eles não passam exclusivamente pelo departamento de futebol. É claro que ele [o futebol] é o carro chefe de um clube como o ABC, até porque é o departamento que traz mais receita. Mas o nosso projeto para tirar o ABC dessa situação passa por uma reformulação do clube como todo. O meu comparativo de grandeza entre ‘pagar dívida’ e ‘montar um bom time no futebol’, a opção ‘montar um bom time no futebol’ vai estar muito acima do que ‘pagar dívida’. Porque se a gente tem um time de futebol competitivo, que gere receitas, consequentemente, nós vamos ter mais recursos para pagar essas dívidas e para manter o custeio do ABC.
Nos últimos anos, o ABC manteve uma quantidade de sócios torcedores acima da média. Existe algum plano para atrair mais os torcedores? Se sim, quais as vantagens que o abecedista poderia ter além do que já existe?
A minha visão do sócio torcedor do ABC e como conselheiro do clube já há 8 anos, é que a gente tem um programa de sócio bastante limitado. O sócio torcedor do ABC paga porque ele faz uma conta. O que é melhor: eu pagar ingressos pontuais nos jogos do clube ou eu ser sócio para, na prática, pagar esses ingressos mais baratos? Então o grande atrativo hoje do sócio torcedor do ABC é essa ordem de grandeza entre pagar o sócio e preços de ingresso. Eu acho que isso a gente precisa mudar, a gente precisa ter um programa de sócio muito mais atrativo para o torcedor. Isso não passa só por uma medida, são várias medidas, como, por exemplo, a modernização do Frasqueirão. O sócio torcedor tem que, de fato, sentir o Frasqueirão como a sua casa, como um estádio onde ele possa exercer atividades também ao final de semana. A gente precisa pensar o programa do sócio torcedor muito além do valor dos ingressos.
Outras modalidades esportivas já foram destaque no ABC, como o futsal, que hoje está em evidência no estado através de outros clubes. Há ainda outras várias opções como vôlei, handebol, e tantas outras. Caso eleito, o senhor pretende viabilizar outras modalidades esportivas no clube? Como pretende fazer isso?
Quando fui secretário de esporte de Natal, não tenho dúvida que fui, até hoje, o secretário que mais investiu no esporte amador. O ABC, obviamente não é a secretaria de esporte, mas tem alguns esportes pontuais que a gente pode fazer parcerias com outras instituições. O ABC sempre teve uma identificação muito forte com futebol de salão e é algo que a gente precisa, de fato, pensar em retomar. Buscar parcerias, para que possamos pensar em retomá-lo e, em seguida, pensar em outros esportes que a gente possa agregar.
O futebol feminino está em plena ascensão no mundo. Cada vez mais a modalidade tem ganhado espaço na mídia e na predileção dos torcedores. Montar um departamento para o futebol feminino está nos seus planos para o ABC?
Com certeza! A gente está vendo hoje o nível do futebol feminino, que a cada dia que passa, vem se elevando. O Brasil vai sediar agora uma Copa do Mundo, então, de fato, é uma modalidade que está com muita visibilidade e hoje é algo que já gera uma receita considerável para os clubes que investem em futebol feminino. Agora, é claro que a gente vai chegar no ABC e vai ter as nossas prioridades, e esta está no nosso radar. Agora, para a gente falar sobre a montagem de um elenco competitivo, eu preciso ver o que nós vamos ter de receita, para que a gente possa organizar o nosso orçamento e saber quanto a gente vai poder disponibilizar para o futebol feminino.
O ABC tem, em análise no Conselho Deliberativo, um projeto para exploração comercial da área onde hoje funciona o CT do clube. O senhor já teve oportunidade de avaliar esse projeto? O que pensa sobre ele?
Eu estive na reunião do Conselho Deliberativo, onde foi apresentado o projeto, o suposto projeto que iria ocupar aquelas áreas ali do ABC, mas eu devo confessar que eu fiquei extremamente decepcionado com o que vi. Primeiro, porque é um projeto que não tem nenhum estudo de viabilidade financeira e econômica. Outra coisa, no projeto eles vão construir o shopping para o ABC administrar. Qual é a expertise que o ABC tem para administrar shopping center? Eu achei algo, de certa forma, megalomaníaco, que não me pareceu ter absolutamente nenhum preparo. Nesse projeto eu não acredito.
O atual presidente conseguiu imprimir uma marca muito positiva no quesito gestão, diminuindo consideravelmente algumas dívidas do ABC, especialmente com a Justiça do Trabalho. No entanto, o desempenho dentro de campo, que começou bem com um duplo acesso, acabou deixando a desejar nos dois últimos anos. Como o senhor pretende fazer para equilibrar isso, e fazer um ABC forte dentro e fora de campo?
Em relação a essa questão das dívidas da ABC, o primeiro ponto e o mais importante de todos é a gente saber de fato o montante desse passivo que o ABC ainda tem hoje. Porque se você for perguntar a dez pessoas de dentro da ABC qual é a dívida do clube atualizada, essas dez pessoas vão dizer números diferentes. Então é muito difícil a gente chegar a essa conclusão do quanto foi pago, quanto falta pagar e qual é o planejamento de gestão financeira administrativa que a gente precisa fazer para que a gente possa avançar e quitar definitivamente essas dívidas. Claro que isso é a longo prazo, pois a gente não pode pegar todo recurso que entra no clube e utilizar só para pagar dívida. Senão a gente acaba matando e fazendo com que o departamento de futebol, por exemplo, seja o mais prejudicado, e ele é o departamento que mais gera receita para o clube. Então a gente tem que ter que pensar sobre o que vai ser investido no futebol, o que gera receita no futebol, e quanto desse percentual vai para quitar essas dívidas. Agora, isso eu só posso fazer quando eu tiver um levantamento real, de centavo por centavo, de quanto o ABC deve.
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