A praticamente 15 dias das eleições, o candidato a governador Fábio Dantas (Solidariedade) aceitou o Messias. Relutou, relutou e, diante dos apelos de aliados e da pífia colocação de terceiro lugar nas pesquisas de opinião pública, decidiu que vai tentar colar a sua imagem na do presidente Jair Messias Bolsonaro (22), que já não é lá estas coisas no Rio Grande do Norte.
É a última cartada do ponto de vista macro eleitoral do candidato para tentar subir alguns pontos e ultrapassar o segundo lugar nas pesquisas. O problema é que não se constrói um discurso político consistente e convincente do dia para a noite. Ainda mais porque estamos tratando de uma eleição extremamente radical, onde os movimentos, atuais e passados, são observados, avaliados e expostos na opinião pública.
Vamos aos fatos. Até bem pouco tempo, Fábio Dantas foi deputado estadual pelo partido comunista (PCdoB), foi vice-governador alinhado com a esquerda pedindo votos para Fátima e o PT. Muitos não lembram, mas na única oportunidade que teve de assumir o Governo, Fábio Dantas fez o que o governador titular Robinson Faria não teve coragem. Desapropriou um terreno privado e em plena utilidade, pertencente aos moradores do edifício Luciano Barros, na Cidade Alta, e o doou de bandeja para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN).
O ato de tomar a propriedade privada causou revolta não somente nos moradores proprietários, que investiram suas economias de anos naquele patrimônio. Mais de 200 famílias que habitam o entorno do TCE se revoltaram com a medida e ficaram com medo de terem as suas casas e apartamentos roubados, tomados pelo Estado. Bom, apesar de ser uma outra história, ela tem tudo a ver com o processo eleitoral atual. Porque se trata da construção de um posicionamento político, de como ser percebido pela opinião pública.
Será mesmo que o eleitor, principalmente o bolsonarista convicto, vai acreditar que “agora é pra valer” e que Fábio Dantas é o governador de Jair Messias Bolsonaro? Será que Bolsonaro conhece este e outros episódios do passado recente do candidato a governador que até poucos meses era filiado e defendia a bandeira e os princípios do comunismo do PCdoB?
O eleitor é inteligente. Em que pese toda a qualificação técnica, como advogado que é, e sua experiência política, não será fácil construir em Fábio Dantas a imagem de político de direita, defensor do liberalismo, da livre economia, apenas com um discurso de campanha improvisado pelas circunstâncias políticas e interesses pessoais momentâneos. Principalmente quando todos os atos da sua trajetória política recente demonstram o contrário.
Porém, estamos numa eleição polarizada, vivemos um momento de comunicação instantânea, com linha direta entre candidato e eleitor, possíveis viralizações de peças eleitorais e memes, onde tudo (ou quase tudo) é possível. O cenário permite forçar interpretações superficiais? Convicções pautadas pela radical paixão pela direita ou esquerda? Será bonito de ver estes últimos 15 dias de campanha eleitoral e o resultado da apuração das urnas.
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