Após 48 anos dedicados ao sacerdócio, Dom Jaime Vieira Rocha se prepara para passar o bastão de arcebispo de Natal. O sacerdote recebeu a reportagem do NOVO Notícias na Catedral Metropolitana da capital e contou sobre os últimos dias à frente dos desafios do ministério, além de relembrar o período dedicado à vida eclesiástica.
Ao falar das missões, ações sociais e das visitas em cada paróquia espalhada pelo Rio Grande do Norte, Dom Jaime não escondeu a emoção de poder ter desfrutado, segundo ele, de experiências enriquecedoras. E mesmo receoso em relação aos novos caminhos da trajetória, o padre afirma saber que existe um tempo para todas as coisas e que as mudanças se fazem necessárias.
“Eu tenho me preparado para isso porque sei que a mudança é muito grande. Você está em plena atividade intensa e depois você termina tudo. Tudo que fiz, fiz porque era meu dever, minha missão. Levarei a saudade de tudo que me realizo profundamente com o meu ministério”, destacou o arcebispo.
Mas para chegar até esse momento, o bispo percorreu um longo caminho, iniciado na Fazenda Cruzeiro, no município de Tangará, onde nasceu Jaime Vieira Rocha, em 30 de março de 1947. Sétimo dos nove filhos do casal José Patrício de Melo e Maria Nini Rocha, Jaime descobriu ainda na infância que tinha o dom para o sacerdócio.
Aos 14 anos, saiu da cidade em que nasceu para iniciar os caminhos no evangelho. Em 1961, ingressou no Seminário São Pedro, em Natal, dividindo conhecimento com outros 82 seminaristas. Logo em seguida, até 1971, estudou Sociologia na Fundação José Augusto, partindo para São Paulo no ano seguinte, onde aprofundou o saber em Teologia.
Com a finalização do estudos, era chegada a hora de ser ordenado padre. A primeira igreja em que atuou foi a paróquia de São João Batista de Pendências, em Ipanguaçu, onde ficou por 12 anos. Depois, Dom Jaime voltou ao seminário da capital, desta vez, como reitor da instituição.
Anos depois, foi convidado para ser bispo em Caicó, onde atuou fortemente nas questões sociais. Posteriormente, permaneceu por seis anos em Campina Grande, na Paraíba, até ser convocado para assumir como arcebispo em Natal.
Ao completar 75 anos, no ano passado, Dom Jaime enviou ao Vaticano o pedido de renúncia do cargo. Segundo o Vaticano, o bispo titular, ao completar sete décadas e meia, deve apresentar carta de renúncia. A idade é delimitada pelo Código de Direito Canônico. Poucos meses depois, a solicitação foi respondida pelo Papa Francisco, em julho deste ano, quando o Vaticano iniciou o processo de sucessão na Arquidiocese potiguar. “Esse comunicado veio em uma carta. Agora, nos preparamos para as mudanças”, afirmou Dom Jaime.
No último ano, desde que enviou o pedido de renúncia, Dom Jaime se dedicou a reencontrar fiéis, continuar exercendo algumas atividades que estiveram presentes durante toda a caminhada, como a celebração de missas, eucaristias e crismas.
Dom Jaime se mostra orgulhoso dos feitos à frente da Arquidiocese de Natal. O sucessor dele na função, inclusive, vai chegar com uma “casa” quase nova, pois a Catedral Metropolitana passa atualmente por um amplo processo de reforma estrutural. A revitalização do templo tem expectativa de conclusão para julho de 2024.
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Além disso, Dom Jaime ressalta as medidas para garantir maior transparência nos atos administrativos. “Me lembro bem de termos buscado sempre a transparência contábil. Desenvolvemos nesse período um método de um processo de controle administrativo contábil e Pastoral. Além disso, a implantação da nossa usina fotovoltaica, lá no bairro do Bom Pastor, que contribuiu para a diminuição das despesas com energia que eram altas demais”, recordou.
Quando falamos em aposentadoria, o arcebispo brinca, mas explica como funciona dentro do ministério sacerdotal. “Como ocorre na sociedade, todo mundo que desempenha uma função se aposenta. Nós bispos, ficamos eméritos. Quando eu passar o báculo — símbolo do pastoreio ao meu sucessor na catedral —, irei assumir a minha condição de arcebispo emérito de Natal”, pontuou.
Mesmo em um novo momento, Dom Jaime disse que deve continuar servindo a igreja até os seus últimos dias, com menor cobrança, mas com o mesmo amor do início da vida no ministério.
Agora, pretende intensificar as ações em causas sociais, nas quais sempre atuou. “Eu vou permanecer aqui, estarei à disposição para o que a igreja me pedir. Eu estarei muito voltado para essa parte da dimensão social”.
Quando fala em legados que deverão ficar e os que marcaram a trajetória dele enquanto sacerdote, Dom Jaime Vieira Rocha é enfático em dizer: “Eu não sou de deixar obras físicas, algumas sim, mas estou deixando graças a Deus, marcos interessantes na minha trajetória. Posso dizer talvez um carisma, eu zelo muito pela atenção. A atenção às pessoas, à comunicação, os gestos de acolhimento, proximidade que eu faço questão. Se eu chegar no lugar e chegar alguém, eu faço questão de cumprimentar todos da mesma forma, sem distinção”.
Novo Arcebispo de Natal tomará posse em Outubro
Em um encontro reservado, o sucessor de Dom Jaime veio a capital potiguar para conhecer de perto o novo local que vai atuar. Dom João Santos Cardoso, será o 7º arcebispo metropolitano de Natal. O padre atuava na Diocese do Bom Jesus da Lapa, na Bahia, e foi nomeado pelo Papa Francisco para a função de arcebispo da Arquidiocese de Natal, em 5 de julho deste ano.
A posse de Dom João acontecerá no dia 7 de outubro, na Catedral Metropolitana de Natal. O padre foi nomeado pela Papa Francisco como sucessor de Dom Jaime para a função de arcebispo da Arquidiocese de Natal, em 5 de julho deste ano.
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