Desde 1988, após determinação da Organização Mundial da Saúde, o dia 1º de dezembro é considerado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. A data representa a mobilização de gerações de pacientes e profissionais de saúde para a conscientização sobre a doença e seus métodos de prevenção e tratamento, com o intuito de reduzir o preconceito sobre o quadro clínico.
Apesar do conhecimento sobre o HIV ter evoluído significativamente nos últimos anos, a imagem que muitos ainda carregam é a do vírus relacionado à promiscuidade, ao castigo e à debilidade física. Há muito que ser feito para a desconstrução da visão social sobre alguém soropositivo.
“Embora tenha diminuído nas últimas décadas, infelizmente, o preconceito ainda está presente e , por causa dele, pessoas infectadas pelo HIV podem demorar a procurar o serviço de saúde por medo de discriminação. Isso pode levar a diagnósticos tardios que, sem tratamento adequado, podem se manifestar em estágios avançados da AIDS, com risco de morte e sequelas graves”, afirma o médico infectologista e docente do IDOMED, Íris Ricardo Rossin.
Hoje, a AIDS tem tratamento com medicamentos antirretrovirais que garantem aos pacientes uma qualidade de vida e, no Brasil, eles estão disponíveis de forma gratuita pelo SUS. Além disso, os indivíduos que passaram por alguma situação de risco de contaminação também podem procurar atendimento médico na rede pública e serem orientados a usar medicações profiláticas contra a transmissão do HIV, seja em situações de exposição imediata (profilaxia pós exposição – PEP) ou com comportamentos de risco aumentado para a transmissão (profilaxia pré exposição – PrEP).
O infectologista frisa que ser portador do vírus HIV não significa que a pessoa tenha AIDS. A síndrome representa o estágio extremo da imunodeficiência provocada pelo vírus e só aparece em pessoas infectadas que não foram tratadas adequadamente. O diagnóstico se faz quando um indivíduo tem o teste anti-HIV positivo em uma amostra de sangue e apresenta sinais e sintomas de imunossupressão, com infecções graves e, na maioria das vezes, com manifestações não comuns. “Podem ocorrer pneumonias por fungos como a pneumocistose, lesões cerebrais por toxoplasmose e até mesmo meningite por tuberculose”, completa o especialista Íris Ricardo Rossin.
“O HIV é o causador da AIDS e se conseguirmos evitar a transmissão do vírus por uma relação sexual desprotegida, pelo contato com sangue contaminado ou da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou aleitamento, não ocorrerá a doença”, informa Íris. “As medidas de prevenção envolvem um conjunto de abordagens, desde questões relativas ao comportamento e educação sexual, como o uso de métodos preservativos de barreira (ex. camisinha masculina ou feminina), até testes no Pré Natal e em campanhas de testagem, além do tratamento precoce dos indivíduos contaminados pelo vírus”, diz o médico.
Por fim, o Dr. Íris completa que o combate contra a infecção pelo HIV e as abordagens terapêuticas eficazes e precoces devem fazer parte do cotidiano da sociedade. “O estabelecimento de uma data de referência para esta mobilização trouxe muita visibilidade para esta luta, que deve ser de todos os seres humanos”.
Apoio e acompanhamento psicológico
Mesmo que existam recursos para garantir uma vida segura e saudável para o paciente e para aqueles que venham a se relacionar com ele, a falta de informação costuma atrapalhar os relacionamentos interpessoais. O psicólogo clínico e docente da Estácio, Renato Cezar Silvério Júnior, comenta que a pessoa diagnosticada, geralmente, sente-se desamparada, desde a notícia dada por uma equipe de saúde até a angústia de não saber como abordar o assunto com a família.
“Por mais que informações genéricas possam ajudar no tratamento, é preciso que o paciente se adapte às demandas de seu corpo e de sua história pessoal, e é neste ponto que o acompanhamento psicológico mais tem a contribuir”, relata. “Por meio dele, o paciente pode entender seus desafios e construir potencialidades, porque o equilíbrio emocional, o acesso a informações e o apoio de pessoas afetivamente importantes está diretamente conectado a um tratamento de sucesso”, declara o profissional de psicologia.
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