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Dezembro Vermelho: casos de Aids no RN crescem quase 30%

Foram notificados 590 casos em 2022 e a Região Metropolitana de Natal tem o maior número de notificações em todo o Estado

por: NOVO Notícias

Publicado 5 de dezembro de 2022 às 19:00

Dezembro vermelho

Dezembro vermelho – Foto: Divulgação

O Rio Grande do Norte registrou crescimento de 29,1% de casos de Aids no período de janeiro a outubro deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). No intervalo de janeiro a outubro de 2022, foram registrados 590 casos de aids, valor superior ao observado no mesmo período de 2021, quando foram identificados 457 casos.

Além disso, ainda com os dados de 2022, foram registrados 782 casos de infecção pelo HIV, revelando um aumento no registro de casos 42,5%, quando comparado com o mesmo período de 2021. Os maiores percentuais de casos foram identificados nos municípios de Natal (39,5%), Mossoró (9,4%), Parnamirim (8,9%), São Gonçalo do Amarante (4,4%) e Canguaretama (2,9%).

Nos últimos 10 anos, no Rio Grande do Norte, também se observa um crescimento de 39,5% no registro de casos de Aids, de 39,3% nos casos de infecção pelo HIV, de 74% no número de casos de gestantes infectadas pelo HIV e de 19,4% na ocorrência de óbitos por aids.

Ainda de acordo com o boletim, entre 2011 e 2021, foram registrados 4.659 (71,9%) casos em homens e 1.824 (28,1%) em mulheres. Nos homens, a taxa passou de 22,7 para 30 casos por 100 mil habitantes, representando um aumento de 32,2%. Entre as mulheres, a taxa variou de 8,7 para 9,5 casos por 100 mil habitantes, revelando um crescimento de 9,2% nesse grupo.

A maioria dos casos, entre 2011 e 2021, ocorreu em indivíduos entre 30 e 39 anos (31,1%). Nos homens, observou-se maior variação na faixa etária de 13 a 19 anos (184%) e, nas mulheres, na faixa etária de 60 anos e mais (150%), conforme observado no levantamento.

A principal via de transmissão, no período analisado, foi a sexual (53,5%). Ainda segundo o apontamento, é possível verificar que, entre os homens, a categoria de exposição predominante foi a homossexual/bissexual (27,9%) e, entre as mulheres, foi a heterossexual (56,0%).

Atualmente, o Rio Grande do Norte possui cerca de 11 mil pacientes realizando tratamento para HIV/Aids nos 14 Serviços de Assistência Especializada (SAE) distribuídos nos municípios de Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu, Santa Cruz, São Paulo do Potengi, Caicó, Mossoró e Pau dos Ferros.

Diante do cenário estadual, a Sesap, por meio do Programa Estadual de IST, Aids e Hepatites, emitiu uma Nota de Alerta aos municípios potiguares com recomendações sobre o Dezembro Vermelho e ao Dia Mundial de Luta Contra à AIDS, celebrado em 1º de dezembro.

O documento recomenda que os municípios realizem ações de mobilização, adotando estratégias para facilitar o acesso da população aos preservativos (feminino e masculino) e ao diagnóstico precoce da infecção pelo HIV, oferecendo a testagem rápida para detecção do vírus.

“As atividades de prevenção devem ocorrer durante todo o ano em um processo contínuo e o Dia Mundial é um momento oportuno para a intensificação das ações, quando é possível fazer uma grande mobilização social para relembrar a importância do combate à doença e despertar na população a consciência da necessidade da prevenção, reforçando que a resposta à epidemia é responsabilidade de todos”, diz a nota.

Especialista esclarece dúvidas frequentes sobre HIV/AIDS

Uma dúvida comum entre as pessoas está relacionada à diferença entre o HIV e a AIDS. Para explicar os conceitos, o infectologista Igor Thiago Queiroz, médico do Hospital Giselda Trigueiro, unidade hospitalar referência no tratamento da doença, resumiu suas principais características.

“O vírus que causa a AIDS se chama HIV e, na verdade, a gente considera que o HIV é uma doença sexualmente transmissível que não tem cura, mas tem controle. O tratamento, se realizado de forma correta, pode não avançar para a forma pior, que se chama AIDS, que é uma infecção pelo vírus HIV”, explica Igor Thiago, que é presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia.

As formas de contágio ainda são uma incógnita para parte da sociedade, o que pode causar situações desagradáveis de preconceito, por exemplo, devido à falta de informação. Igor destaca quais são as formas de contágio e o aumento de casos em jovens no país.

“A principal forma de transmissão do HIV no Brasil ocorre pelo contato sexual e a gente tem visto um aumento no número de casos em jovens, principalmente aqueles de faixa sexual ativa, que é a faixa entre 20 a 39 anos. Essas relações têm sido as maiores contribuintes para transmissão do HIV, que deve ser prevenido com o uso do preservativo”, explicou.

Sobre o diagnóstico, Igor informa os procedimentos que devem ser adotados pelo paciente. “Após o diagnóstico por HIV, o indivíduo deve procurar um médico habilitado, de preferência um médico infectologista para poder fazer exames, avaliar como está o sistema imunológico e fazer prevenção de infecções oportunistas, assim como iniciar terapia antirretroviral, que é o chamado coquetel. Essas medicações são usadas para tentar controlar a replicação viral e, com isso, diminuir as chances de progressão da doença”, finaliza o especialista.

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