Hanseníase é uma doença infectocontagiosa e o tratamento está disponível pelo SUS - Foto: Divulgação/Secretaria de Estado da Saúde do ES

Cotidiano

Saúde Dermatologista do Huol fala sobre prevenção, sintomas e tratamento da hanseníase

A prevenção da hanseníase acontece por meio do diagnóstico e tratamento precoce, vacinação e controle de contato com pessoas infectadas

por: NOVO Notícias

Publicado 22 de janeiro de 2025 às 18:00

O Dia Mundial de Enfrentamento da Hanseníase, celebrado no último domingo do mês de janeiro, chama atenção para a campanha “Janeiro Roxo”, que reforça a importância da detecção precoce da doença. A dermatologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN/Ebserh), Emanuela Menezes, fala sobre prevenção, sintomas e tratamento da Hanseníase, esclarecendo sobre as formas de transmissão da doença.

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica causada por um bacilo (Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis), que se propaga por meio do contato próximo e prolongado com pessoas infectadas. “É uma das doenças mais antigas documentadas e que ainda persiste como um problema de saúde pública em várias regiões”, enfatiza Emanuela.

De acordo com a dermatologista, a hanseníase afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório superior e, em casos graves, outros órgãos. “Entre os sinais e sintomas da doença, destacam-se manchas na pele de coloração variável, que podem ser claras, róseas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade ao calor, frio, dor e/ou tato. Pode haver também perda de pelos nas áreas afetadas, como sobrancelhas. Podem surgir “caroços”, dormências, fraqueza nos pés e mãos, inchaço, formigamento e sensação de choque nos membros, além de problemas na via respiratória alta e nos olhos. Em casos avançados, deformidades nas mãos, pés ou rosto”, explica a dermatologista do Huol-UFRN/Ebserh.

Ela esclarece que a transmissão ocorre principalmente pela via respiratória, através de gotículas eliminadas por pessoas infectadas sem tratamento, embora seja necessário contato prolongado para o contágio.

“Se a doença não for tratada, podem ocorrer danos irreversíveis nos nervos periféricos, causando incapacidades físicas e deformidades. Além disso, complicações emocionais e sociais, incluindo estigmatização e discriminação, que podem impactar a saúde mental. Incapacidades severas podem prejudicar a qualidade de vida e a independência funcional do paciente”, diz Emanuela Menezes.

Prevenção e tratamento

A prevenção da hanseníase acontece por meio do diagnóstico e tratamento precoce, vacinação e controle de contato com pessoas infectadas. De acordo com a dermatologista do Hospital da Ebserh em Natal, identificar e tratar precocemente é a principal forma de prevenir a transmissão e as complicações da doença. A vacina BCG, utilizada contra a tuberculose, também oferece alguma proteção contra a hanseníase, especialmente em contatos próximos de pacientes.

O controle, por meio do monitoramento de familiares e contatos próximos de pessoas infectadas, também está entre as formas de prevenção, além da conscientização por meio de campanhas educativas que ajudam a reduzir o estigma e incentivam a busca por tratamento precoce.

“No Brasil, o tratamento é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é feito por meio da poliquimioterapia (PQT), um esquema de medicamentos recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A combinação depende da forma clínica: Paucibacilar (PB) – 6 meses de tratamento com rifampicina e dapsona; Multibacilar (MB) – 12 meses de tratamento com rifampicina, dapsona e clofazimina”, explica Emanuela Menezes.

A profissional também fala sobre outros cuidados, a exemplo do tratamento de complicações, como reações hansênicas (episódios inflamatórios que podem ocorrer durante o tratamento), reabilitação física para prevenir ou minimizar incapacidades e apoio psicossocial para combater o estigma.

Emanuela Menezes destaca que a hanseníase ainda é um desafio de saúde pública. “Considerada uma das doenças mais antigas conhecida pela humanidade, a hanseníase ainda é um desafio de saúde pública no país. Apesar de ter cura, essa doença tropical negligenciada continua afetando muitas pessoas. Ela não é apenas um problema médico; é também uma questão social, devido ao estigma e às barreiras enfrentadas pelos pacientes. É crucial que toda a sociedade participe na luta contra a discriminação, promovendo a inclusão e a dignidade de quem foi ou é acometido pela doença”, enfatiza.

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