Cotidiano

Denúncias de assédio eleitoral no trabalho explodem no RN

Casos investigados pelo Ministério Público do Trabalho envolvem pelo menos 19 empresas e mais de 2 mil trabalhadores no estado; punições podem ser aplicadas através das esferas trabalhista e criminal

por: NOVO Notícias

Publicado 24 de outubro de 2022 às 16:00

RN é o terceiro estado do Nordeste em número de denúncias de assédio, segundo o MPT – Foto: Dayvissom Mello

Faltando poucos dias para o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, o número de denúncias de assédio eleitoral a funcionários por parte de patrões tem aumentado no Rio Grande do Norte. Atualmente, 21 casos de intimidação por parte dos empregadores foram registrados em 19 empresas e estão sendo investigados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-RN).

O que chama a atenção é o aumento da prática nos últimos dias. Em comparação com o dia 14 de outubro, quando existiam quatro casos em análise no MPT, os registros aumentaram cinco vezes em uma semana. Em âmbito regional, até a sexta-feira (21), o RN era o terceiro estado com o maior número de denúncias de assédio eleitoral. No Brasil, esse número já passa de 1.100 casos.

As denúncias envolvem mais de 2 mil trabalhadores, sendo registradas em sete cidades: Natal, Parnamirim, Equador, Ceará-Mirim, Martins, Pedro Velho e Serra do Mel. O procurador do Trabalho, Luis Fabiano Pereira, procurador-chefe do MPT-RN, explica como a prática se configura.

“São casos em que, principalmente empregadores, ou chefes e gerentes praticam alguma forma de coação ou constrangimento para que os trabalhadores votem em um determinado candidato ou, por vezes, também que não votem, não compareçam para votação”, diz.

O representante ministerial explica ainda que, apesar de o trabalhador ser tecnicamente subordinado, a sua liberdade de consciência deve ser preservada, e a afronta a esse direito é entendida como uma “violação ao contrato de trabalho”. Além das consequências ao assediador, a prática pode levar a consequências na seara eleitoral.

“Cada empregador que praticar atos dessa forma, nós estamos instaurando inquéritos, e vamos fazer a apuração. Se ficarem comprovados os fatos, a empresa pode ser penalizada com multa, indenização por dano à coletividade dos trabalhadores, e também nós encaminharemos as nossas apurações para a Justiça Eleitoral que vai processar os crimes, porque existem crimes inclusive com possibilidade de reclusão de até quatro anos”, explica Luís Fabiano Pereira, procurador-chefe do MPT-RN.

Procuradoria-Geral Eleitoral quer atenção do MPE

As investigações estão sendo acompanhadas também pelo Ministério Público Eleitoral que, na última quinta-feira (20), recebeu ofício da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) indicando a existência de casos de assédio eleitoral no MPT-RN, dado que, mesmo sendo uma matéria essencialmente trabalhista, existe a possibilidade de haver a configuração de crimes eleitorais.

Como denunciar

As denúncias de assédio eleitoral podem ser feitas diretamente no site oficial do Ministério Público Trabalho, acessando www.mpt.mp.br, clicando na opção “Denuncie”, na página inicial. A denúncia pode ser feita de forma anônima e por terceiros, não havendo necessidade do denunciante ser a própria vítima.

 

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