Opinião Daniela Freire: Cadu Xavier, o “Camilo Santana Potiguar”

Presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), o reitor da UFRN José Daniel Diniz se reuniu, nesta terça-feira (24), com o ministro do STF Flávio Dino. Em pauta, a garantia do compromisso das universidades federais com a transparência na execução orçamentária e no uso de recursos públicos. Durante o encontro, Daniel Diniz destacou a convergência entre as decisões do STF e a atuação da Andifes no fortalecimento da transparência orçamentária, garantindo que os recursos destinados à educação sejam aplicados de forma eficiente e responsável.

Cinismo sem limite
O senador Styvenson Valentim usou as suas redes sociais e até mesmo uma entrevista a uma emissora de rádio de Natal para enganar a população. Pois é! O parlamentar postou um vídeo mentindo ao insinuar que o Governo Fátima Bezerra não havia aplicado R$ 5 milhões de uma emenda liberada pelo Governo Lula e enviada por ele para a reforma do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), em Mossoró. No vídeo, o próprio Styvenson admite ter recebido ofício do Ministério Público comprovando a compra de equipamentos para o hospital pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) com os R$ 5 milhões, mas, sem alternativa para criticar a gestão petista, ele acusa o MP de ter enviado uma relação “sem nota fiscal, sem nota, sem nada”.

É mentira
O cinismo de Styvenson é total nesse caso. Isso porque, na verdade, o senador recebeu, em 2023, um documento com fotos e com todo o detalhamento dos valores dos equipamentos adquiridos pelo Governo Fátima, que totalizam R$ 4.974.686,00. Isso está documentado e a coluna teve acesso. Diz parte do documento: “Senhor Senador, cumprimentando-o, informamos sobre o andamento das aquisições de equipamentos, os quais estão sendo obtidos através de recursos destinados pela emenda parlamentar, proposta nº 14031.955000/1200-12”. E segue relatando que a verba ficou disponível para o Estado somente em julho de 2021 (e não em 2020 como diz o senador no vídeo) e que logo depois iniciou o processo de compra do material, tudo detalhado no ofício de Lyane.

Jogo sujo
“No dia 15/12/2021 chegaram os primeiros equipamentos”, disse a então secretária de Saúde a Styvenson. “Após o início da aquisição dos itens, praticamente todos os meses foram entregues equipamentos obtidos com os recursos da emenda. Vale aqui enfatizar a aquisição de 2 gabinetes de anestesia, 1 foco cirúrgico, 1 mesa cirúrgica e 1 arco cirúrgico, que possibilitaram a abertura da quarta sala do centro cirúrgico, que se encontrava fechada há vários anos. Até o momento, o hospital recebeu 432 itens, de um total de 475 itens constantes na proposta de emenda”, relatou Lyane ao senador, que agora, mente ao afirmar que não sabe de equipamentos comprados e nunca viu nota fiscal e nem fotos.

Mais fake
Para completar o kit completo de desinformação por parte de um senador, no vídeo postado Styvenson ainda repete a fake news do homem deitado no chão do corredor do Hospital Tarcísio Maia. “A história já foi esclarecida. O homem já tinha recebido alta e se deitou no chão por vontade própria”, esclareceu o jornalista Bruno Barreto, de Mossoró.

Pé no mundo
Logo após confirmar pela primeira vez, com exclusividade ao Blog Daniela Freire, na semana passada, que pretende estar na chapa majoritária governista em 2026, para “defender o legado da professora Fátima Bezerra”, o secretário estadual de Fazenda, Cadu Xavier, botou o pé na rua ao lado de articuladores e lideranças do PT e do Governo Fátima Bezerra e iniciou uma verdadeira agenda de pré-candidato, com o aval do vice-governador Walter Alves, que desistiu de disputar a reeleição, comunicou publicamente a decisão nesta semana e elogiou o nome de Cadu.

Perfil de candidato
Com a simpatia dos aliados de A a B, nos últimos dias Cadu Xavier foi ganhando abertamente o apoio de vereadores e de deputados petistas, dos simpatizantes do governismo, e passou a cumprir e divulgar agendas até então inexistentes – ou não publicizadas – entre os seus compromissos. Na semana passada, ele foi destaque na inauguração de uma subestação da Neoenergia em São Gonçalo do Amarante e prestigiou as prévias carnavalescas de Natal. Nesta semana, tem misturado compromissos da Secretaria da Fazenda com visitas políticas e muitas postagens nas suas redes sociais, que, inclusive, tomou forma de rede social de político-candidato.

Mola Mestra
Na agenda em São Gonçalo, Cadu recebeu muitos elogios do prefeito Jaime Calado de cima do palanque. Na avaliação de Calado, o secretário de Fazenda é a “mola mestra” da gestão Fátima. “Um grande secretário, que tem papel importante no desenvolvimento do RN. Cadu tem uma cabeça desenvolvimentista. E por isso hoje nós temos a melhor política de incentivo a indústria do Brasil”, disse.

Camilo Santana potiguar
Fato é que quem tem circulado com Cadu Xavier tem atestado uma enorme aceitação de seu nome – dentro e fora da ‘bolha’. Tanto que ele está sendo chamado nos bastidores de “o Camilo Santana potiguar”, pelo estilo, empatia e competência. Camilo Santana, hoje ministro da Educação do Governo Lula, foi eleito governador do Ceará após ser secretário das Cidades e do Desenvolvimento Agrário do Estado no Governo Cid Gomes.

O nome
Para o chefe da Casa Civil e articulador do Governo, Raimundo Alves, ainda não se pode falar em “unanimidade” dentro do PT em relação ao nome de Cadu, mas se pode garantir que “as maiores correntes internas, os mandatos estaduais e federais do PT já estão todos envolvidos e entusiasmados com a possibilidade de Cadu ser o nome a compor a chapa para o governo, na condição de candidato a governador”. Raimundo afirmou que falar em unanimidade agora “seria muita arrogância”, mas ressaltou que “não encontramos nenhuma resistência até o momento” ao nome do secretário de Fazenda.

Caminho
Sobre o anúncio de Walter Alves, de que estava desistindo de concorrer à reeleição, Raimundo Alves comentou com a coluna que “fez de tudo pra convencê-lo a não desistir agora”.

Falha
Na semana passada, o cientista político e professor da UFRN Daniel Menezes fez uma crítica pertinente à imprensa no que diz respeito à fraquíssima cobertura que tem realizado sobre a acusação feita pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra a chapa Paulinho/Joanna, contra vereadores aliados e contra o ex-prefeito Álvaro Dias, todos acusados de cometer abuso de poder político e econômico na eleição em Natal.

Sem cobertura
Menezes tem toda razão quando chama a atenção para o fato de que o jornalismo local simplesmente ignora a gravidade das denúncias do MP (já aceitas pelo juízo eleitoral) e não dá o devido espaço para um caso escandaloso como esse, que é ‘batom na cueca’, assim como o golpismo de Bolsonaro, praticado às vistas de todo natalense durante e depois das eleições.

Silêncio
Não há um aprofundamento dos jornais no que diz respeito ao conteúdo da denúncia, como se faz no caso do próprio Bolsonaro. Onde estão os ‘prints’ dos assédios cometidos pelo ex-prefeito de Natal Álvaro Dias, pelos seus auxiliares e parentes, pelos vereadores e pela chapa que venceu a eleição em Natal e os trechos da acusação do MP nas capas dos jornais, com letras ‘garrafais’, como vimos com a questão do juiz responsável pelo processo, que fez postagens de esquerda (o que sou absolutamente contra e faço críticas)? Nesse caso, claramente houve dois pesos e duas medidas. A denúncia gravíssima e robusta do MP não ganhou, nem de longe, o destaque que recebeu o fato de o juiz que aceitou o pedido de investigação ser de esquerda.

Autocrítica
Há um material muito farto, que claramente está sendo ‘esquecido’… E não se trata de “patrulhamento”, mas de constatação! A realidade é inegável e é preciso fazer autocrítica e uma separação: uma coisa é defender a classe quando ela está sendo criticada por fazer apuração jornalística, outra coisa é quando o jornalismo não cumpre a sua função.

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