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Com cancelamento do carnaval, músicos solicitam auxílio oficial da Prefeitura

Segundo músico e produtor Chico Bethoven, que organizou grupo de 14 músicos para reunião com a Secretaria Municipal de Cultura, cerca de 800 músicos serão prejudicados

por: NOVO Notícias

Publicado 24 de janeiro de 2022 às 15:00

Com cancelamento do carnaval, músicos solicitam auxílio oficial da Prefeitura

Chico Bethoven do Frevo do Xico – Foto: Reprodução/ Redes Sociais

O cancelamento do carnaval de Natal tem gerado dúvidas e incerteza para vários segmentos da sociedade natalense, principalmente do ponto de vista econômico. Um dos setores que tem vivido de incertezas, desde o anúncio da medida por parte da Prefeitura de Natal, é o de músicos, das tradicionais orquestras de frevo e de bandas em geral, que têm na festa uma possibilidade de incremento de renda.

Sem a confirmação do trabalho na folia, músicos têm se organizado na tentativa de conseguir um aporte financeiro por parte da gestão municipal, em forma de um auxílio voltado para a categoria, nos moldes do que já vem acontecendo em outras cidades onde o carnaval também foi cancelado. Em Natal esse processo também está em curso, porém ainda envolto em expectativas.

O músico e produtor musical Chico Bethoven, que comanda o Frevo do Chico durante o carnaval, e está presente em outras manifestações durante os quatro dias de folia, disse ter juntado um grupo de 14 músicos, no último dia 12, a maioria de orquestras de frevo, para
levar sugestões ao secretário municipal de cultura, Dácio Galvão. Entre as pautas apresentadas, estava o pedido da implementação de um auxílio do Município à categoria, para compensar as perdas com a não realização da festa pública.

Segundo ele, a Funcarte alegou que precisaria de tempo hábil para estudar as propostas levadas pelo grupo, que também sugeriu a realização de festas públicas limitadas a “ilhas” de acesso apenas para vacinados. Mas ouviram que as decisões também dependiam do parecer do comitê científico do Município.

“Depende do prefeito e do comitê científico. E não escuta quem está do outro lado, o trabalhador da cultura. A gente em nenhum momento foi chamado para resolver nada, discutir nada. A gente saiu da reunião com Dácio Galvão, protocolou um pedido para discutir essas nossas demandas, mas até agora não houve resposta”, argumenta Bethoven. Segundo ele, cerca de 800 músicos serão diretamente prejudicados com a decisão da Prefeitura de cancelar o carnaval oficial da cidade.

Outro artista natalense bastante chateado com a decisão é o sambista Debinha Ramos, conhecido compositor, autor de sambas enredo de algumas escolas de samba de Natal. Sua principal reclamação é do prejuízo cultural para a cidade, que não terá o tradicional desfile das
agremiações na av. Duque de Caxias, Ribeira. Para ele, a tradição de mais de 80 anos está alijada da festa; e a população privada de apreciar a manifestação.

Debinha também reclama do não cancelamento de festas carnavalescas privadas, apenas da pública. “Não concordo com isso de maneira nenhuma. Eu sou raiz, eu sou das Rocas. Mantenho a tradição do bairro de tantos anos de escola de samba, de blocos de carnaval. A gente não vai ter nada porque a polícia vai chegar lá e barrar todo mundo. Agora se você fecha uma rua e põe uma atração, você vai fazer seu evento e não vai acontecer nada. Essa é a verdade!”

Ele comenta que os trabalhadores que tiram uma renda do carnaval não vão ter como conseguir a renda que a festa folia proporciona e compara com os eventos privados. “Esse povo aí vai ganhar dinheiro, já está vendendo abadá… mas minha escola de samba não vai
poder ir pra rua.”

ENTREVISTA – Dácio Galvão, secretário municipal de Cultura

NOVO – Com o cancelamento do carnaval, alguns trabalhadores perderam uma fonte de renda que se planejam durante todo o ano; muitos concorrem a editais para garantir trabalho e renda nessa época. O Município tem pensado em alguma ação compensatória, algum tipo de
auxílio, para os músicos das orquestras de frevo, por exemplo?

O que a gestão municipal tem feito é dialogado com esses artistas, esses produtores, que têm passado de fato o ano inteiro se preparando, mas que também tinham uma perspectiva provável, um horizonte provável, de haver o que está havendo; ou seja, o processo pandêmico
em nenhum momento demonstrou com segurança uma queda no sentido de haver um controle que não gerasse uma perspectiva de um retorno como houve. Então, de certa maneira havia uma expectativa dividida. Se preparou, sim. Mas havia uma possibilidade de não
acontecer. Essa dualidade sempre houve o trânsito livre para se pensar dessa forma. Agora, de todo modo, claro, a gestão tem demonstrado abertura para o diálogo e, nesse ponto crucial da ausência de uma circulação de investimento para o carnaval da cidade, não perdem só os
artistas, mas como o foco está sendo eles, eu diria que um coletivo desses artistas, que vem mediando essas relações, já enviou ofício para o prefeito e para nós da Secretaria de Cultura, onde um dos itens é exatamente a possibilidade de se gerar um determinado auxílio financeiro
pra suprimir essas expectativas negativas. E eu posso lhe adiantar que até agora não tive um despacho com o prefeito Álvaro Dias nesse sentido, e creio que com a sensibilidade, e com a, pode ser – e com a possibilidade econômica também que a Prefeitura ofereça; a gente sabe que o momento também, arrecadação após arrecadação, tem sido crítico. Pode ser que o prefeito sinalize positivamente. Mas disso eu não posso dar nenhuma garantia.

NOVO – Houve alguma reunião com a categoria para estudar medidas nesse sentido?

Sim, nós tivemos uma reunião para as tratativas sobre esse assunto, mas de ordem muito genérica. Evidentemente que a gente vai ter, uma vez sendo isso possível, a gente vai ter que se debruçar e verificar qual é a fórmula de tratar isso. Outras capitais já encetaram por esse
processo desde o momento mais crítico primeiro da pandemia, e agora já sinalizam para esse segundo momento. E pode ser um bom espelho pra gente se inspirar e tentar fazer algo similar. Mas, repito, no momento ainda não há nenhuma definição nesse sentido.

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